MIGALHAS DE PESO

  1. Home >
  2. De Peso >
  3. Decisão da AGU não encerra debate sobre direito à bula impressa

Decisão da AGU não encerra debate sobre direito à bula impressa

AGU não encerra debate; Movimento Exija Bula defende direito do consumidor à informação impressa

sexta-feira, 14 de março de 2025

Atualizado às 11:00

A decisão judicial mencionada na publicação "AGU garante na Justiça legalidade de resolução da Anvisa sobre bula digital de medicamentos"1 não avalia o mérito da legalidade das bulas digitais dos medicamentos. Apenas reconhece que a via judicial adotada não foi adequada para questionar normas regulatórias em abstrato. Portanto, é incorreto e enganoso afirmar que a Justiça tenha reconhecido a legalidade da substituição das bulas impressas pelas digitais.

A questão central é o direito do consumidor e a segurança jurídica de milhões de brasileiros. Uma pesquisa recente do Instituto Datafolha mostrou que a grande maioria da população prefere a bula impressa, considerando-a mais prática, confiável e acessível. Da mesma forma, a Consulta Pública realizada pela própria Anvisa revelou claramente que há forte oposição da sociedade à proposta exclusiva da bula digital, indicando que a medida não atende ao interesse do consumidor.

Nesse contexto, ganha relevância o Movimento Exija Bula, que tem mobilizado consumidores, especialistas e inúmeros formadores de opinião em defesa da manutenção das bulas impressas. O movimento tem se destacado na mídia com participações em matérias importantes sobre o tema, além de manter presença nas redes sociais, ampliando a conscientização pública e pressionando por maior transparência nas decisões da Anvisa.

A bula impressa não é um detalhe burocrático descartável. Trata-se de um direito básico assegurado pelo Código de Defesa do Consumidor, que exige informações claras e acessíveis para garantir a segurança dos cidadãos, especialmente daqueles sem acesso ou familiaridade com meios digitais.

Evidentemente, a Anvisa pode promover atos regulatórios visando avanços tecnológicos e ambientais, porém jamais pode fazê-lo em prejuízo do consumidor. Caso se confirme que a digitalização compulsória das bulas prejudica a segurança, o direito à informação e a saúde pública - como já se sabe ser verdadeira a afirmação -, haverá questionamentos judiciais legítimos capazes de revogar essa medida.

Diante disso, defendemos a realização urgente de um amplo debate público, transparente e transmitido na televisão, reunindo representantes da Anvisa, especialistas em defesa do consumidor e parlamentares comprometidos com a causa, como o deputado Celso Russomano, por exemplo.

Estamos acompanhando atentamente e preparados para adotar todas as providências jurídicas e institucionais necessárias para assegurar o respeito integral aos direitos e à segurança dos consumidores brasileiros.

_______

1 https://www.gov.br/agu/pt-br/comunicacao/noticias/agu-garante-na-justica-legalidade-de-resolucao-da-anvisa-sobre-bula-digital-de-medicamentos

Alberto Maurício Danon

VIP Alberto Maurício Danon

Jornalista e diretor da ADCom Comunicação Empresarial.

Alexandre Morais

Alexandre Morais

Advogado militante ha mais de 24 anos, pós graduado em Direito Penal e Processo Penal, pena Universidade Gama Filho, Palestrante, Professor, Sócio do Escritório FCSC Advogados.

AUTORES MIGALHAS

Busque pelo nome ou parte do nome do autor para encontrar publicações no Portal Migalhas.

Busca