MIGALHAS DE PESO

  1. Home >
  2. De Peso >
  3. Migalhas de peso >
  4. O apagão do INSS em meio à crise e a desacertada reforma da previdência

O apagão do INSS em meio à crise e a desacertada reforma da previdência

Deveria e caberia ao INSS uma atuação efetiva, eficaz e célere no momento presente de grandiosa crise social, com sequelas econômicas, políticas, jurídicas e sanitárias, esperando que sua atividade-fim a esta altura estivesse a todo vapor.

terça-feira, 6 de abril de 2021

Atualizado às 17:00

Em uma triste jornada social de péssimas notícias e indesejados acontecimentos agravados pelos avanços da covid-19, a numerosa classe trabalhadora se vê refém ainda da ineficiência do INSS em um momento de extremas necessidades.

A pandemia que se alastrou no mundo atinge o Brasil em cheio, levando à óbito vários brasileiros de todas as faixas etárias inclusive, cuja crise sanitária que chegou e se instaurou está longe de acabar, apesar dos esforços de muitos.

Neste ambiente, a sofrida classe trabalhadora, seus dependentes e os beneficiários do sistema previdenciário nacional ainda convivem com uma outra crise, a previdenciária, promovida pelo INSS, importante autarquia federal responsável pela gestão do pacote de prestações e que, em linhas gerais, visa o bem-estar de todos.

Deveria e caberia ao INSS uma atuação efetiva, eficaz e célere no momento presente de grandiosa crise social, com sequelas econômicas, políticas, jurídicas e sanitárias, esperando que sua atividade-fim a esta altura estivesse a todo vapor, concretizando os desejos realizados na legislação federal de sua criação, além da própria essência de seu pacote protetivo encontrado no artigo 18 da Lei Federal 8.213/91.

Em sentido oposto, o que se vê é o retrocesso, uma atuação distante, omissa e ineficiente em diversos sentidos, com filas e filas, agências fechadas, inoperância do sistema, quadro deficitário de servidores, rigidez normativa e outros aspectos que bem colocam essa autarquia distante do povo ou, por quê não dizer, representante de obstáculos de seus sujeitos envolvidos em momentos de grandes adversidades e volumosas necessidades.

Agindo assim, continua sendo o campeão da Justiça, ocupando há muito e com destaque o ranking de grande réu do Poder Judiciário, uma amostra clara de que tem atuado na contramão dos ideais constitucionais e sociais que justificam sua própria existência. 

Também, tem fomentado uma excessiva judicialização previdenciária, avolumando em demasia o congestionado Poder Judiciário, cujos efeitos retornam de forma inversa e prejudicial ao próprio convívio social.

Como se não bastasse, a sociedade ainda se viu envolvida com as recentes novidades da denominada "Reforma da Previdência", um conjunto de confusas e restritivas novas regras que impactaram sobremaneira tudo e todos, relativizando direitos, extinguindo alguns, prolongando outros, enfim, um novo sistema perverso e cruel notadamente aos mais necessitados, aliás, habituados aos baixos salários. 

E os problemas não são somente esses, tendo em vista que o novo pacto previdenciário trouxe cinco regras duras para a transição, com pedágios, idades mínimas e outros itens que mais são barreiras do que metas de acesso a um plano de bem-estar idealizado no horizonte de 1988.

Logo, novidades desacertadas e que mais excluem, distanciam, do que acobertam.

Reforma esta que rapidamente foi votada, aprovada, publicada e iniciada de maneira contumaz, com atropelos e na surpresa, atingindo em cheio àqueles que se viam em proximidades de aposentação.

E este cenário veio com pequenas e midiáticas justificativas visivelmente políticas, como se as contas fiscais fossem equilibradas em um curto espaço, além de trazer justiça social e equilíbrio da sociedade brasileira.

Essas as promessas, de uma fundante política estatal que deveria englobar, abrigar, assegurar e efetivamente proteger, e não refletir um divórcio com os sonhos tracejados, alimentados pelo apagão da autarquia e as desajustadas regras reformadores que até agora não demonstrou a que veio.

Sérgio Henrique Salvador

VIP Sérgio Henrique Salvador

Mestre em Direito (FDSM). Pós-graduado pela EPD/SP e PUC/SP. Professor universitário (graduação, pós-graduação, cursinhos preparatórios e de extensão jurídica). Escritor com mais de 10 livros publicados por diversas editoras. Conselheiro da OAB/MG (23ª Subseção). Advogado em Minas Gerais. Membro da Rede Internacional de Excelência Jurídica. Integrante do comitê técnico da Revista SÍNTESE de Direito Previdenciário. Integrou a comitiva de professores brasileiros no I Congresso Internacional de Seguridade Social da Faculdade de Direito de HARVARD nos Estados Unidos em agosto de 2019.

AUTORES MIGALHAS

Busque pelo nome ou parte do nome do autor para encontrar publicações no Portal Migalhas.

Busca