Análise do discurso na obra "O Banquete" de Platão
A análise do discurso em "O Banquete", de Platão, revela como o amor fundamenta valores éticos que influenciam o Direito e sua função social na contemporaneidade.
terça-feira, 26 de agosto de 2025
Atualizado às 09:56
1 Introdução
Inegavelmente, foram muitos os filósofos que contribuíram para definir base epistemológica para a construção de diversas dimensões e abordagens de conhecimento, ao longo do tempo, inclusive modelando o que se conhece como escolas de pensamento.
Historicamente, as ciências e o próprio conhecimento científico foram, continuamente, desenvolvendo mecanismos e novos olhares para solucionar os problemas de suas épocas, perpassando concepções decisórias, práticas estratégicas e, sobretudo, a identificação e análise de fatores determinantes desses desafios. Inicialmente, a filosofia, linguística, sociologia, matemática e outros saberes milenares eram aplicados como construtos para fundamentar e dar base a diversas problemáticas.
Mais à frente, o Direito começou a tomar forma e dimensões sociais, a partir da formulação de pressupostos básicos de justiça, igualdade, além de autonomia e respeito às individualidades; nesse contexto, já se observavam a valorização da coletividade em detrimento das necessidades particulares, de modo que sentimentos, desejos, atitudes e comportamentos individuais, em algumas situações, não suplantavam as vontades coletivas.
Nessa perspectiva, também, já se germinavam contribuições dessas escolas de pensamento influenciadas por filósofos no fortalecimento de uma ciência do Direito mais sólida, articulada, consistente e contemplativa a partir de um conjunto de direitos assegurados, garantias e responsabilidades.
Dentre esses pensadores da antiguidade, Platão foi um dos que mais estimulou uma nova configuração do Direito, por meio de suas diversas obras e suas teorias sobre o papel social da justiça e da igualdade. Dentre as suas contribuições, a obra "O Banquete", datada por volta de 380 a.C. (ARRIAL, 2007; FRANCO, 2008; FLORIANO, 2015), entrega um verdadeiro ponto de análise do discurso e de valores simbólicos, éticos e morais, que podem ser aplicáveis às concepções do Direito.
Dessa forma, o objetivo do presente trabalho é, pois, discutir a análise do discurso presente na obra platônica "O Banquete", tecendo alguns pontos e paralelos com o Direito, em especial sua função social. Com isso, busca-se elucidar e responder ao seguinte problema de pesquisa: como a análise do discurso presente em "O Banquete", obra de Platão, influencia na concepção de fundamentos do Direito, contemplando especialmente a sua função social?
2 Referencial teórico
Platão foi um dos principais teóricos da concepção idealista da Grécia Antiga, sendo, pois, discípulo primário dos ensinamentos de Sócrates. Tendo em vista a abordagem idealista de pensamento, define-se esta como a visão que equilibra duas dimensões distintas, que são formadoras do conhecimento humano: de um lado, um fator sensível e, do outro, fator inteligível.
O fator sensível trata-se da abordagem que estimula a curiosidade e a experimentação, como formas de aprendizagem significativa. Por outro lado, o fator inteligível é aquele que, racionalmente, define o conhecimento sólido e propriamente dito, isto é, a dimensão que possibilita, aos indivíduos, construir e fundamentar a tomada de decisão para proposição de soluções eficientes a uma determinada situação-problema (MIRANDA, 2011; SILVA, 2018).
Enquanto a vertente sensível define um modelo racional mais intuitivo e hipotético, a vertente inteligível determina modelo mais racional, dedutivo e contextual. Pautado nas duas abordagens de pensamento, Platão escreveu inúmeras obras, dentre as quais se destacam as seguintes: A República; Os diálogos da juventude; Diálogos da maturidade; Diálogos considerados sobre a velhice; O Banquete; entre outras consideradas fundamentais à formulação epistemológicas de muitos conceitos e saberes, inclusive contemporâneos (MIRANDA, 2011; SILVA, 2018).
