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Ciência e Simpatia

Não já lhe aconteceu de estando você entre duas ou mais pessoas numa conversa e, de repente, o celular tocar, tocar, e ninguém atender? É que muitas vezes há coincidências de toques e daí alguém não se dar conta de que o telefone que toca é o seu.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Atualizado em 11 de fevereiro de 2011 10:13

Ciência e Simpatia

Edson Vidigal*

Não já lhe aconteceu de estando você entre duas ou mais pessoas numa conversa e, de repente, o celular tocar, tocar, e ninguém atender?

É que muitas vezes há coincidências de toques e daí alguém não se dar conta de que o telefone que toca é o seu.

Um taxista em Fortaleza inoculou no seu celular a voz da sua mulher dizendo três vezes amor atende, na primeira num tom bem carinhoso, na segunda num tom seco e, finalmente, um amor atende num tom estúpido dizendo palavrões. Vi o homem atender rindo.

Por anos o toque do meu celular era um som de ficção científica e como nunca encontrei ninguém com um toque igual tinha garantida a certeza de que se um telefone soasse daquele jeito sem dúvida que era o meu.

Depois com o tempo nem eu mesmo aguentava. Agora, se alguém ouve latido de cão e não há cão por perto sem dúvida que é o meu celular. As pessoas por perto acham graça e eu também, isso ajuda a manter aceso o bom humor.

Fui menino criado solto nas beiras de rio, de riacho, no mato onde ia buscar lenha e apanhar frutas, eu tive um cachorro, tive um jumento, que me ajudaram muito a me escafeder da solidão quando o cansaço do trabalho me tirava a disposição para os livros e a alegria para cantar e sonhar.

Não confio em quem não gosta de criança e de bicho, não necessariamente nesta ordem. Geralmente são pessoas de alma seca, que não se encantam com uma canção nem com um poema, sem tempo para os sonhos e, coitadas, até pensam que sabem, mas não sabem o que é o amor e, por isso mesmo, nem sabem amar.

Por falar em criança e bicho, estou lendo aqui que numa pequena vila do leste da Índia, mais precisamente em Patarpur, Estado de Orissa, um menino de dois anos de idade se casou, ou melhor, casaram-no, com uma cadela, o que por lá é comum, espécie de simpatia para espantar os maus espíritos e a má sorte.

O noivo chamado Sagula Munda foi levado para a casa onde vive Jyotti, a noiva cadela, em um riquixá, o veiculo tradicional no Oriente, decorado. A cerimônia foi celebrada por um religioso, de acordo com as tradições do hinduísmo, com cânticos em sânscrito e um banquete.

O garoto, segundo seu pai, Sanrumula Munda, tem um problema de dentes que se não fosse resolvido a tempo, através do casamento com a cadela, agradando-se assim também a uma divindade tribal, acabaria por contaminar de mau agouro toda a família e sua vizinhança.

No Japão, os cientistas anunciam que a colonoscopia, um exame constrangedor e incômodo para detectar o câncer nos intestinos, já pode ser feito sem necessidade de câmera e de anestesia.

Aquilo tudo agora já se substitui pelo focinho de um cão labrador cujo faro detecta câncer até mesmo onde a colonoscopia com o seu invasivo passeio de câmera se mostra ineficaz.

Calma, amiga, amigo. Sem drama. O examinado não precisa se expor às proximidades do focinho do labrador, não. Tudo se realiza a partir das amostras, amostras das fezes do examinado.

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*Ex-Presidente do STJ e Professor de Direito na UFMA

 

 


 

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