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Legal design e visual law nos seguros: foco no usuário

Marcos Lopes

Foco em design e na experiência do usuário são etapas cruciais para criar documentos jurídicos mais claros e eficientes.

sábado, 14 de outubro de 2023

Atualizado em 13 de outubro de 2023 10:32

O mundo jurídico, especialmente na área de seguros, é reconhecido pela resistência à inovação. Esse estigma vem sendo desafiado por movimentos que buscam adaptar sua linguagem e estrutura à realidade contemporânea. Entre eles, destacam-se o Legal design e o Visual Law. Essas duas ferramentas propõem uma revolução na maneira como os documentos jurídicos são elaborados, focando na clareza e na experiência do usuário.

O Legal Design combina forma, direito e tecnologia visando aprimorara interação e o modo comointerpretamosos documentos legais. Busca simplificar e tornar mais clara a linguagem jurídica, especialmente em contratos, para que todos, desde consumidores até profissionais do direito, possam compreender facilmente as cláusulas previstas.

O Visual Law é um subconjunto do Legal Design, enão se trata apenas de usar imagens ou gráficos, mas também de como o texto é apresentado. Sua aplicação torna a informação visualmente acessível e fácil de compreender.

As seguradoras têm o dever de informar aos consumidores as nuances de cada produto comercializado. Isso significa que termos, condições, prêmios, coberturas, exclusões e outras informações relevantes devem ser apresentados de forma compreensível.

Acontece queos contratos de seguro são redigidos com uma linguagem muito técnica. Isso pode ser confuso para o consumidor, podendo resultar em mal-entendidos e processos judiciais. Não é raro um produto que não atende a determinado mercado ser comercializado e, quando se apresenta a necessidade de pagar um sinistro relacionado a ele, aparece um problemaou até mesmo uma demanda judicial.

A inclusão de elementos visuais em documentos jurídicos pode facilitar a compreensão e aumentar o engajamento do leitor. O desafio reside em aplicar tais técnicas de maneira estratégica, garantindo que o visual complemente, e não substitua,o texto.

Uma simples movimentação da área de assinatura de um contrato para o início do documento, por exemplo pode influenciar o grau de comprometimento das partes envolvidas.

A implementação dessas técnicas não visa apenas à estética, mas, principalmente,evitar interpretações equivocadas.

Ainda assim, a incorporação do Legal Design e do Visual Law no campo dos seguros enfrenta resistências. Órgãos reguladores, como a Superintendência de Seguros Privados (Susep), possuem trâmites burocráticos que desafiam a rápida implementação de inovações nos contratos.  Sem falar na resistência cultural já enraizada nesse mercado, onde os contratos são redigidos da mesma forma há séculos.

A evolução tecnológica, como os emergentes smartcontracts(contratos digitais e executados através de um software), reforça a necessidade de uma abordagem focada no usuário e na clareza. Tais contratos, que operam por algoritmos e são autoexecutáveis, exigem um design preciso, evitando falhas na execução e garantindo a satisfação das partes envolvidas. Espera-se que sejam amplamente utilizados no mercado securitário.

O campo jurídico está à beira de uma revolução. O foco em design e na experiência do usuário, bem como a incorporação de novas tecnologias, são etapas cruciais para criar documentos jurídicos mais claros, eficientes e alinhados com as necessidades da sociedade. As empresas e profissionais jurídicos que abraçarem essas inovaçõesnão apenas atenderão melhor às demandas de seus clientes, mas também se posicionarão de maneira destacada no mercado.

Marcos Lopes

Marcos Lopes

Advogado, sócio no Rücker Curi Advocacia e Consultoria Jurídica.

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