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O que La Casa de Papel nos ensina sobre cibercrimes

Leitura segura, não contém vírus, mas pode conter spoiler.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Atualizado em 20 de outubro de 2021 09:44

 (Imagem: Arte Migalhas)

(Imagem: Arte Migalhas)

No mês de setembro estreou a temporada final de um dos maiores fenômenos da Netflix, a série La Casa de Papel, com alcance massivo em grande parte do mundo e especialmente aqui no Brasil. Tão popular quanto a série, estão sendo os ataques virtuais, 1 a cada 11 minutos.

Quem acompanha a série consegue lembrar dos momentos de invasões, sequestro, força bruta, roubo e extorsão dentro do contexto da trama, desde a primeira temporada que se passa na Casa da Moeda da Espanha. Quem não acompanha, certamente já viu imagens dos macacões vermelhos com as emblemáticas máscaras de Salvador Dalí.

Sem adentrar sobre a qualidade do enredo da série, a jornada ali evidenciada expõe de forma bastante visual a atuação que se desenvolve no ciberespaço, ambiente tecnológico, informático e virtual, onde acontecem crimes com ações ocultas, os quais pelas semelhanças no modo de agir  mantiveram  expressões  penais originais como: ransomware (sequestro), invasão, força bruta.

A dinâmica da série nos remete à ações concretas de pessoas identificadas em ambientes delimitados. As imagens dos reféns todos sentados no chão, privados de direitos fundamentais demonstram a impotência das vítimas ante aos ataques e a situação de submissão ao contexto de extorsão e perigo.

Não sem razão, La Casa de Papel transcorre dentro da emblemática Casa da Moeda, com gigantescos cofres, sistemas de segurança e montanhas de "dinheiro vivo". 

A criatividade do "Professor", mentor dos criminosos  na série, para planejar o meticuloso e grande golpe, revela a ousadia e a transgressão que constantemente movimenta o ciberespaço em busca de "dinheiro digital".

Ao inverso da série, não são necessárias máscaras para esconder as faces por detrás dos golpes, mas é possível identificar requinte, organização, estudo, estruturação e, especialmente, precisão de gestos. 

A frieza dos atos de violência digital, em comparação ao cenário sanguinolento de lutas, tiroteio e mortes da série, advém da inexistência de contato direto e da pressão exercida pela empunhadura de armas de fogo. No ambiente virtual, força bruta é apenas o esforço que os invasores fazem para "quebrar" estruturas de segurança e invadir.

Discordo que a web seja um mundo paralelo, é um mundo sobreposto ao nosso mundo natural, pois envolve a grande maioria dos seres humanos. Mesmo aqueles que não são "adeptos de tecnologia" cedem por necessidade e, mesmo que assim não o fosse, ao saírem de suas casas seriam capturados por uma  detalhada imagem de satélite enviada ao ciberespaço e disponibilizada a quem quiser, via aplicativo.

Voltando aos reféns da Casa da Moeda, estes não imaginariam ser foco de uma ação criminosa pelo simples fato de estarem lá, assim como nós não nos reconhecemos como alvos e relaxamos nas cautelas de segurança da informação. 

Por falar em relaxar, lembremos que na terceira temporada da série, o refúgio  paradisíaco do casal Rio e Tóquio foi descoberto quando Rio descuidou das orientações do Professor e utilizou do celular. Falha de criminoso experiente, porém apaixonado.

Tókio Denver, Nairobi, Rio, Marselha, Bogotá, Palermo, Estocolmo, Oslo, Berlim, Moscou, Helsinki, Lisboa, são os codinomes do grupo de assaltantes de La Casa de Papel, mas também a lembrança de que, assim como eles, os riscos cibernéticos estão em todos os continentes e que a cada episódio de 45 minutos da aclamada série acontecem 4 invasões no Brasil.

Roberta Menezes Coelho de Souza

Roberta Menezes Coelho de Souza

Sócia gestora do escritório Coelho de Souza. É líder em Análise de Dados e I.A pela Universidade de Chicago e em Inovação pelo MIT e Mestranda pela Universidade de Lisboa.

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