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Como precificar ativos judiciais de baixo valor com inteligência

Apesar de muitas vezes ignorados, os ativos judiciais de menor valor têm ocupado um espaço cada vez mais relevante nas estratégias de diversificação e otimização de investimentos.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Atualizado às 09:44

Apesar de muitas vezes ignorados, os ativos judiciais de menor valor têm ocupado um espaço cada vez mais relevante nas estratégias de diversificação e otimização de investimentos. Quando bem avaliados e precificados, esses créditos podem oferecer retornos consistentes e previsíveis, com riscos controlados e excelente capacidade de composição em operações de maior escala.

A dificuldade, no entanto, começa justamente na análise desses ativos. Por se tratarem de créditos com valores individuais mais baixos, muitas vezes dispersos em diferentes jurisdições e com perfis processuais bem variados, é comum que sua viabilidade econômica seja deixada de lado. Isso cria um mercado pouco explorado, mas com um enorme potencial, especialmente para fundos e plataformas com capacidade operacional e critérios técnicos bem definidos.

Entre os principais desafios estão a segmentação dos dados, a compreensão do estágio processual e, principalmente, a avaliação de uma possibilidade real de recuperação do valor. Por isso, a precificação de ativos judiciais não se resume apenas a aplicar um percentual fixo de desconto sobre o valor do crédito. Pelo contrário, ela também envolve uma análise criteriosa de diversos outros elementos como: o nível da disputa entre as partes, o histórico da parte devedora, o comportamento do tribunal, o tempo médio de tramitação e o tipo de título judicial. E sim, quanto menor o valor do crédito, maior deve ser a assertividade desse processo.

É fundamental também calcular bem os riscos. Como esses ativos costumam ter valores menores, o risco de não receber pode parecer desproporcional ao que se pode lucrar, especialmente quando os custos para manter a operação acabam sendo mais altos do que deveriam. Nesse cenário, uma padronização das etapas e o uso de tecnologia fazem toda a diferença! Ferramentas de automação e análise de dados, como a jurimetria, ajudam - e muito! - a prever com mais precisão o retorno esperado e a entender melhor o andamento dos processos.

Além disso, integrar ativos de menor valor a estratégias de grande escala também exige bastante maturidade na gestão de investimentos. Em um mercado ainda carente de regulação e transparência, é importante ter cautela para garantir que a operação funcione bem no longo prazo. Por outro lado, ser cuidadoso demais pode fazer com que boas oportunidades sejam desperdiçadas. Encontrar esse equilíbrio é o que diferencia players experientes dos que, apesar das boas intenções, não conseguem consolidar suas teses ou acabam devolvendo recursos por falta de estrutura ou visão estratégica.

Nesse cenário, os ativos judiciais de menor valor deixam de ser apenas uma categoria à parte e passam a representar oportunidades valiosas para quem sabe onde procurar. Afinal, quando combinados com análises consistentes, tecnologia aplicada e gestão de risco eficiente, eles podem gerar resultados surpreendentes. Basta um olhar atento para perceber que nestas pequenas causas podem se esconder sim grandes ganhos.

Renata Nilsson

VIP Renata Nilsson

CEO e sócia da PX Ativos Judiciais | Consultora especializada em fundos de investimentos (FIDCs) e plataformas focadas na aquisição de créditos judiciais incluindo trabalhistas, cíveis e precatórios.

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