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Advogado ou palestrante vendedor?

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Atualizado às 08:27

O amigo Orlando Ferreira pergunta:

"Qual a opinião do consultor com referência aos advogados que viraram palestrantes e deixaram de advogar para serem vendedores?"

Orlando, muito interessante esta questão. Acredito que o ângulo de sua pergunta deva ser aqueles advogados milagreiros que vemos toda hora e vou responder neste formato.

Na verdade, esta é uma reflexão que faço constantemente quando vejo nas redes sociais algo como "conquiste 3 clientes por dia sem esforço", "tenha mais de 50 novos clientes em um mês", "revelado o segredo para fechar contratos na casa de 6 dígitos" ou perguntas (sempre com respostas positivas óbvias) "como você se sentiria se tivesse dezenas de prospectivos batendo na sua porta todo dia?", "que tal conquistar sua independência financeira ainda hoje?" ou "não seria interessante realizar seu sonho de vida sem muito esforço?". Todas estas frases e perguntas (e muitas outras desenhadas para chamar a atenção do leitor e atacar seus anseios imediatos) vemos no dia a dia focadas em atrair o interesse de advogados que ainda precisam evoluir na captação de clientes e crescimento financeiro.

Em cima deste cenário, minha reflexão é simples: se estes advogados descobriram o tal do segredo de prospecção imediata sem esforço, porque não estão cuidando dos milhões de clientes que sua metodologia gerou? Por que deixaram de advogar para se tornar vendedores de palestras e cursos milagrosos?

Vamos pensar: eu descobri uma metodologia inovadora que me faz, sem esforço algum, ganhar dezenas de clientes novos todos os meses. Ao invés de consagrar minha advocacia e literalmente ficar rico com a profissão que eu amo, eu prefiro vender palestras e cursos para o mercado? Meio estranho, não concorda? Se a pessoa sabe que uma metodologia é bem sucedida é porque aplicou em sua vida e conseguiu os resultados, certo? Se eu apliquei a metodologia e gerei dezenas de novos clientes, "faturando alto" (como eles dizem), porque abandonei minha advocacia para vender cursos e palestras? A verdade é: só acredita nisso quem quer.

A realidade é que a maioria destes "advogados de sucesso" (aspas extremamente necessárias) só querem ganhar o dinheiro da venda dos cursos. Eles efetivamente nunca implementaram tal metodologia em suas carreiras e, pior, a abandonaram para explorar advogados que tem anseios de monetização imediata (mesmo sabendo que se fosse tão fácil assim todo advogado seria milionário).

Posso ser muito radical nas minhas colocações, mas para mim não existem atalhos ou fórmulas mágicas. O marketing (e os seus resultados prospectivos) só é realizado da maneira correta se os sócios estiverem dispostos a erguer as mangas e se dedicar a isso, com análise devida, soluções integradas, plano estruturado e trabalho duro. O lado triste da coisa é que, por enquanto existirem advogados que procuram por caminhos imaginários, cheios de arco-íris, unicórnios, dinheiro rápido e pouco esforço, ainda existirá campo para picaretas explorarem esses anseios que cegam a dura verdade.

Como não sou o dono da verdade e nem pretendo ser, essa é a minha opinião sobre o assunto, baseada na realidade de escritórios que me procuram depois de anos seguindo milagreiros do marketing sem crescimento ou resultado efetivo.

Espero ter ajudado.

Confira toda sexta-feira a coluna "Marketing Jurídico" e envie suas dúvidas sobre marketing jurídico, gestão de escritórios, cotidiano dos advogados empreendedores ou dúvidas gerais sobre o dia a dia jurídico por e-mail (com o título Coluna Marketing Jurídico) que terei um grande prazer em ajudar.

Bom crescimento!