Seus textos, em geral, discorrem sobre a dialética, política, idealismo e outros elementos substanciais para simbolizar outros construtos sociais que são significativos para desenvolvimento humano e de relações que permeiam as tessituras sociais. Dessa forma, são recorrentes em sua linguagem o amor, ira, inveja, vaidade, sabedoria, etc.; como os componentes que sustentam a ciência do Direito e da Teoria Política, Platão entregou conceitos de justiça, igualdade, racionalidade, cidadania, respeito às individualidades e ao coletivo, dentre outros argumentos.
Nesse sentido, as suas obras literárias são carregadas de valor ético, moral e valorativo, além de simbólico, e muitas delas conseguem explicar as principais problemáticas que se impunham à época, tendo Platão vivenciado um período histórico de grande efervescência científica e filosófica na Grécia e, com isso, absorvido, por meio de Sócrates, ensinamentos preponderantes para construção da sua base de pensamento (MIRANDA, 2011; SILVA, 2018).
Sem dúvida, uma das principais características atribuídas à linguagem de Platão, dentro de seus livros, é a possibilidade de explorar os elementos e os sinais linguísticos como modelos para compreender as diversas nuances inseridas em seus trabalhos, em especial uma contextualização histórica e os meandros sociopolíticos que dominavam a cultura de outrora, replicados em grande parte das ciências tal qual conhecemos.
A partir desse aparato linguístico e elementos comunicativos presentes em suas escrituras, muito tem se discutido sobre o papel desempenhado pela análise do discurso na identificação de elementos constitutivos das diversas formas de conhecimento e das suas abordagens mais práticas (REBOUÇAS, 2022).
A análise do discurso, nos dias de hoje, tem contribuído decisivamente para a valoração das culturas remotas, extraindo suas mensagens centrais e valores inerentes a cada época. Ademais, o seu uso tende a aproximar, pois, o presente, onde o conhecimento é mais abrangente e não conhece barreiras, de um passado cujo modelo de conhecimento era, ainda, pouco acessível e restrito a pequenas classes sociais (REBOUÇAS, 2022).
Em nível conceitual, a análise do discurso discrimina as abordagens de compreensão, a partir de leitura analítica, sistêmica e de construções que são ideológicas, de seus sentidos, mensagens e do valor simbólico. Ela traz à luz a necessidade de explorar as estruturas mais profundas da comunicação, resgatando fatos e acontecimentos que determinavam as suas épocas.
Enquanto um recurso privilegiado em diversas ciências, cada vez mais a análise do discurso tem sido adotado para motivar olhares mais profícuos e valorativos sobre cultura, sociedade e desenvolvimento (REBOUÇAS, 2022). No campo do Direito, a análise do discurso produz, também, fortalecimento dos pressupostos, das bases ideológicas, da análise jurídica e do senso que orienta as decisões que se manifestam no mundo jurídico.
A obra "O Banquete", escrita por Platão em meados de 380 a. C., é uma das principais bases literárias para se avaliar, a partir do uso de análise do discurso, elementos formativos dos princípios do Direito, suas garantias e fundamentos basilares, até mesmo explicando como as leis são alicerçadas para dirimir conflitos, resguardar a soberania e cidadania, valorizar a ação e a atuação coletiva, sem, contudo, prescindir da relevância da vontade pessoal (individual) (RODRIGUES, 2014).
Em "O Banquete", Platão organiza um confronto de diversos elogios atribuídos a Fedro, Pausânias, Erixímaco, Aristófanes, Agáton e Sócrates, proferidos com o fito de enaltecer e definir a verdadeira essência de Eros. Tais discursos são contextualizados em cenário próprio da vida grega: o symposion - hábito praticado pela alta sociedade ateniense, no qual, depois da comida (syndeipnon), e mais propriamente em ocasião da bebida em comum (sympotos), os convidados entretinham-se com os divertimentos oferecidos pelo anfitrião (dança, música, cantos) e conversavam acerca de vários assuntos com fim de depuração estética e espiritual (RODRIGUES, 2014, p. 16).
