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O que motiva uma empresa familiar a implementar melhores práticas de governança corporativa?

Com padrões avançados de governança corporativa empresa familiar diminui os riscos e fortalece a capacidade de captação de recursos financeiros a melhores custos, para financiamento de sua empresa a longo prazo.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Atualizado às 14:54

Eu poderia dizer que o motivo é a criação de um protocolo familiar e, objetivo final, a perenidade nos negócios. Mas, vai muito além das questões familiares. Protege os investidores. Dá visibilidade à empresa. Atrai a confiança dos stakeholders. E, ainda, aumenta seu valor de mercado e de competitividade.

O conceito de governança corporativa no Brasil é da década de 90. Surgiu parecendo ter como objetivo apenas as grandes empresas, e as de capital aberto. Mas, não é bem assim! E o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa -IBGC, tem trabalhado muito para trazer à público os estudos e avanços sobre o tema. Em especial sobre a busca destas práticas para alcançar o êxito e a continuidade nos negócios das empresas familiares.

Chamamos de governança corporativa "o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselhos de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e demais partes interessadas".1

Suas boas práticas trazem, principalmente, recomendações objetivas, que tem como finalidade preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização.

Mas, por que sua empresa deveria se propor a implementar essas práticas?

Substituir o sistema intuitivo por uma gestão profissionalizada, que tenha como foco a empresa e o mercado em que ela está inserida é indispensável para quem tem como objetivo a perpetuação da empresa. O objetivo primordial da empresa não é o capital, é a geração de empregos, tributos e riquezas. Sua contribuição é social para o desenvolvimento econômico, cultural e social da comunidade em que ela atua.

O Direito Empresarial vem se preocupando com a forma de organização dessas sociedades, dada a sua importância em nosso cenário mercadológico. São empresas que, por fragilidade de gestão, ou ausência de profissionalização, acabam sofrendo com estagnação ou extinção precoce, quando comparadas aos demais tipos societários.

Enquanto isso, os empresários fundadores, que são motivados por realização profissional e exercício de poder, querem se manter forte na gestão e tendem a ser relutantes à profissionalização e à sucessão. Mas, é preciso entender que, mesmo o empreendedor "self-made-man" pode ter ainda mais sucesso ao utilizar das práticas de governança e ao implementar processos de "benchmarking".

Primeiramente por que é inegável a interdependência desta empresa com toda a realidade econômica, social e ambiental do local onde ela está inserida. As boas práticas colaboram na recuperação de confiança dos investidores, assim como para a redução das restrições de financiamento. Melhora organização das relações entre acionistas/sócios, cria um ambiente meritocrático, que aumenta a retenção de talentos e a profissionalização da empresa.

Mas, uma das claras funções da governança corporativa é viabilizar a captação de recursos financeiros de que as empresas necessitam para capital de giro, inovação, novos projetos, expansão, modernização ou até marketing. Com o processo adequado de governança, os gestores terão melhores alternativas de captação entre equity, debt, debentures, lançamento de ações (IPO), fundos de investimento, ou até mesmo o financiamento bancário.

O que muda? A relação de risco para a concedente do crédito.

As operadoras bancárias, certamente, oferecerão vantagens, dado o grau de maturidade da organização. Um número considerável de empresas (de pequeno, médio e grande porte) mesmo não pretendendo fazer captação por meio de IPO ou Debentures, poder realizar operações de financiamento a longo prazo e serem beneficiadas com o trabalho de governança.

Então, e para responder à pergunta sobre o que motiva uma empresa familiar a implementar padrões avançados de governança corporativa, podemos apresentar inúmeras justificativas. Mas, com toda certeza essa gestão diminui os riscos e fortalece a capacidade de captação de recursos financeiros, trazendo melhores custos para financiar o crescimento de sua empresa a longo prazo.

E, para o Brasil, empresas mais transparentes, integras, responsáveis, sustentáveis, fortalecidas em sua capacidade de captação de recursos, nos trazem aumento de investimento em ciências, tecnologia, inovação, qualidade, com maior integração competitiva da economia nacional à mundial.

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Acesso em 19.10.23. Disponível em: www.ibgc.org.br/conhecimento

Lucinete Cardoso

VIP Lucinete Cardoso

Mestre em Direito. Prof. Universitária. Advogada com experiência em assessoria empresarial, Contratos, personificação jurídica, estrutura societária, governança, mercado de capitais, novas tecnologias

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