Economia, negócios e o Direito: A improdutiva e inconsequente política tributária do país
A alta carga tributária e a insegurança jurídica impulsionam a fuga de capital e ameaçam a sustentabilidade fiscal do Brasil.
quarta-feira, 9 de julho de 2025
Atualizado em 8 de julho de 2025 15:01
A reforma tributária está sendo amplamente debatida entre os diversos setores da economia brasileira, embora muitas empresas ainda não estejam preparadas para sua implementação. Essas discussões reacendem o alerta sobre o aumento da carga tributária, conforme o histórico evolutivo:
| Ano |
|
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| 2020 | 31,64% | |
| 2021 | 33,90% | |
| 2022 | 33,71% | |
| 2023 | 32,44% | |
| 2024 | 32,32% | |
| 2025* | 32,30% (estimativa) |
Recentemente, o governo ampliou a taxação via IOF, o que acentuou a insegurança jurídica entre contribuintes, alimentada por discursos contraditórios do Congresso e quatro ações judiciais sobre o tema - classificadas como um "festival jurídico", nas palavras do ministro Gilmar Mendes (STF, Migalhas 6.134).
Segundo matéria publicada pelo Neofeed em 4/7/25 ("No país das incertezas"), gestoras estão reavaliando seus investimentos diante do "limbo do IOF" e do risco de novas tributações arbitrárias.
Caso essa taxação se mantenha, haverá sim aumento na arrecadação, com impactos econômicos negativos: elevação nos custos da produção, comércio e serviços, que agravam o peso fiscal sobre toda a sociedade.
Preocupa também o viés ético, moral e político da discussão, travestida de "justiça fiscal" ou "tributação dos mais ricos", que ignora os direitos fundamentais e as limitações constitucionais ao poder de tributar.
A gravidade se intensifica, dentre outros, com o êxodo de brasileiros de alto poder aquisitivo - como mostra reportagem da Oxford Newsletter - semana 27. Segundo estudo da Henley & Partners, cerca de 1.200 brasileiros devem deixar o país em 2025, gerando uma perda estimada de R$?46 bilhões em ativos - o maior êxodo de alta renda da América Latina.
Consequências diretas:
- Redução da base tributária;
- Queda no consumo e investimentos privados;
- Desaceleração na geração de empregos;
- Saída de inovação, negócios e capital produtivo.
Principais fatores que agravam a fuga de capitais:
- Carga tributária elevada e complexa;
- Instabilidade jurídica e política;
- Falta de segurança pública;
- Desequilíbrio fiscal do governo Federal;
- Busca por melhor qualidade de vida no exterior.
Esse movimento provoca uma perda direta de arrecadação tributária, com impactos que vão além da simples diminuição da base fiscal. A saída de capital afeta também o consumo, o investimento privado e a criação de empregos, pois esses brasileiros que têm grande peso econômico, levam consigo não apenas seus recursos financeiros, mas também inovação, negócios e demanda por bens e serviços de alto valor agregado, prejudicando toda a cadeia produtiva.
Tudo isso reflete desconfiança na capacidade do Estado de proteger patrimônio, oferecer segurança jurídica e garantir estabilidade econômica - comprometendo a sustentabilidade fiscal do Brasil.
Sem reformas estruturais sérias e políticas públicas voltadas à retenção de capital humano e financeiro, o país corre risco de perder sua base de arrecadação mais produtiva - com reflexos diretos na capacidade de financiar serviços públicos e projetos de desenvolvimento.
O Brasil está sangrando sua riqueza. E com ela, vai embora o futuro.
É hora de reagir com reformas, equilíbrio fiscal e respeito ao setor produtivo.
Se deixarmos esses brasileiros partirem, quem sofrerá será a base da pirâmide.
O Brasil precisa de coragem, capital e mudança. E precisa disso agora.
Ronaldo Corrêa Martins
Fundador e CEO do Escritório RONALDO MARTINS & Advogados, fundado em 22/03/1990. Formado em: Ciências Econômicas, Ciências Contábeis e Direito.