O livro "O Banquete", também conhecido como Simpósio, em resumo, descreve a temática central em que se desenvolvem os sentimentos de amor e amizade. Trata-se da descrição de um encontro entre dois amigos, em que o diálogo construído entre eles gira em torno do banquete com a participação dos nomes mais ilustres da cultura grega. Considerando a reunião de ilustres e pensadores mais destacados, o fato provocou inquietações sociais e uma inegável curiosidade por parte dos amigos (SANTOS, 2009).
Por concentrar, em um espaço confinado, indivíduos com modelos de pensamentos distintos, teorias diversas e suas próprias particularidades e os olhares sobre a vida e sociedade em que se encontravam inseridos, em tese uma disputa acirrada de egos e seus rompantes de sabedoria, o banquete se transforma rapidamente em competição, em que cada convidado faz elogios ao amor e os sentimentos que o cerceiam.
Ao longo da obra, são elencados discursos que colocam o amor como centro da discussão e das reflexões. No discurso de Fedro, o amor é a figura protagonista, de onde se germinam os sentimentos bons e as suas virtudes, a partir de um olhar positivo e construtivo das pessoas e suas ações (ARRIAL, 2007; SANTOS, 2009).
Em Pausânias, o amor é bifurcado em modelo etéreo e carnal, sendo aquela a mais bela e poética forma de sentimento humano, enquanto esta torna os indivíduos mais propensos aos malefícios, pecado, desejos proibidos, etc. Com base no discurso de Erixímaco, por sua vez, o amor deve ser mais saudável, construído com equilíbrio e moderação, sem exceder os limites do que é aceitável em termos de moral, ética e valores (ARRIAL, 2007; SANTOS, 2009).
Em Aristófanes, a ideia de amor pressupõe as diferenças entre homem e mulher, sua incansável busca pela completude, pela busca em encontrar no outro um lugar proveitoso para constituir o desenvolvimento humano. Para o mesmo, a incompletude gera, nos indivíduos, desconfortos, solidão e a busca eterna por dar à existência um maior sentido e dinamismo a partir de relações entre as pessoas. O discurso de Ágaton, anfitrião do banquete, coloca o amor como o sentimento predominante na humanidade, superior, "o mais belo dos sentimentos existentes" e o que evoca a felicidade (ARRIAL, 2007; SANTOS, 2009).
Em Sócrates, que é mentor de Platão, e considerado o mais sábio dos homens, afirma que o amor trata-se de um desejo e o ser humano só deseja o que não possui em sua alma, desenvolvendo uma relação entre carência e procura. O discurso de Alcebíades enaltece o amor definido nas palavras de Sócrates e reforça seus argumentos (ARRIAL, 2007; SANTOS, 2009).
A partir dos excertos desenvolvidos por Platão, que não participou do banquete em questão, somente ouviu prosódias e a oratória dos ilustres e, por meio disso, elaborou o seu próprio discurso sobre o amor, alicerçado em suas premissas idealistas e dialéticas. Para Platão, o amor é virtude racional, cuja linguagem admite dois vieses: o amor como aspiração do ser humano e o amor enquanto desejo carnal.
O embate entre a aspiração e o apetite nos permite entrever o verdadeiro sentido do idealismo platônico enquanto primazia do ideal em relação ao real imediato, do absoluto em relação ao hipotético, ou, em última instância, da alma em relação ao corpo. Para Platão o melhor tipo de amor se une essencialmente ao Bem e ao Belo; pela via da beleza há o despertar para aquilo que é sensível e consequente reminiscência da plenitude de outrora, experimentada no Mundo das Ideias (RODRIGUES, 2014, p. 17).
