MIGALHAS DE PESO

  1. Home >
  2. De Peso >
  3. Legal design e visual law: Redesenhando a advocacia

Legal design e visual law: Redesenhando a advocacia

Trata-se de uma mudança de postura que aproxima o advogado de seu cliente, amplia seu poder de comunicação e fortalece sua reputação profissional.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Atualizado em 18 de junho de 2025 14:32

Durante décadas, a advocacia foi marcada pela rigidez da linguagem técnica, pela complexidade dos documentos e pela distância entre operadores do Direito e seus clientes.

Contudo, o cenário jurídico contemporâneo vem sendo transformado por duas abordagens inovadoras que conciliam empatia, design e comunicação eficiente: o legal design e o visual law.

Essas metodologias representam uma verdadeira ruptura com o modelo tradicional de elaboração de peças e documentos jurídicos. Propõem soluções centradas no usuário, seja ele um cliente, juiz ou qualquer outro destinatário, com foco na clareza, na acessibilidade e na experiência.

Em um mundo cada vez mais visual, essas ferramentas se tornaram não apenas diferenciais estratégicos, mas verdadeiras aliadas na efetivação do acesso à justiça.

O legal design consiste na aplicação de princípios do design thinking à prática jurídica, com um objetivo claro: tornar o Direito mais compreensível, funcional e centrado nas necessidades do usuário.

Para isso, o legal design conjuga a expertise jurídica com abordagens visuais, linguagem simplificada e soluções interativas.

Ao serem utilizados recursos, como o uso de fluxogramas, quadros-resumo e ícones, aliados a uma organização lógica da informação, é possível elaborar petições e pareceres que comuniquem com clareza, sem sacrificar a profundidade técnica.

Trata-se, pois, de uma forma de agregar valor 'percebido', criando uma experiência mais humanizada e efetiva para quem se utiliza dos serviços jurídicos.

O visual law, por sua vez, surge como uma vertente do legal design, focando mais especificamente na visualidade da informação.

A utilização dessas ferramentas estratégicas tem por objetivo tornar a advocacia mais clara, acessível e empática.

Nesse contexto, ao utilizar elementos gráficos como infográficos, linhas do tempo, quadros comparativos e destaques tipográficos, o profissional do Direito consegue orientar a atenção do leitor para os aspectos mais relevantes do documento, facilitando a sua compreensão.

Essa técnica não visa substituir o conteúdo jurídico, mas sim traduzi-lo e potencializá-lo.

A ideia é destacar argumentos, ilustrar raciocínios e facilitar a análise de provas, contribuindo para que juízes, partes e clientes possam compreender, de forma mais direta e intuitiva, as teses jurídicas apresentadas.

Superada a resistência inicial, a adoção do legal design e do visual law na advocacia traz benefícios tangíveis, tais como:

  • Memorização mais eficaz, pois imagens e esquemas gráficos facilitam a assimilação do conteúdo;
  • Poder de persuasão, uma vez que apresentações visuais atraem e mantêm a atenção do interlocutor;
  • reforçada, já que a organização visual transmite profissionalismo e clareza;
  • Compreensão do conteúdo e finalidades/objetivos dos documentos, mediante a utilização de símbolos e esquemas que ajudam na leitura por leigos;
  • Mais eficiente com o cliente, eliminando barreiras linguísticas e técnicas;
  • da experiência do usuário, pois o cliente entende o que está contratando e reconhece o valor do serviço prestado; e
  • Para o Judiciário, uma vez que argumentos claros e bem organizados favorecem o convencimento.

O fato é que a introdução paulatina e sistemática da aplicação do legal design e o visual law nos trabalhos jurídicos é, antes de tudo, uma escolha estratégica.

Representa a adoção de uma cultura que valoriza a empatia, a acessibilidade e a inovação como pilares da atuação jurídica.

Trata-se de uma mudança de postura que aproxima o advogado de seu cliente, amplia seu poder de comunicação e fortalece sua reputação profissional. Em tempos de transformação digital e exigência por soluções mais humanas e eficientes, advogar com design é mais do que uma tendência: é uma evolução necessária.

A advocacia do futuro não se escreve apenas com palavras, mas com propósito, clareza e impacto visual. É tempo de transformar o Direito em linguagem acessível e de tornar a justiça, verdadeiramente, para todos.

Marcia Heloisa Pereira da Silva Buccolo

VIP Marcia Heloisa Pereira da Silva Buccolo

Advogada no escritório Edgard Leite Advogados Associados. Especialista em Direito Administrativo pela Universidade de Salamanca, Espanha e em Direito Público pela PUC-SP.

AUTORES MIGALHAS

Busque pelo nome ou parte do nome do autor para encontrar publicações no Portal Migalhas.

Busca