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Vítimas da revolução econômica

Uma surpresa aguarda nossos executivos, na faixa dos 46 aos 55 anos: Pela primeira vez, desde a geração da 2ª Guerra Mundial, homens nesta faixa etária estão sofrendo grandes reduções salariais. Os culpados? Todos nós sabemos. São eles: a globalização, as rápidas transformações nas relações trabalhistas e o mercado de trabalho cada vez mais competitivo.

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Atualizado em 9 de novembro de 2006 15:16

 

Vítimas da revolução econômica

 

Sylvia Romano *

 

Uma surpresa aguarda nossos executivos, na faixa dos 46 aos 55 anos:

 

Pela primeira vez, desde a geração da 2ª Guerra Mundial, homens nesta faixa etária estão sofrendo grandes reduções salariais.

 

Os culpados? Todos nós sabemos. São eles: a globalização, as rápidas transformações nas relações trabalhistas e o mercado de trabalho cada vez mais competitivo.

 

O fenômeno que vem afetando basicamente 2 milhões de norte-americanos e vem desafiando todo o mundo é apontado por Gail Sheehy em seu livro "Novas Passagens", pág. 269, Editora Rocco, demonstra que todos esses profissionais têm nível superior, pertencem ao setor mais jovem da Geração Silenciosa e concluíram a faculdade na década de 60, tendo conseguido emprego em grandes companhias, confiantes nas promoções regulares, bem como no aumento de remuneração até que estivessem bem entrados na meia idade.

 

Hoje em dia, os homens na faixa dos 50 anos estão numa posição precária. São alvos fáceis em uma era de redução. Em questão de meses, a administração cinqüentona de uma companhia é reestruturada e torna-se quarentona.

 

E o que fazem esses homens, que foram tornados obsoletos precocemente? São jovens demais para se aposentar de vez, mas, em geral, velhos demais para trabalhar numa companhia reestruturada, agressiva, em crescimento.

 

Acostumados a ser bons cidadãos, a não lutar contra a correnteza, a escolher sua mulher e a construir sua vida com base em valores externos e materiais, tais executivos não possuem recursos interiores para lutar contra esse golpe que corta em dois o nó górdio que os une à empresa.

 

E as variantes dessa aflição são muitas:

 

Quem sou eu? Quem é a empresa? Perguntam-se os executivos. Amalgamados e enraizados, é difícil para eles responder a essas questões.

 

O impacto psicológico de tamanha reversão de expectativas é tão desnorteante que chega a parecer um nocaute.

 

A melhor maneira de encarar esses transtornos é entender que se foi apanhado por uma reviravolta histórica.

 

No dizer de Ellen Mac Grath, autora do livro "When Feeling Bad is Good": "Os Homens com mais de 45 anos estão se transformando na nova população de risco por problemas graves de ansiedade e depressão".

 

Os especialistas dizem que os homens mais propensos a ser afetados são os que mais estão acostumados ao sucesso.

 

Agora, depois dos 45 descobrem que estão desempregados, subempregados e em casamentos de longas datas que se tornaram vazios.

 

Estes homens vão ter de mudar para se adequar principalmente ao fato de que todos estamos vivendo mais tempo e com melhor qualidade física e mental, porém com menos recursos com os quais possamos contar.

 

Essa é uma passagem que nossa sociedade ainda não reconheceu e, pior, a maioria das pessoas nem sabe que ela existe.

 

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*Advogada do escritório Sylvia Romano Consultores Associados



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