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Proteção de ativos intangíveis: O segredo do sucesso empresarial

Marcas e patentes garantem exclusividade e segurança jurídica, protegendo a empresa contra cópias e fortalecendo sua competitividade no mercado.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Atualizado às 14:06

No cenário empresarial, muitas empresas direcionam investimentos para expansão, vendas e inovação, mas negligenciam a proteção de ativos intangíveis, fundamentais para a competitividade e o sucesso a longo prazo. Diferente de bens físicos, como máquinas e imóveis, esses ativos - que incluem propriedade industrial, conhecimento técnico e identidade corporativa - não possuem existência material, mas exercem um impacto decisivo no crescimento do negócio.

Marcas, patentes e desenhos industriais são os principais exemplos de ativos intangíveis que agregam valor à empresa e a destacam no mercado, além dos outros bens estratégicos protegidos e regulados pelo INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial, como programas de computador, topografias de circuitos e contratos de tecnologia. No entanto, sem a devida proteção, esses bens ficam vulneráveis a cópias, disputas jurídicas e consequentemente perda de valor.

Empresas de grande porte e que vêm se destacando pelo crescimento nos últimos anos, reconhecem a importância da gestão desses ativos e investem significativamente na sua proteção legal, não apenas para evitar litígios, mas como uma estratégia essencial de fortalecimento, inovação e garantia de desenvolvimento.

Registrar e proteger esses ativos não é apenas uma formalidade jurídica, mas uma estratégia essencial para a sustentabilidade e crescimento empresarial. Empresas que investem na proteção de suas marcas, patentes e outros direitos de propriedade intelectual e industrial garantem exclusividade no uso de suas criações, impedem a exploração indevida por concorrentes e fortalecem sua identidade no mercado.

Além disso, vale ressaltar que o custo para registrar esses ativos é relativamente baixo quando comparado aos prejuízos que a empresa pode enfrentar caso não proteja esses bens. Sem o devido registro, uma marca, por exemplo, pode ser alvo de cópias, reduzindo o faturamento de uma empresa pela simples confusão do consumidor, resultando em danos à reputação caso o produto ou o serviço prestado não apresente as mesmas qualidades esperadas. Em situações mais graves, a empresa pode até ser forçada a mudar sua marca, ou seja, sua identidade, arcando com altos custos operacionais, jurídicos e de rebranding.

Portanto, assegurar essa proteção desde a fundação do negócio é uma decisão estratégica e econômica, prevenindo riscos futuros e reforçando a posição da empresa no mercado.

1. Marca

Sendo um dos principais diferenciadores de uma empresa, a marca é um dos ativos intangíveis mais valiosos atualmente, pois representa a identidade da empresa, influencia a percepção do consumidor e é essencial para a diferenciação e sucesso no mercado.

Atualmente, o INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial, autarquia Federal responsável pela gestão e validade das marcas registradas no Brasil, enfrenta um crescimento expressivo na demanda por registros. Em 2024, os pedidos de registro de marcas atingiram um recorde histórico, ultrapassando 400 mil solicitações e totalizando 444.037 registros, sendo essas solicitações distribuídas entre as 45 classes disponíveis, que abrangem a totalidade dos segmentos de mercado brasileiro.

Esses dados refletem tendências importantes no campo da propriedade industrial e na proteção de ativos intangíveis no sistema brasileiro. Seguindo um movimento já consolidado em outros países, os brasileiros estão percebendo cada vez mais a importância de registrar e proteger suas marcas, assegurando a exclusividade e o fortalecimento de seus negócios no mercado.

Registrar a marca vai muito além de garantir a proteção legal do negócio da empresa, esse ato estratégico assegura a exclusividade sobre a identidade da marca, evitando o uso indevido por concorrentes e fortalecendo a confiança dos consumidores, conforme já explicado no exemplo anterior. Ao garantir esse direito, a empresa não apenas pode proteger seu nome, logotipo e outros elementos distintivos, mas também estará fortalecendo sua identidade no mercado, aumentando a credibilidade, gerando confiança entre os consumidores, potencializando sua visibilidade e principalmente agregando valor ao negócio.

