Artigo - A dignidade dos honorários da advocacia

24/1/2019
Hélder Gonçalves Dias Rodrigues

"A grande diferença entre preço e valor é que preço todos sabem o que é, enquanto valor é a representação de algo, como o trabalho, para aqueles que necessitam (do trabalho) e, evidentemente, para aquele que o presta (Migalhas 4.526 – 23/1/19 – "Honorários" – clique aqui). Nesse sentido, penso que devemos valorizar os nossos trabalhos, de forma que possam valer o nosso esforço e recompensar aqueles que, valorizando-os, queiram contratá-los. Mas acredito como necessário se ter uma ideia em mente: se nem nós não dermos valor ao nosso trabalho, por que o cliente daria? Se o trabalho não vale para nós, vai valer ao cliente? Não imagino que o nosso trabalho de advogado valha o mínimo. Devemos zelar do valor dos nossos trabalhos. Se zelarmos pelo valor do nosso trabalho, estaremos zelando pelo valor da advocacia. Temos que ter cuidado ao criticarmos o trabalho alheio. Aliás, penso que devemos deixar de criticar o trabalho do outro (do colega advogado), pois ao criticarmos o trabalho do(s) colega(s) advogado(s), criticada estará a advocacia (pela comum 'generalização do termo advogado e advocacia'). Com esse enfraquecimento da figura do advogado, seja ele quem for, com ele (advogado) enfraquece a advocacia. Talvez por isso, devemos respeitar a nossa função de advogado. Devemos respeitar o nosso trabalho de advogado. Devemos fazer com que a sociedade 'volte' a perceber o valor do nosso trabalho, volte a valorizar a nossa função de advogado. Se já podemos nos questionar se devemos aceitar o 'mínimo', me parece pouco crível que 'pactuemos' por aceitar aquém do mínimo. Essas duas hipóteses, a meu ver, não contribuem para a valorização da sua figura profissional de advogado (e, por consequência, nem para o engrandecimento que a sua valorização profissional dá a advocacia). Chega a ser um insulto: É só tirar uma cópia. É só pegar um apontamento. É só ir ao cartório. É só ponderar com o juízo. É só participar de uma audiência inicial. É só tudo o que não engrandece a sua valorização profissional e, com ela, o reconhecimento da advocacia como um todo. Advocacia cada dia mais tratada como 'algo dispensável', 'substituível', 'desnecessária', atividade 'tudo igual', 'sem valor', a não ser pelo preço mecânico do 'robô' (que faz tudo o que quero, sem pensar, sem ponderar, sem 'corrigir', sem melhorar, sem reclamar, sem dar valor, sem precisar de nada além do mínimo necessário 'à sua rodagem')."

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