Migalhas Quentes

STF: Cármen cassa decisão do TRT e nega vínculo empregatício

Ministra reafirmou a legalidade da terceirização em atividades-fim, respeitando a jurisprudência da Corte.

24/2/2025

A ministra do STF Cármen Lúcia julgou procedente reclamação apresentada por empresa do setor de madeiras, que questionava decisão do TRT da 9ª região que reconheceu vínculo empregatício entre gerente geral e a empresa, considerando-a fraude nas contratações intermediárias. 

286649

A relatora afirmou que tal decisão contrariou a jurisprudência consolidada do STF sobre a terceirização e a configuração de relações de trabalho.

Cármen Lúcia derruba vínculo trabalhista entre empresa e gerente geral.(Imagem: Rosinei Coutinho/SCO/STF)

O caso

A 4ª turma do TRT da 9ª região reconheceu o vínculo empregatício entre o trabalhador e a empresa reclamada, anulando contratos de prestação de serviços intermediários. O Tribunal aplicou o princípio da primazia da realidade, que prevalece sobre contratos que não refletem a verdadeira relação de trabalho, e constatou fraude nas contratações intermediárias. Assim, reconheceu o vínculo, com base nas provas documentais e orais que demonstraram a prestação de serviços de forma pessoal, contínua e subordinada.

A empresa apresentou reclamação no STF, afirmando que a decisão desrespeitou teses estabelecidas pela Corte que tratam da legalidade da terceirização, incluindo atividades-fim, dentro dos parâmetros constitucionais da livre iniciativa e livre concorrência.

Decisão

Ao analisar o caso, a ministra Cármen Lúcia destacou que a decisão do Tribunal Regional contraria jurisprudência consolidada do STF sobre a legalidade da terceirização, especialmente em atividades-fim, dentro dos parâmetros constitucionais da livre iniciativa e concorrência.

A ministra enfatizou que a contratação de serviços terceirizados, mesmo para atividades-fim, é lícita, desde que observados os princípios constitucionais pertinentes, e determinou a revisão da decisão.

“Ao reconhecer o vínculo empregatício entre as partes, a autoridade reclamada teria desrespeitado o decidido por este Supremo Tribunal na ADPF 324, na ADC 48, nas ADins 3.961 e 5.625 e no REs 958.252, Tema 725 repercussão geral.”

Com base em precedentes do STF, a ministra julgou procedente a reclamação, cassando a decisão da 4ª turma do TRT da 9ª região e determinando que outra decisão seja proferida, com a devida apreciação do mérito, em conformidade com o entendimento do STF na ADPF 324.

O escritório Calcini Advogados atua na causa.

Confira aqui a decisão.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

STF reconhece fraude de varejista para ocultar vínculo empregatício

11/11/2024
Migalhas Quentes

STF mantém vínculo de emprego de médico terceirizado

21/8/2024
Migalhas Quentes

Fux afasta vínculo trabalhista entre arquiteta e empresa de construção

6/8/2024
Migalhas Quentes

10x1: Maioria dos ministros do STF anula vínculos de emprego reconhecidos na JT

12/4/2024

Notícias Mais Lidas

TRT da 2ª região inclui esposa de sócio em execução trabalhista

2/12/2025

CNJ lança base de dados de partes envolvidas em ações para uso de juízes

2/12/2025

Moraes diz que Judiciário virou alvo por ser “o mais forte do mundo”

2/12/2025

Comissão do Senado aprova aumento de tributação para bets e fintechs

2/12/2025

Alcolumbre adia sabatina de Jorge Messias e critica omissão do governo

2/12/2025

Artigos Mais Lidos

Edição gênica e agronegócio: Desafios para patenteabilidade

3/12/2025

Abertura de empresas e a assinatura do contador: Blindagem ou burocracia?

3/12/2025

Como tornar o ambiente digital mais seguro para crianças?

3/12/2025

Recuperações judiciais em alta em 2025: Quando o mercado nos lembra que agir cedo é um ato de sabedoria

3/12/2025

Seguros de danos, responsabilidade civil e o papel das cooperativas no Brasil

3/12/2025