Isso pois, a marca registrada, na realidade, passa a se tornar um patrimônio imaterial de enorme potencial econômico, que contribui diretamente para a valorização do negócio e sua posição no mercado, além de possibilitar oportunidades de expansão como franquias e licenciamento.

2. Patente

Ao contrário da marca, que representa a identidade e o reconhecimento de uma empresa no mercado, a patente é um ativo industrial voltado para a proteção de invenções e soluções técnicas aplicadas a produtos ou processos. Devido à sua natureza estar diretamente ligada à inovação tecnológica, a patente costuma ser mais facilmente compreendida pelos empresários em termos de valor e necessidade de proteção. A patente, em regras gerais, garante ao titular o direito exclusivo de exploração, impedindo que terceiros fabriquem, utilizem, comercializem ou distribuam a invenção sem a autorização do titular.

Como a proteção recai sobre um bem material ou um processo aplicável a produtos, por exemplo, a segurança jurídica proporcionada pela patente é mais objetiva e direta, facilitando a sua visualização e benefícios que um registro pode oferecer para o detentor da patente.

Registrar uma patente significa garantir à empresa o direito exclusivo de explorar comercialmente uma invenção por um período determinado, protegendo-a contra o uso indevido por terceiros. Esse processo não apenas assegura a exclusividade, mas também representa um reconhecimento legal do investimento feito em inovação, abrangendo recursos financeiros, tecnológicos, pesquisa, desenvolvimento, capital humano e tempo.

Ao obter uma patente, a empresa conquista um "monopólio" temporário sobre o uso e a exploração da invenção, o que lhe permite proteger seus esforços e gerar retorno sobre o investimento realizado. Em outras palavras, pode ser visto como uma espécie de contrato no qual o Estado reconhece e recompensa o inventor, concedendo um título de exclusividade.

Dependendo do tipo de invenção, o tempo de proteção pode variar, mas, em qualquer caso, a patente oferece um valioso mecanismo para garantir vantagem competitiva, inibir concorrentes e maximizar os benefícios econômicos advindos da inovação.

Diferentemente do que tem ocorrido nos últimos anos com as marcas, no ano de 2024, o INPI registrou uma queda no acumulado anual de depósito de patentes, em comparação aos anos anteriores, totalizando 27.701 pedidos no último ano, queda de 0,8% em relação ao ano de 2023. Apesar do tempo prolongado para a concessão e dos desafios burocráticos enfrentados no processo de patenteamento no Brasil, a proteção de uma invenção continua sendo um investimento estratégico para qualquer empresa.

Mesmo em um cenário econômico desfavorável, onde cada investimento deve ser avaliado com cautela, a patente representa um diferencial estratégico que pode gerar valor significativo para a empresa. Além de proteger a inovação contra cópias e concorrência desleal, a patente pode ser explorada de diferentes formas, seja por meio do uso exclusivo da tecnologia, seja pelo licenciamento a terceiros, criando novas fontes de receita.

Apesar de exigir planejamento e tempo, o registro de patentes continua sendo uma das formas mais eficazes de transformar ideias em vantagens competitivas reais, garantindo segurança jurídica e ampliando as oportunidades de crescimento no mercado.

Portanto, além de todos os benefícios mencionados anteriormente sobre o registro de marcas e patentes junto ao INPI, é fundamental destacar o principal motivo para garantir essa proteção: todos esses direitos de exclusividade só são concedidos a quem efetivamente efetua o registro.

A legislação brasileira segue, em regra, o princípio do first to file, ou seja, a prioridade é de quem primeiro solicita o registro. Isso significa que, mesmo que uma empresa desenvolva uma marca ou inovação antes dos concorrentes, se não tomar as medidas necessárias a tempo, poderá perder o direito de exploração exclusiva desse ativo.

Diante disso, proteger seus ativos intangíveis não é apenas uma estratégia, mas uma necessidade, sendo o registro é a única forma legal de garantir que terceiros não se apropriem de criações valiosas, evitando prejuízos e assegurando um diferencial competitivo sustentável para o negócio.

Ricardo Antonow da Costa

Ricardo Antonow da Costa

Advogado. Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Especialização em Direito da Propriedade Industrial (PUCRJ). Mestrando PROFNIT/IFRS.

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