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Aprendendo com os escritores

Nós, advogados, temos muito que aprender com os escritores. Nossa missão, já de início, tem algo em comum: relatar fatos com precisão.

quarta-feira, 25 de março de 2020

Atualizado às 13:52

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Nós, advogados, temos muito que aprender com os escritores. Nossa missão, já de início, tem algo em comum: relatar fatos com precisão. É certo que a ficção tem maior liberdade, mas as ferramentas e as técnicas são as mesmas.

Contar uma história consiste basicamente em definir quem fez o que, quando, onde, como e, se possível, porquê. Ora, a narração que fazemos também contém esses elementos, sem os quais uma denúncia ou uma petição inicial são descartadas por inépcia. Quando bem enunciados, esses pontos tornam a leitura agradável, sua compreensão mais fácil e mais atraente.

Sobre a escrita: A arte em memórias, do conhecido escritor Stephen King, é universalmente apontado como o melhor livro que já se escreveu até hoje sobre essa arte. Sem modéstia, King afirma que o livro é curto porque a maioria das obras sobre o tema está cheia de baboseiras.

Muito mais do que num manual, o autor conta sua atribulada história de vida, em que teve de superar a extrema pobreza e o alcoolismo para se tornar um dos maiores best sellers de todos os tempos. Muitas de suas mais de 60 obras, incluindo Carrie, O Iluminado e It, já foram transpostas para o cinema.

Seu primeiro conselho vem já no prefácio: "Omita as palavras desnecessárias". Substantivos e verbos, afirma, fazem frases e dão consistência à linguagem, enquanto os advérbios podem ser inimigos da boa escrita. Parágrafos, ensina, são tão importantes pela aparência como pelo conteúdo. A escrita é um pensamento refinado, ou seja, escreve bem quem pensa bem.

Escrever com simplicidade e evitar clichês ou fórmulas prontas são talvez as primeiras e mais importantes regras da escrita. Nem sempre os bacharéis se lembram disso ao elaborar suas peças. Há alguns clichês que são repetidos sem qualquer necessidade, como por exemplo, os frequentes: "Senão, vejamos" e "Ademais".

Se escrevermos melhor, com mais clareza e simplicidade, ganha a Justiça, sua prática se aprimora. Até os resultados podem ser melhores. Além disso, vale a pena conhecer a sofrida história desse escritor que comeu o pão que o diabo amassou antes de se transformar num grande sucesso.

Referência: Stephen King. Sobre a escrita: A arte em memórias. Editora Suma de Letras, 2015, 256 páginas. Também em e-book Kindle.

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t*Eduardo Muylaert é advogado criminal e sócio no escritório Muylaert, Livingston e Kok Advogados.

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