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PF mobiliza agentes em 14 Estados para desmantelar esquema de venda de diplomas universitários falsos operado pela internet

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Da Redação

sábado, 15 de março de 2008

Atualizado às 15:57


Operação Cola

PF mobiliza agentes em 14 Estados para desmantelar esquema de venda de diplomas universitários falsos operado pela internet

A Polícia Federal desencadeou na manhã do dia 14/3 a Operação "Cola" com a finalidade de desmantelar esquema de venda de diplomas universitários falsos pela Internet.  Foram emitidos 34 mandados de busca e apreensão a serem cumpridos em 14 Estados da Federação, especialmente São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Alvos também no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Mato Grosso, Pernambuco, Maranhão, Acre, Pará e Bahia.

  • Sobre o assunto, leia matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo de hoje, 15/3.

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PF prende jovem acusado de vender diplomas

Segundo investigação, rapaz de 22 anos vendia diplomas universitários por R$ 1,8 mil; agentes procuram compradores em 14 Estados

Entre os beneficiados está uma falsa médica de MG, não achada ontem; direito, engenharia e enfermagem também tinham procura

A Polícia Federal mobilizou ontem agentes em 14 Estados para desmantelar um esquema de venda de diplomas universitários falsos que era todo operado pela internet, segundo o órgão, por um rapaz de 22 anos, a partir de Tangará da Serra (MT), onde ele morava.

Segundo as investigações, que duraram cerca de seis meses, Thiago Francisco Vieira Pereira fazia anúncios em salas de bate-papo e fóruns virtuais, negociava com os interessados por e-mail e remetia os certificados pelos Correios, via sedex. Estudante de um curso técnico de enfermagem, ele fazia os diplomas na impressora de casa, ainda de acordo com a PF.

Um dos artifícios que usava para convencer os clientes da confiabilidade do produto era dizer que eles eram "quentes", ou seja, que tinham sido impressos pelas próprias instituições e repassados a ele por meio de "contatos" que tinha dentro das universidades.

Apenas no período em que foi vigiado, Pereira vendeu pelo menos 34 diplomas, cada um por R$ 1.800, e ganhou R$ 61.200, de acordo com a PF. Ele foi interrogado ontem. Segundo sua advogada, Lidiane Forcelini, Pereira queria entrar no esquema, se preparava para isso, mas nunca chegou a produzir nada.

Foram expedidos 34 mandados de busca e apreensão para vasculhar as casas de pessoas consideradas clientes do rapaz em SP, RJ, MG, PR, RS, SC, MS, ES, MT, PE, MA, AC, PA e BA. Em algumas ações, não foi possível achar os documentos ou as pessoas. A operação foi apelidada de "Cola", alusão à prática de trapacear durante provas.

Os compradores dos diplomas falsos serão investigados pela PF -o enquadramento em algum tipo de crime vai depender do uso que fizeram do documento. A Unip (Universidade Paulista) é a instituição mais constante, devido ao número de campi no interior paulista -região para onde Pereira enviou diversos certificados.

Graças ao esquema, uma mulher que exercia ilegalmente a medicina em Araponga (MG) quase obteve um falso diploma da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) -antes de terminar a transação, Pereira desistiu. Ela não foi encontrada ontem pela PF em MG.

Há também o caso de uma pessoa de São Paulo que usou o documento para participar de um concurso público e o de um técnico florestal de Salete (SC) que comprou um diploma de engenheiro florestal, possivelmente utilizado por ele em seu trabalho atual, nos EUA.

Entre os outros cursos que os compradores diziam ter se formado estão enfermagem, engenharia, fisioterapia e direito. "Boa parte das pessoas queria apenas dar um "upgrade" [aprimoramento] na carreira", disse Adalton Martins, chefe da Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF, em Brasília.

Para Martins, a ação solitária de Pereira é uma evidência de como as novas tecnologias transformaram o crime. "Foi tudo feito no computador pessoal, da difusão [da oferta] à confecção dos diplomas. Acreditamos que ele usava programas de edição de imagens caseiros para criá-los", disse.

A UFMG não se pronunciou sobre o caso da falsa médica, até por não ter sido contatada pela PF ainda. A Unip enviou nota, em que afirma considerar a falsificação de diplomas universitários "um delito da maior gravidade, que constitui ameaça extremamente séria à sociedade". No mesmo texto, a instituição diz que os fatos "devem ser investigados cabalmente e punidos com todo o rigor".

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