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A liderança feminina: Uma questão de reconhecimento, não de capacidade

É hora de superar a discriminação e criar um ambiente onde todas as pessoas possam prosperar, independentemente do gênero. A liderança feminina não é uma questão de capacidade, mas sim de reconhecimento. E esse reconhecimento está muito atrasado.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

Atualizado às 07:41

A trajetória da humanidade é marcada por uma série de desafios e conquistas, e um dos mais significativos é a luta das mulheres por igualdade de direitos e oportunidades. Apesar dos avanços significativos, ainda há um longo caminho a percorrer, especialmente quando se trata do reconhecimento da capacidade de liderança feminina.

Dados do Ministério da economia informam que as mulheres na liderança representam 45% da força de trabalho no Brasil, mas não chegam a 10% dos altos cargos corporativos ou 15% no parlamento.

E dos ditos "cargos de liderança" as mulheres na liderança detêm 42,4% das funções de gerência, 13,9% de diretoria e 27,3% de superintendência.

Ou seja, as mulheres têm demonstrado absoluta capacidade de estar em cargos de liderança, mas o crescimento ainda é mais visível somente em nível gerencial.

A bem da verdade, nota-se que quanto mais alto o cargo, mais as características femininas são vistas como desvantagens, quando na verdade são exatamente essas características que diferenciam e qualificam a posição da mulher em cargos de alta direção e conselhos de administração.

A liderança feminina traz uma perspectiva única e valiosa para a mesa. As mulheres tendem a ser mais colaborativas, empáticas e focadas no longo prazo. Essas características são essenciais para a liderança eficaz e podem complementar as habilidades de liderança masculina.

Vamos voltar no tempo para ilustrar isso. Em 1963, Valentina Tereshkova se tornou a primeira mulher a ir ao espaço. Ela não apenas realizou uma missão espacial solo, mas também provou que as mulheres são tão capazes quanto os homens em ambientes extremamente desafiadores. Em 1979, Margaret Thatcher se tornou a primeira mulher a ser Primeira-Ministra do Reino Unido, sendo a mais longeva na posição em todo o século XX. E em 2007, Indra Nooyi assumiu como CEO da PepsiCo, uma das maiores empresas do mundo.

Esses exemplos mostram que as mulheres são capazes de liderar em diferentes campos, desde ciência e tecnologia até política e negócios. No entanto, apesar dessas conquistas notáveis, as mulheres ainda enfrentam discriminação em todas as etapas da vida.

Durante entrevistas de emprego, por exemplo, as mulheres são frequentemente questionadas sobre filhos, se os têm ou pretendem ter, e quem cuida da casa. Essas questões raramente são feitas aos homens e desviam a atenção das realizações e do currículo da candidata. Isso é uma clara manifestação de discriminação de gênero e precisa ser superado.

No entanto, para que as mulheres alcancem seu pleno potencial como líderes, é necessário que os homens se dispam de pré-conceitos arraigados na sociedade, preconceitos esses muitas vezes encampados até mesmo por mulheres. Isso requer uma mudança de mentalidade e uma disposição para desafiar os estereótipos de gênero.

A luta pela igualdade de gênero é uma luta por justiça social. É uma luta que beneficia a todos, não apenas as mulheres. Quando as mulheres são reconhecidas como líderes, toda a sociedade se beneficia.

Portanto, é hora de reconhecer a capacidade de liderança das mulheres. É hora de superar a discriminação e criar um ambiente onde todas as pessoas possam prosperar, independentemente do gênero. A liderança feminina não é uma questão de capacidade, mas sim de reconhecimento. E esse reconhecimento está muito atrasado.

Ana Paula Caodaglio

VIP Ana Paula Caodaglio

Founder na Caodaglio & Reis Advogados, Master of Laws (LL.M) em Direito Empresarial (CEU-LAW SCHOLLS), Pós Graduanda na FVG - ESG e Sustentabilidade Corporativa

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