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Tokenização no agro: Inclusão, eficiência e sustentabilidade no campo

Revoluciona o financiamento rural, reduz custos e promove inclusão, sustentabilidade e eficiência com apoio do Drex e inovação tecnológica.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Atualizado às 14:44

A revolução silenciosa que pode transformar o agro em um hub de inovação global

A tokenização de ativos no Brasil, especialmente no agronegócio, deixou de ser uma promessa futurista para se tornar uma realidade concreta e em plena expansão. Com uma economia fortemente sustentada pelo setor agropecuário, o Brasil desponta como um dos países mais promissores na digitalização de ativos.

Segundo o estudo "Tokenização - Casos e Possibilidades", da ABcripto - Associação Brasileira de Criptoeconomia, o uso de blockchain para conversão de ativos reais em tokens digitais é crescente em mercados como crédito privado, setor imobiliário e, com destaque especial, o agronegócio. Este artigo analisa como a tokenização pode impulsionar a inclusão financeira, aumentar a eficiência e abrir caminhos para a sustentabilidade no campo.

1. O que é tokenização?

Tokenização é o processo de conversão de ativos físicos (como sacas de soja, café, milho ou gado) ou financeiros (como CPRs e CCBs) em representações digitais únicas, registradas em blockchain. Esses tokens podem ser negociados, usados como garantia ou como forma de investimento.

A tecnologia oferece liquidez, rastreabilidade, fracionamento e elimina intermediações onerosas. Com isso, viabiliza-se, por exemplo, que um investidor compre uma fração de 1 kg de café tokenizado, ou que um produtor rural antecipe receitas com base em sua safra futura.

2. Oportunidades para o agronegócio brasileiro

Com cerca de 30% do PIB nacional, o agronegócio é o alicerce da economia brasileira, mas enfrenta limitações estruturais, como o acesso restrito a crédito para pequenos produtores. A tokenização surge como uma alternativa moderna e eficiente para:

  • Democratizar o financiamento: Fracionando ativos, pequenos investidores podem participar de mercados antes exclusivos dos grandes players.
  • Reduzir custos operacionais: Ao eliminar intermediários, como custodiantes e gestores de fundos.
  • Aumentar a eficiência nas transações: Com operações que, via blockchain, são mais ágeis, seguras e transparentes.
  • Estimular a sustentabilidade: Ao facilitar a certificação de boas práticas agrícolas, como produção sem desmatamento e geração de créditos de carbono.

3. Casos práticos e startups em destaque

  • Coffee Coin (Minaçu): Tokenização de 60 mil kg de café. Cada token representa 1 kg de café custodiado pela cooperativa. Pode ser trocado ou negociado em plataformas como a Boxfit.
  • Nagro e Liqi: Tokenização de mais de 90 CCBs, com créditos a partir de R$ 20 mil. Relatam redução de 35% no custo de capital.
  • Agroman: Criou um marketplace para CPRs tokenizadas, promovendo leilões reversos que reduzem o custo de insumos em até 4%.
  • BRX Finance: Combina estruturas tradicionais (como securitizadoras) com smart contracts em blockchain, gerindo recebíveis de forma híbrida (Web 2.5).

4. Desafios e entraves da tokenização no agro

Apesar do potencial transformador, a tokenização ainda enfrenta:

  • Educação e cultura: Produtores rurais têm baixa familiaridade com blockchain. A comunicação deve ser adaptada ao contexto do campo.
  • Regulação em evolução: Embora a CVM e o Banco Central avancem, ainda não há regulamentação específica para ativos tokenizados.
  • Infraestrutura rural limitada: A ausência de conexão digital em várias regiões dificulta a adoção da tecnologia.
  • Interoperabilidade: Diferentes blockchains (Ethereum, Corda, Solana) não conversam entre si, criando ecossistemas isolados.
  • Riscos jurídicos: É essencial garantir a validade legal dos tokens e a existência dos ativos lastro.

5. O papel do Drex e da regulação brasileira

O Drex (moeda digital do Banco Central) promete acelerar a tokenização ao integrar ativos digitais ao sistema financeiro tradicional. Seu potencial de interoperabilidade com smart contracts e a exigência de registros eletrônicos para CPRs e duplicatas trazem maior segurança jurídica.

Projetos como o da Agroman já são "Drex-ready", esperando apenas o lançamento oficial da moeda. O marco legal dos ativos virtuais e as orientações da CVM oferecem um caminho mais sólido para a expansão da tokenização.

6. A força da educação e da inclusão digital

Grandes instituições, como Banco do Brasil e Itaú, reconhecem que o sucesso da tokenização depende da educação financeira e digital.

Exemplos:

A Nagro investe em treinamentos e linguagem acessível para explicar os benefícios da tokenização a produtores.

O Banco do Brasil, com capilaridade nacional, pode ser vetor de disseminação da tokenização em zonas rurais.

7. Impacto econômico e social: Para além do crédito

A tokenização permite:

  • Inclusão financeira real de pequenos e médios produtores.
  • Participação popular em mercados antes fechados.
  • Atendimento às diretrizes ESG, com rastreabilidade, certificação ambiental e geração de créditos de carbono.

8. Conclusão: Um novo ciclo para o agro

O Brasil está bem posicionado para liderar a tokenização no setor agropecuário. A convergência entre tecnologia, regulação e educação pode transformar o campo em um verdadeiro hub de inovação, sustentabilidade e prosperidade.

Superar desafios estruturais será essencial, mas a jornada da tokenização no agro já está em curso e promete um futuro mais justo, eficiente e verde para o campo brasileiro.

Alessandro Junqueira de Souza Peixoto

VIP Alessandro Junqueira de Souza Peixoto

Advogado Especialista em Direito Imobiliário, Família e Sucessões, com 7 anos de experiência jurídica! Graduado pela PUC-GO. Pós-Graduado em Direito Imobiliário, Empresarial e Tributário Empresarial.

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