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O que esperar da saúde no Brasil?

A ciência e alguns brasileiros têm mostrado que o Brasil é viável com seriedade e esforço, mas não há talento ou célula-tronco que dê conta da cegueira crônica dos governantes.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Atualizado em 27 de janeiro de 2014 14:10

Começar o ano com várias notícias sobre os avanços da medicina brasileira nos deixa felizes e orgulhosos. O Brasil está na dianteira de pesquisas bastante importantes como as que envolvem células-tronco. Em fevereiro, serão postos em prática estudos para reversão de cegueira em casos de degeneração ocular relacionada à idade. Também estão sendo feitas tentativas para que a paraplegia seja revertida ou minimizada, para que o coração recupere células perdidas em infartos, para entender melhor a esquizofrenia e as doenças mentais, dentre outras.

Médicos e pesquisadores brasileiros se destacam em todo o mundo por inovar em técnicas cirúrgicas e terapêuticas, como a criada há quase 60 anos, pelo dr. Daher Cutait para vencer o câncer de cólon, os transplantes de coração realizados pelo dr. Zerbiniou, o trabalho da equipe do dr. Felipe Coimbra, que consegue reverter dois de cada três casos de metástase hepática - o protocolo acaba de ser apresentado no maior congresso de cirurgia do aparelho digestivo nos Estados Unidos.

Além disso, o neurocientista Miguel Nicolelis, considerado uma das maiores autoridades no mundo científico internacional, vêm trabalhando para que uma perna robótica de um paraplégico seja comandada por estímulos cerebrais e dê o pontapé inicial na abertura da Copa do Mundo.

Junto com as boas notícias, lemos também as más: o número de queixas contra os planos de saúdecresceu31% em 2013 em relação a 2012, segundo a própria ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). A falta de cobertura foi apontada como o principal fator de insatisfação (mais de 70%). Enquanto a Agência reguladora se esquivar de seu comprometimento com a população e não fizer nada para fazer valer o direito do consumidor e o governo não abrir os olhos para o sofrimento dos idosos que são impedidos de entrar nos planos coletivos por adesão ou para o aumento absurdo das mensalidades quando uma pessoa completa 59 anos (medida escusa que os planos adotam para fugir da regra dos 60 anos, prevista no Estatuto do Idoso). Entra ano, sai ano, as operadoras continuam tripudiando e o número de reclamações só aumenta.

Muita gente está empenhada em fazer o Brasil crescer, em tentar encontrar diagnósticos, soluções e cura para algumas doenças, enfim, em respeitar as pessoas e o mundo em que vivem, em dar sentido à vida. Já outros.vivem botando tudo a perder.

De que adianta tanto esforço, anos de pesquisa, trabalho, se a maioria da população não terá acesso às novidades da ciência por má administração da área da saúde e ganância das operadoras? Dificilmente os tratamentos de ponta chegarão aos que contrataram um plano de saúde ou à população que utiliza o SUS. Os serviços, tanto do setor privado quanto do público, cresceram e a qualidade diminuiu drasticamente.

A ciência e alguns brasileiros têm mostrado que o Brasil é viável com seriedade e esforço, mas não há talento ou célula-tronco que dê conta da cegueira crônica dos governantes.

Que tenhamos todos um feliz ano e possamos acreditar num futuro saudável para o nosso país!

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* Renata Vilhena Silva é sócia-fundadora do escritório Vilhena Silva Sociedade de Advogados.

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