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A redução da taxa Selic e as operações de "Carry Trade"

A relação entre a taxa básica de juros e as operações financeiras de "Carry Trade".

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Atualizado às 16:46

 (Imagem: Arte Migalhas)

(Imagem: Arte Migalhas)

Em um mundo globalizado, evidentemente, o capital também é globalizado. Assim, as operações financeiras de investidores que migram o capital de um país para o outro tornam-se natural.

As operações de "carry trade" ocorrem quando o investidor contrai empréstimos em uma nação, a juros baixos, e investe em outras economias a juros maiores. O lucro é obtido, justamente, da diferença apurada. Outra forma possível é realizar uma operação com posição vendida em moeda com taxa de juros mais baixa e outra comprada em moeda com juro mais alto. Além da diferença entre os juros, o investidor também lucra com a variação cambial implícita.

Quando maior a diferença de juros, consequentemente, mais rentável será o investimento.

No Brasil, os sucessivos cortes na taxa básica de juros (SELIC), promovidas pelo COPOM (Conselho de Política Monetária do Banco Central do Brasil), tornaram esta operação menos atrativa.

Outro fator a ser considerado é o enfraquecimento do real frente ao dólar, levando o Banco Central e promover leilões de dólares - à vista e futuro - na tentativa de frear o aumento na cotação do dólar.

O "carry trade" é uma operação de alto risco, em que pequenas oscilações desmotivam os investidores. Devem ser consideradas as diferenças cambiais e eventuais taxações tributárias, para a cobertura do risco.

Evidentemente que os fatores políticos também pesam na decisão do investidor. Todavia, aqui estão considerados apenas os fatores técnicos desta operação financeira.

No Brasil, o Banco Central vem reduzindo a Taxa Básica de Juros (SELIC) ao menor patamar histórico, chegando a 2,0% a.a. em 2020, ao passo que iniciou o ano de 2000 a 19% a.a., com pico de 26,5% a.a. em 2003.

Este movimento recente, de contínuas reduções, deixou de atrair o capital estrangeiro, pressionando o câmbio com a elevação do dólar frente ao real. Mesmo com a inflação dentro das projeções, a saída de capital mostra que o crescimento econômico ainda necessita de impulso.

O que se observa, portanto, é a contínua redução do capital estrangeiro, por meios das operações de "carry trade", diante da redução da taxa SELIC, por ser menos atrativa.

 

José Augusto da Costa Lima

José Augusto da Costa Lima

Advogado especialista em Direito Público, Direitos Difusos e Novos Direitos. Trader e operador do mercado financeiro.

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