No contexto da análise do discurso, em especial sustentando as ideias de amor apresentadas ao longo dos discursos proferidos no banquete trazido por Platão, em sua conhecida obra literária, definiu-se, pois, noção relevante de que:
Entender o amor como um discurso, na perspectiva da Análise de Discurso, significa entender que, como discurso, seus sentidos podem ser muitos, variam ao longo da história. O discurso é sempre fundado em uma determinada historicidade, não há um significante que se prenda única e exclusivamente a um significado (FLORIANO, 2015, p. 131).
É, em linhas gerais, como argumento central da proposta, por meio da análise do discurso na obra de Platão, um sentimento/virtude que orienta um grande número de comportamentos humanos, que orienta as suas decisões mais íntimas e dá sustentação à vida, servindo como molde para desenvolver e construir diferentes dinâmicas e das linguagens de amor (SANTOS, 2009; DALBOSCO; PAGOTTO, 2022).
Como sentimento moderador, isto é, aquele que tem a capacidade de conduzir outras virtudes, sentimentos e emoções, inclusive com reflexo físico e emocional, o amor constitui-se como fonte primária das vontades e também comportamentos humanos, em parte direcionado assegurar os elementos de empatia, amizade, respeito, valorização e estima - construtos preponderantes para desenvolvimento de uma convivência social de excelência e pautada em fortes laços interpessoais.
Evidentemente, como toda virtude tem seu lado nefasto, torna-se, por outro lado, o amor um mecanismo que determina os desejos e impulsos que extrapolam os limites da racionalidade; aqui, o amor é perseguido como uma dimensão inalcançável, às vezes sendo doentia e sombria, que coloca o ser humano agindo contra a moral, ética social, bons costumes e valores. Não há, nessa idealização de amor, espaço para florescer boas ações e atitudes, bem como comportamentos valorativos, pois transcende o amor belo e iluminado (SANTOS, 2009; RODRIGUES, 2014; DALBOSCO; PAGOTTO, 2022).
Este modelo mais particularizado de amor e amizade coloca o homem em evidência frente aos demais, que avaliam as suas ações, vontades, assim como os diversos comportamentos, observando se esses afetam positiva ou negativamente a dinâmica social. Por sua vez, o amor enquanto construto e base valorativa emana dos indivíduos que trajetam o seu caminho com senso, retidão, justiça, empatia e reconhecendo no outro um sujeito com as próprias vontades, opiniões, discursos, dentre outros.
Enxerga-se, principalmente a partir dessas ponderações, no contraste entre esses dois polos de discursos entre amor e amizade, os fundamentos e princípios que orientam a ciência do Direito, em especial quanto à justiça, as individualidades, a igualdade e o zelo pela coletividade, construindo, em seu entorno, mecanismos para fortalecimento da segurança jurídica que lhes são atribuídas. Supremacia da coletividade em detrimento dos desejos individuais, estes quase sempre "manchados" por valores amorais e antiéticos, é outro viés do Direito que pode ser contemplado a partir das análises de discurso da obra de Platão.
Os direitos e garantias fundamentais, como elementos basilares, foram definidos para garantir que os indivíduos pudessem agir dentro dos limites da lei, sem temor ou representação, na certeza de que um Estado que zela pela sua segurança e fornece os meios necessários ao seu desenvolvimento está cuidando de seus cidadãos. Com isso, desenvolve-se a concepção de amor que invoca cuidado e zelo, por meio de satisfação de necessidades sociais e políticas.
Nesse contexto, ao dispor das garantias e de direitos fundamentais, na Constituição Federal de 1988, o Estado está primando por um dos seus bens maiores, isto é, sociedade, de modo que é esta que o desenvolve e fortalece continuamente. Por outro lado, as figuras de abuso de poder, corrupções que evidenciam o quadro de desigualdades, decisões pessoais e sem critérios e meios legítimos, a ausência de moralidade e ética nas ações políticas, assim como diversos outros fenômenos do mundo sociopolítico, estes desenvolvem um outro modelo de amor, a supremacia do amor a outros fatores ambientais, como conforto, status, dinheiro, poder, etc., diante do amor ao próximo, que é o que destaca os regramentos normativos no país.
