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Dívida ativa com o governo: Como evitar que seu negócio entre em colapso financeiro

Dívida ativa, débitos com o governo, impacta tanto o governo quanto os contribuintes. Essa situação legal pode levar a ações judiciais e medidas coercitivas, afetando a sustentabilidade financeira das empresas.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Atualizado às 16:29

A dívida ativa representa uma das facetas mais críticas da gestão fiscal tanto para o governo quanto para os contribuintes, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. No âmbito empresarial, compreender a natureza e as implicações da dívida ativa é fundamental para a sustentabilidade financeira e a conformidade legal do negócio.

Juridicamente, a dívida ativa é classificada como o conjunto de débitos que pessoas físicas ou jurídicas possuem com o governo, em qualquer de suas esferas: municipal, estadual ou federal. Esses débitos podem surgir de diversas fontes, incluindo, mas não se limitando a, impostos não pagos, taxas, multas administrativas e contribuições sociais que, por algum motivo, não foram quitadas no prazo estabelecido pela legislação vigente.

A inscrição de um débito na dívida ativa é o último recurso do governo para cobrar o que lhe é devido, após esgotadas todas as tentativas de recebimento por meios administrativos. Esse processo confere ao débito uma nova natureza jurídica, transformando-o em título executivo extrajudicial. Isso significa que o governo pode, então, iniciar ações judiciais específicas para a cobrança forçada desses valores, incluindo a possibilidade de penhora de bens, bloqueio de contas bancárias e restrições ao crédito do devedor.

Para os empresários, a inscrição na dívida ativa não apenas representa um risco direto à liquidez e ao patrimônio da empresa, mas também afeta sua reputação no mercado, podendo comprometer relações comerciais e a obtenção de financiamentos. Portanto, a gestão proativa das obrigações fiscais e a rápida regularização de eventuais débitos inscritos na dívida ativa são essenciais para evitar consequências mais graves para o negócio.

Diferença entre dívida ativa tributária e não tributária

Ambas representam obrigações financeiras pendentes com o governo, mas diferem significativamente quanto à sua origem e às implicações legais para o devedor, neste caso, o empresário.

A dívida ativa tributária refere-se aos débitos originados do não pagamento de tributos, que incluem impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios. Estes são valores que o governo, em suas diversas esferas, cobra para financiar suas atividades, incluindo serviços públicos essenciais como saúde, educação e infraestrutura. A não regularização desses débitos implica não apenas na aplicação de juros e multas, mas também na possibilidade de inscrição do nome do empresário ou da empresa em cadastros de inadimplentes, como o CADIN (Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal), restringindo o acesso a financiamentos e participações em licitações públicas.

Por outro lado, a dívida ativa não tributária engloba todas as outras dívidas para com o Estado que não se enquadram na categoria tributária. Isso inclui multas administrativas (ambientais, de trânsito, regulatórias), indenizações por danos causados ao patrimônio público, aluguéis ou taxas de ocupação de imóveis públicos, entre outros. Embora possa parecer menos severa à primeira vista, a inadimplência de dívidas não tributárias carrega consequências igualmente graves, como a execução de bens para satisfazer o débito.

A gestão proativa dessas obrigações é essencial para evitar a escalada de penalidades e o agravamento da situação fiscal da empresa. O conhecimento preciso sobre cada tipo de dívida permite ao empresário planejar adequadamente o fluxo de caixa, priorizar pagamentos e, quando possível, contestar ou reduzir valores indevidamente atribuídos. Além disso, o entendimento profundo sobre a dívida ativa não é apenas uma questão de conformidade legal; é uma estratégia essencial de gestão de risco e planejamento financeiro. A dívida ativa, seja ela tributária ou não tributária, carrega implicações significativas que podem afetar a operação, a reputação e a viabilidade financeira de um negócio. 

  • Prevenção de surpresas desagradáveis: Conhecer os meandros da dívida ativa permite aos empresários antecipar possíveis complicações financeiras e legais. A inscrição de débitos na dívida ativa é geralmente precedida de notificações e oportunidades de regularização que, se ignoradas, podem levar a sanções mais severas. Um entendimento claro do processo ajuda a evitar que dívidas gerenciáveis se transformem em problemas significativos.
  • Planejamento financeiro e tributário: A gestão eficaz da dívida ativa é um componente crítico do planejamento financeiro e tributário. Empresários informados podem tomar decisões estratégicas sobre quando e como alocar recursos para a quitação de débitos, considerando as consequências de diferentes opções de pagamento ou parcelamento. Isso é particularmente relevante em períodos de fluxo de caixa restrito, onde priorizar pagamentos se torna uma habilidade valiosa.
  • Negociação e regularização: Entender a dívida ativa abre portas para negociações mais efetivas com as autoridades fiscais. Muitos governos oferecem programas de regularização com condições favoráveis, como redução de multas e juros, para incentivar a quitação de débitos. Empresários bem-informados estão em melhor posição para aproveitar essas oportunidades, negociando termos que se alinhem com as capacidades financeiras de suas empresas.
  • Mitigação de riscos legais e financeiros: A inscrição na dívida ativa pode levar a medidas coercitivas por parte do Estado, incluindo a execução de bens e restrições ao crédito. Para empresas, isso pode significar desde a perda de ativos críticos até dificuldades em acessar financiamentos ou participar de licitações públicas. Um entendimento aprofundado da dívida ativa permite aos empresários adotar medidas preventivas, protegendo assim os ativos da empresa e sua capacidade de operar efetivamente no mercado.
  • Responsabilidade corporativa e reputação: Além das implicações financeiras e legais, a gestão responsável da dívida ativa reflete positivamente na reputação corporativa. Empresas que demonstram compromisso com suas obrigações fiscais e financeiras são vistas como mais confiáveis e estáveis, atraindo não apenas investidores e parceiros comerciais, mas também clientes.

Em resumo, a compreensão da dívida ativa é fundamental para qualquer empresário que deseje navegar com sucesso no complexo ambiente de negócios atual. Além de evitar penalidades e complicações legais, uma abordagem proativa e informada à dívida ativa contribui para a saúde financeira a longo prazo do negócio, assegurando sua sustentabilidade e crescimento contínuo.

Gilmara Nagurnhak

VIP Gilmara Nagurnhak

Pós Graduada em Direito Civil e Direito Processual Civil Pós Graduanda em Direito Tributário Uma advogada apaixonada pelo mundo empresarial!

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