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Estudante de medicina desvia quase 1 milhão da comissão de formatura

A suposição de cometimento de lavagem de dinheiro surge pelas sucessivas apostas realizadas em casas lotéricas com o dinheiro da comissão de formatura, que pode ter ocorrido como uma maneira de mascarar a origem do dinheiro, caso ela ganhasse algum prêmio.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Atualizado às 08:53

O caso da aluna de medicina da USP vem chamando muita atenção nas últimas semanas. Acusada de desviar quase um milhão dos cofres da comissão de formatura de sua turma, Alicia Muller confessou o ato. Mas por quais crimes ela poderá responder? Para saber mais sobre o caso, siga conosco até o final!

O CASO

Alicia Dudy Muller, de 25 anos, estudante de medicina da Universidade de São Paulo, foi denunciada por seus colegas após enviar mensagem pelo aplicativa Whatsapp na qual a jovem afirma ter retirado o dinheiro da poupança da comissão organizadora para aplicá-lo, na intenção de fazê-lo render mais.

Na mensagem, Alicia afirma ter sofrido golpe da investidora e que parte do valor desviado foi usado para pagar advogados na tentativa de reverter a suposta fraude em que foi vítima.

Segundo boletim de ocorrência, a estudante solicitou à empresa responsável pela organização da festa, ÁS Formaturas, a transferência do dinheiro que a comissão tinha em caixa, o que foi feito.

Em depoimento prestado no dia 19 de janeiro, Alicia disse que o dinheiro da comissão não era bem empregado pela ÁS Formaturas, e que, por isso, ela teria retirado o valor investido pelos alunos, porém, ao ver que o dinheiro não estava rendendo, a estudante disse ter se desesperado e começado a fazer apostas nas casas lotéricas.

Outra parte do dinheiro foi utilizado para custear gastos pessoais como aluguel de apartamento e carro.

POR QUAIS CRIMES ALICIA PODERÁ RESPONDER?

Segundo a legislação brasileira, Alicia Muller poderá responder pelos crimes de apropriação indébita, estelionato e lavagem de dinheiro.

A apropriação indébita, prevista no art. 168 do Código Penal, ocorre quando a pessoa se apropria de bem do qual tem posse ou detenção e que seja de outra pessoa, então, no caso analisado, este crime teria ocorrido, pois a jovem usou o dinheiro da turma, que estava sob sua guarda, já que era presidente da comissão, para usar em seu benefício (alugueis de carro e apartamento).

Geralmente, para conseguir retirar um montante de dinheiro de contas de comissão de formatura, é preciso seguir um tanto de formalidades, por isso, é possível que a estudante tenha se utilizado de meio ardil ou fraudulento para ter conseguido fazer as retiradas, o que caracteriza o crime de estelionato.

Por fim, a suposição de cometimento de lavagem de dinheiro surge pelas sucessivas apostas realizadas em casas lotéricas com o dinheiro da comissão de formatura, que pode ter ocorrido como uma maneira de mascarar a origem do dinheiro, caso ela ganhasse algum prêmio.

CONCLUSÃO

O caso segue em investigação, existindo diligências a serem cumpridas antes de se imputar, de fato, algum crime à jovem. Fizemos uma análise com base nos documentos e depoimentos existentes até o momento, mas seguiremos atentos para saber qual será o desfecho.

D. Ribeiro

D. Ribeiro

Advogado criminalista militante, pós-graduado em direito administrativo e constitucional; pós-graduado em direito penal e processo penal, MBA em Gestão empresarial - FGV - SP.

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