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Governo suíço chega à COP26 com boa vontade, mas sob pressão

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Atualizado às 08:18

A Suíça estará com suas maiores autoridades políticas na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), que acontecerá em Glasgow (Reino Unido) de 31 de outubro a 12 de novembro de 2021. O objetivo da conferência é adotar regras robustas para a implementação do Acordo de Paris. Os participantes também discutirão como os países podem intensificar seus esforços para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, de modo que o aquecimento global possa ser limitado a um aumento máximo de 1,5 grau. O financiamento de projetos de proteção do clima em países em desenvolvimento para o período posterior a 2025 é outro tema da agenda.

No aguardado encontro serão discutidos acordos e regras para a efetiva implementação do Acordo do Clima de Paris, adotado em 2015. Um dos pontos centrais da discussão é como os países podem ser creditados pelas reduções de emissões alcançadas por meio de projetos de proteção do clima no exterior. Além disso, as partes pretendem chegar a acordo sobre uma nova meta de financiamento conjunto para apoiar medidas de proteção do clima nos países em desenvolvimento.

A Suíça pretende reforçar seu comprometimento com o financiamento de projetos de proteção climática para países em desenvolvimento, como o Brasil. Nesse ponto, aliás, é que há maior pressão ao Governo Federal, que se vê demandado a ser mais "generoso", já que se trata de um dos países mais ricos do mundo.

"Os 10% mais ricos do mundo são responsáveis ??por mais de 50% das emissões globais. Uma vez que dispõem dos meios para o fazer, os países ricos devem assumir a maior parte da responsabilidade para definir metas de redução ambiciosas e respeitar o Acordo de Paris", escreveram em recente artigo os representantes do Swiss Youth for Climate, uma associação independente criada em 2015 por jovens locais para pressionar o governo por mudanças mais efetivas à luz do Acordo de Paris. 

Para os jovens pelo clima, espera-se "metas ainda mais ambiciosas e uma rápida implementação de políticas climáticas para reduzir as emissões na Suíça e em todo o mundo".

Na semana final do encontro, o principal tema de discussão na COP26 será finanças sustentáveis e o governo suíço também quer mostrar força nessa agenda. Um dos pontos que será levado pelo país é da necessidade de aprimoramento dos dados do mercado financeiro no que tange à aspectos socioambientais dos investimentos. Isso porque, como já tratei em outro texto nesta coluna, a Suíça tem sofrido grande pressão para que fiscalize melhor os bancos e empresas instalados no país que têm sido acusados de greenwashing ao reportar supostos financiamentos verdes que, na verdade, seriam pouco sustentáveis.

No país, os financiamentos que levam em conta critérios de ESG (environmental, social and governance) já são mais de 50% do total, e as autoridades políticas locais almejam que o impressionante volume de capital nesta agenda venha acompanhado de métricas claras de qualidade. E, para que isso aconteça, estarão na COP26 em peso mostrando caminhos.