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Tapa na cara do brasileiro

De tapa na cara em tapa na cara, o brasileiro vai ouvindo absurdos, tudo comprovado há anos. Mas esses são os homens que comandam o país.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Atualizado às 08:51

Acho que, como todo o brasileiro, cansei de levar tapa na cara. Chega! Já é demais!

Vejamos o que vem acontecendo nesses últimos tempos: - vamos tirar a Dilma porque ela agiu dolosamente com as pedaladas... Está bem, o Congresso afasta a Dilma e todos os brasileiros se ufanam dizendo: "agora vem um governo de Notáveis para consertar o país..."

O ministério de notáveis, logo de início, coloca três ou quatro ministros que estão sendo investigados criminalmente, sendo que o ministro principal era, há pouco tempo, o líder do governo da Dilma no Senado.

Esperem porque há desculpas: - quem é investigado não é ainda réu e pode ser absolvido - ufa!!! Que alívio.

Não passam quinze dias de governo e o ministro do Planejamento, Romero Jucá, é passível de uma gravação na qual afirma textualmente que estava planejando uma forma de evitar a operação "Lava Jato", que tem boas relações no STF com exceção do ministro Teori, que é muito fechado; deixa claro, ainda, que o Aécio teve uma eleição quando presidente da Câmara um tanto quanto irregular, (para não dizer outra coisa) e admite que o plano de tirar a Dilma seria uma forma de amolecer com a operação judicial contra o crime.

Esse sujeito, que não é afastado imediatamente, é exonerado mais tarde para voltar ao Senado, onde continua, com o brilho de sempre, atuando politicamente sobre mais de quatro investigações criminais que responde.

Daí o brasileiro, após o almoço, liga a televisão e ouve que a esposa do ex-presidente Collor, juntamente com uma sua amiga, Luciana, receberam, diretamente de um delator, vinte mil dólares cada uma, depositados tais valores em seus cartões, para passarem alguns dias em Miami.

Vem então a notícia de que o próprio Collor está respondendo a diversas investigações criminais com quatro carros penhorados, e estamos tratando aqui de um ex-presidente e um atuante senador da República.

Então vemos o presidente do Senado, Renan Calheiros, portador do maior número de investigações criminais do que os outros, dizendo sobre as orientações que deve tomar o Congresso Nacional com relação às votações que possam salvar a República. E aparece conversando com o ex-presidente José Sarney, o qual, conforme sites publicados, teria uma fortuna avaliada em quase dez bilhões de reais.

Ao mesmo tempo diz a imprensa que o filho do senador Renan teve a eleição paga por propinas recebidas pelo eminente senador.

Não bastasse tudo isso, o senhor presidente interino nomeia para líder na Câmara dos Deputados um sujeito que responde a quatro inquéritos criminais, amigo íntimo do ex-presidente Eduardo Cunha que, afastado pelo STF, continua comandando a política nesse país.

Finalmente, o ministro da Fazenda vem a público dizer para que nós, do povo, apertemos o cinto porque o governo precisa economizar e preconiza uma redução de direitos na aposentadoria, embora o rombo de propina na previdência seja maior do que o que ela paga aos trabalhadores.

Na esquina, um cortador de grama da mansão de um "bacana" foi preso pela polícia porque teria se apropriado de cinco quilos de açúcar da madame quando voltava para casa, em Valparaíso, de ônibus, percurso que leva mais de duas horas para chegar. A prisão é preventiva mas ele não tem advogado e não deverá ser solto tão cedo.

E assim, de tapa na cara em tapa na cara, o brasileiro vai ouvindo essas loucuras, tudo comprovado HÁ ANOS E ANOS, mas esses são os homens que comandam o país, que dizem que têm amizades e comandam o STF, e a verdade é que a Suprema Corte, em razão do foro privilegiado desses artistas e do volume de processos fantásticos que recebe, não consegue julgar todos os recursos, com os consequentes embargos e mais embargos e mais embargos, e mais embargos, e tudo continua como antes, desde D. João VI.

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*José Alberto Couto Maciel é sócio-fundador da banca Advocacia Maciel.

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