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Quando a Selic sobe, quem não tem estratégia paga a conta

A elevação da taxa Selic, no Brasil, sempre foi tratada como um tema técnico, reservado a especialistas do mercado financeiro ou economistas.

terça-feira, 22 de abril de 2025

Atualizado às 14:37

Com a experiência de quem há anos atua na defesa jurídica contra abusos bancários, afirmo: a alta da Selic não atinge apenas quem vive de crédito. Ela penaliza, sobretudo, quem não está estrategicamente protegido.

Porque, quando a Selic sobe, o sistema financeiro se defende. O cidadão, não.

A Selic não é o problema. O problema é não compreender o jogo

A taxa Selic - Sistema Especial de Liquidação e Custódia - é a taxa básica de juros da economia brasileira. Sua elevação encarece o crédito, pressiona o consumo, compromete orçamentos e fragiliza operações financeiras.

Financiamentos, parcelamentos no cartão, empréstimos, aquisições imobiliárias - tudo se torna significativamente mais caro. Ao mesmo tempo, investidores com liquidez se beneficiam de uma rentabilidade maior.

É um jogo conhecido: quem tem dinheiro disponível, lucra. Quem precisa de crédito, paga.

A pergunta que precisa ser feita é: em qual posição o cidadão está inserido? E mais importante - qual estratégia ele tem para se proteger?

A prática revela um padrão silencioso (e recorrente)

Vejo um padrão cada vez mais evidente: empresários, profissionais liberais, investidores - todos impactados por juros que corroem patrimônio com eficiência cirúrgica.

Não se trata de erro de gestão. Nem de falta de atenção. Trata-se de estrutura.

Enquanto bancos operam com tecnologia, inteligência jurídica e margens amplas, o cidadão opera sozinho - muitas vezes com desconhecimento sobre os contratos que assina.

Sem estratégia, o resultado é inevitável: o custo invisível dos juros altos destrói valor de forma constante

Algumas verdades que precisam ser ditas com clareza

  • Financiamentos em tempos de Selic elevada devem ser analisados com extremo rigor. Muitas vezes, a melhor decisão é adiar;
  • Parcelar despesas no cartão de crédito, sem cálculo estratégico, pode gerar encargos superiores ao valor original da compra;
  • Renegociar dívidas diretamente com bancos, sem assessoria jurídica, frequentemente resulta em contratos ainda mais caros;
  • Ter uma reserva de emergência não é luxo. É proteção;
  • Investimentos bem direcionados podem transformar um cenário de Selic alta em oportunidade - não em prejuízo.

Esses são movimentos que exigem estratégia jurídica e inteligência financeira. Não há atalhos.

Estratégia e discrição: O caminho de quem protege o que construiu

Em contextos de juros elevados, decisões apressadas custam caro. Já vimos isso se repetir inúmeras vezes: contratos mal elaborados, cláusulas abusivas, encargos excessivos que poderiam ter sido evitados.

Com atuação técnica e criteriosa, é possível revisar contratos bancários, identificar abusos e reestruturar dívidas com inteligência.

Sempre com a discrição e o respeito que a trajetória de cada cliente exige.

Conclusão

A alta da Selic, por si só, não é o problema. O verdadeiro risco está em atravessar esse cenário sem estratégia, sem defesa, sem compreensão da estrutura em jogo.

Porque, no Brasil, quando os juros sobem, só existem duas opções: ou você se defende - ou financia o lucro do sistema.

A decisão, felizmente, ainda está nas suas mãos.

Fernando Rodrigues

Fernando Rodrigues

Advogado especialista em demandas complexas que envolvam instituições financeiras. Especialista em Direito Bancário e Mercado de Capitais. Sócio fundador do Rodrigues Ferreira Advogados.

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