Como funciona a revisão de financiamento imobiliário e quando ela é possível?
Muitos brasileiros sofrem com parcelas impagáveis e contratos injustos. Saiba quando e como a Justiça pode corrigir abusos no seu financiamento imobiliário.
sexta-feira, 27 de junho de 2025
Atualizado às 08:42
Revisão de financiamento imobiliário: Quando vale a pena buscar a Justiça!
A compra da casa própria é um sonho para milhões de brasileiros. E, para grande parte da população, isso só se torna realidade por meio de financiamentos imobiliários de longo prazo - contratos que, em muitos casos, duram 20, 30 ou até 35 anos. Mas e quando o valor das parcelas sobe demais ou o saldo devedor continua aumentando, mesmo após anos de pagamento? É aí que entra a possibilidade da revisão do financiamento imobiliário.
O que é a revisão de financiamento imobiliário?
É um pedido feito na Justiça para revisar cláusulas abusivas ou desproporcionais de um contrato de financiamento. Isso pode incluir:
- Juros muito acima da média;
- Tarifas bancárias indevidas;
- Correção monetária aplicada de forma excessiva;
- A famosa "bola de neve": quando o saldo devedor cresce mesmo após anos pagando.
Por que isso acontece?
Alguns contratos são redigidos de forma padronizada pelos bancos, com termos que nem sempre o consumidor entende. Com o tempo, certas cláusulas se mostram injustas, especialmente quando há aumento da taxa de juros, mudanças econômicas ou cobrança de tarifas não autorizadas.
O que diz a lei?
A legislação brasileira protege o consumidor e permite a revisão contratual em situações como essas. Os principais fundamentos estão no:
- CDC: Garante a possibilidade de revisão de cláusulas em casos de desequilíbrio ou abusividade (art. 6º, V e art. 51);
- CC: Permite rever contratos quando há fatos imprevisíveis que tornam a obrigação excessivamente onerosa (arts. 317 e 478);
- Leis específicas do setor imobiliário, como a lei 4.380/64 e a lei 9.514/97, que tratam do SFH e da alienação fiduciária.
E o que dizem os tribunais?
STJ - Superior Tribunal de Justiça
O STJ entende que contratos bancários podem ser revisados judicialmente. Um exemplo importante é o REsp 1.061.530/SP, que afirma: mesmo contratos de adesão (aqueles "prontos", feitos pelos bancos) podem ser revistos se houver cláusulas abusivas.
Além disso, a jurisprudência do STJ permite discutir pontos como capitalização de juros, comissões embutidas e a transparência na cobrança de tarifas.
STF - Supremo Tribunal Federal
O STF reforça a ideia de que os contratos devem respeitar a função social e a dignidade do consumidor. Isso significa que o Judiciário pode sim intervir para evitar abusos e proteger o cidadão comum.
Quais são os sinais de que meu financiamento pode ser revisto?
Você deve considerar procurar um advogado especializado se:
- A parcela do seu financiamento aumentou muito;
- Você já pagou mais da metade do contrato e o saldo devedor pouco mudou;
- Está sendo cobrado por tarifas que não reconhece;
- Tem dúvidas sobre os juros aplicados.
Preciso parar de pagar para entrar com a ação?
Não! Você pode continuar pagando e, paralelamente, pedir a revisão judicial. Na maioria dos casos, o juiz analisa o contrato e, se verificar abusos, pode mandar recalcular a dívida, reduzir juros, excluir tarifas ou até devolver valores pagos indevidamente.
Conclusão
A revisão de financiamento imobiliário é um direito de quem está pagando por algo que se tornou injusto. Se você se sente lesado ou percebe que seu contrato está "pesando demais no bolso", busque orientação jurídica. A Justiça está aí para equilibrar a relação entre bancos e consumidores, sempre com base na boa-fé, transparência e equilíbrio contratual.


