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Um economista, um empresário, um general: Por que não o diálogo?

Por que esses representantes de forças consideráveis de nossa realidade não estabelecem um diálogo objetivo, para colocar o Brasil e seu povo no caminho de um desenvolvimento sustentável, imediatamente?

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Atualizado em 2 de janeiro de 2018 15:04

"Fracassei em tudo o que tentei na vida.

Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.

Tentei salvar os índios, não consegui.

Tentei fazer uma universidade séria. Fracassei.

Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.

Mas os fracassos são minha vitória.

Eu detestaria a estar no lugar de quem me venceu."

Darcy Ribeiro

No íntimo de milhares de brasileiros perguntam-se como e porquê e quem foram os beneficiados das mudanças substantivas já que se realizaram, rapidamente, nas políticas públicas do país, sem que houvesse discussão aprofundada e sem que dela participasse a sociedade civil, já que se sabe que os partidos políticos não encerram a representatividade da soberania popular, e o atual Congresso Nacional, naquilo que seria um resíduo de representatividade, teve a sabujice de sua maioria curvada à entidade mitológica do "divino mercado", atrás do qual se escondem os interesses multinacionais, que se confundem com os interesses financeiros e empresarias de nosso riquíssimo país.

Não se compreende essa entrega à imprevisibilidade governamental, porque está na sociedade, mesmo nas vertentes organizadas, ideia clara de que o Brasil requer planejamento para suas políticas e para seus governos.

Essa ideia de planejamento não é nova, porque foi introduzida, fortemente, no governo Juscelino com seu "Plano de Metas", para realização nos cinco anos de seu governo (1955/1960).

Mas, o descontrole institucional havido com a controvérsia aterradora do impeachment fez o Brasil retroceder décadas, em razão da necessidade de substituir-se a ilegitimidade do voto inexistente pelo curto prazo de sucesso das políticas de ruptura, como se o fato consumado conquistasse a confiança que o governo não tem, e que a sucessão de pesquisas o comprovam.

Luiz Carlos Bresser Pereira alerta para que recuperemos a ideia de nação, cujo esvaziamento progressivo data do início da década de 1990, propondo para isso a elaboração de um plano econômico, suprapartidário.

Outro que advoga publicamente a mesma ideia de planejamento prévio é o empresário Abram Szajman (Folha de São Paulo 18/9/17), com o artigo intitulado Sem planejamento não haverá crescimento.

Nesse mesmo sentido, o comandante do Exército, Eduardo Villas Boas (Folha Digital 29/7/17) declarou "Falta-nos uma identidade e um projeto estratégico de País com letra maiúscula. Por isso, costumo dizer que estamos à deriva".

Ora, se um economista renomado, como Bresser, faz uma proposta acima de qualquer interesse partidário, se um empresário de sucesso, com a experiência de liderança de Abram Szajman, defende a mesma ideia do general, Eduardo Villas Boas, comandante do Exército Nacional, fica a ansiosa interrogação - por que esses representantes de forças consideráveis de nossa realidade não estabelecem um diálogo objetivo, para colocar o Brasil e seu povo no caminho de um desenvolvimento sustentável, imediatamente?

Essa é nossa primeira vontade de realização nesse início de Ano Novo, para que coloquemos o que interessa ao país em primeiro lugar, e sepultar essa ideia de autodefesa a qual se propõe o governo, dentre os estilhaços do sistema político.

Se o general diz que o Brasil está à deriva, o embaixador Rubem Ricupero disse o mesmo, quando afirmou, em 2017, que "ninguém quer tirar fotografia com o Brasil".

Um diálogo, objetivo, produtivo, criativo, engrandecerá a sociedade civil, nosso empresariado e nosso Exército e nossas instituições.

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*Feres Sabino é advogado.

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