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Testamento: Proteja seu patrimônio e evite conflitos na família

Mesmo com patrimônio robusto, muitos ignoram o testamento e deixam herdeiros em disputa. Entenda como usá-lo para preservar riqueza e garantir sua vontade.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Atualizado às 15:14

O testamento, apesar de ser um dos instrumentos mais eficazes para organizar a sucessão patrimonial, ainda é pouco utilizado por famílias de alta renda no Brasil. Muitos acreditam que apenas o inventário será suficiente para resolver tudo. A verdade é que, sem um testamento claro e juridicamente robusto, o que sobra é incerteza, litígio e risco de dilapidação de um patrimônio construído ao longo de décadas.

O que é um testamento?

Testamento é o documento em que alguém dispõe de parte ou da totalidade de seus bens para depois de sua morte. Ele pode conter orientações patrimoniais, pessoais, afetivas e até empresariais. E o mais importante: pode ser modificado ou revogado a qualquer momento.

Para quem construiu riqueza, empresas e patrimônio sólido, o testamento não é apenas uma formalidade. É uma blindagem - jurídica, emocional e patrimonial.

Limites e possibilidades

A legislação brasileira impõe um limite: quem tem herdeiros necessários (filhos, cônjuge, pais) só pode dispor livremente de 50% do patrimônio. Essa metade é a chamada "parte disponível". A outra metade é intocável e obrigatoriamente destinada aos herdeiros legítimos.

Mesmo assim, esse percentual disponível é suficiente para definir o destino de bens específicos, beneficiar instituições, proteger pessoas vulneráveis, indicar tutores ou ainda equilibrar a distribuição entre filhos, conforme o contexto familiar.

Quais tipos existem?

  1. Testamento público: Feito no cartório, com tabelião e duas testemunhas. Alto grau de segurança e validade jurídica.
  2. Testamento cerrado: Escrito pelo testador e lacrado. O conteúdo só será conhecido após sua morte, com abertura judicial.
  3. Testamento particular: Redigido e assinado por 3 testemunhas. Mais acessível, mas também mais suscetível a impugnações.
  4. Formas especiais: Usadas em cenários como viagens marítimas, guerra ou confinamento, têm validade restrita.

O que acontece quando não há testamento?

A ausência de testamento abre caminho para a partilha obrigatória, onde a lei define quem recebe o quê, sem considerar desejos pessoais, contextos familiares ou necessidades específicas. E o mais preocupante: o processo de inventário pode durar anos e consumir até 20% do patrimônio em impostos, taxas e honorários.

Casos emblemáticos na mídia mostram que, mesmo entre famílias bilionárias, a falta de planejamento sucessório gera guerras judiciais, desvalorização de ativos e rompimento de laços.

O testamento como estratégia de planejamento.

O testamento deve ser parte de um planejamento sucessório mais amplo, que pode incluir:

  • Doações em vida com cláusulas de proteção;
  • Holding familiar;
  • Previdência privada;
  • Seguro de vida com beneficiários definidos;
  • Fundos exclusivos e blindagens fiscais.

Para famílias com empresas, imóveis, investimentos e múltiplas fontes de renda, o testamento é o início da conversa - não o fim.

Como fazer um testamento eficiente?

  1. Escolha o tipo adequado (público, cerrado ou particular) com base em sigilo, segurança e complexidade.
  2. Descreva com clareza o destino de cada bem e preveja substituições, caso algum herdeiro não aceite ou venha a falecer antes.
  3. Ajuste o conteúdo sempre que houver mudança patrimonial ou familiar.
  4. Conte com suporte jurídico especializado. Muitos testamentos são anulados por vícios formais ou testemunhas erradas.
  5. Integre o testamento a um plano sucessório completo, buscando eficiência tributária, blindagem patrimonial e alinhamento com os objetivos da família.

Conclusão?

Testamento não é tabu. É estratégia.

Para quem construiu patrimônio, fundou empresas, cuidou de investimentos e se preocupou com cada decisão financeira ao longo da vida, deixar o futuro nas mãos da sorte ou da justiça é um risco alto demais.

A pergunta que fica é: você quer que sua vontade seja respeitada ou que seus herdeiros descubram isso num tribunal?

Alessandro Junqueira de Souza Peixoto

VIP Alessandro Junqueira de Souza Peixoto

Advogado Especialista em Direito Imobiliário, Família e Sucessões, com 7 anos de experiência jurídica! Graduado pela PUC-GO. Pós-Graduado em Direito Imobiliário, Empresarial e Tributário Empresarial.

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