Com advento das tecnologias de informação e comunicação, surgiram, também, diversas linguagens do amor, também observadas nos discursos e oratórios presentes em "O Banquete", de Platão (DALBOSCO; PAGOTTO, 2022). A tecnologia veio para atender a muitas finalidades precípuas, dentre as quais a de aproximar as pessoas por meio do uso de ferramentas digitais, construindo fortes vínculos sociais. Outrossim, ao mesmo tempo em que apresenta essa proposta, por outro lado também acentuou as desigualdades e mazelas sociais, bem como trouxe um distanciamento embutido.
Com as tecnologias tão acessíveis, tem-se observado diversos rostos e olhares direcionados às realidades desenhadas em telas de celulares e de computadores, potencialmente atuantes desde a chegada das redes sociais e sua crescente popularização entre todas as classes sociais; o distanciamento decorrente das redes sociais e das tecnologias de mídia criou-se um modelo de amor distante, desapegado, alheio, confinado em sua própria necessidade de apreciar "bastidores", desenvolver parâmetros comparativos e, com isso, gerar estímulos de adoecimento mental em muitos usuários.
Não é à toa que tanto se discute o papel da tecnologia e canais digitais com a presença mais maciça de depressão, suicídio, distorção de valores e a busca incansável por promover o ego, buscar uma aceitação social, às vezes também doentia, e refletir o estado de amor que Zygmunt Bauman - famoso sociológico que escreveu a Modernidade Líquida - denominou de sentimento de amor líquido (BAUMAN, 2004), isto é, uma dimensão que se constitui e se desenvolve à margem do verdadeiro sentido de amor, em sua idealização mais perfeita, honesta e bela, enaltecida no discurso de Fedro.
O amor líquido, conforme conceituado por Bauman, é fundamentado em instabilidades e em mudanças fluidas, definindo um estado transitório. No amor líquido, não se observa, por exemplo, a iniciativa e esforço motivados a se consertarem os erros nos relacionamentos, do contrário, as pessoas estão cada vez mais confortáveis em sua solidão e, em partes, evitam confrontos e diálogos. É um estado de amor que enxerga na solidão uma excelente forma de viver, sem atritos, riscos e concessões que o envolvem (BAUMAN, 2004).
Tornou-se, a partir dessa concepção, o amor descartável e instantâneo, descompromissado, mutável e um elemento que atende exclusivamente ao ego e necessidade própria, sem abrir espaço para enxergar o outro e as suas demandas afetivas, emocionais e de estima (BAUMAN, 2004).
Dessa maneira, ao destacar esses apontamentos e suas relações com a ciência do Direito e sua função social, a análise do discurso presente em "O Banquete" de Platão, torna-se possível elucidar diversos acontecimentos que se manifestam na sociedade contemporânea e, em partes, explica as ações e comportamentos sociais muitas vezes questionáveis. Ao mesmo tempo, traz outras concepções mais profundas e delicadas acerca do amor que enaltece as boas virtudes e sentimentos mais auspiciosos do indivíduo, alicerçados na ética, moral, empatia e valores inerentes ao que é bom.
3 Conclusão
Conforme observado, a análise do discurso constitui-se enquanto uma ferramenta indispensável para o resgate dos valores históricos, socioculturais, bem como reflexões simbólicas, em especial quando contemplam literaturas e textos escritos em períodos remotos, a exemplo da obra "O Banquete", com texto datado de 380 a.C., por Platão.
Além de evidenciar os recortes da cultura e sociedade grega da época, a análise do discurso sobre o amor e amizade, a partir de construtos ligados à linguística e oratória presentes na obra literária, apontam os meandros e os primeiros sinais epistemológicos da ciência do Direito, Filosofia, dentre outras áreas de conhecimento significativo na contemporaneidade.
A partir do discurso sobre o amor, sua linguagem, dimensões e formas, observou-se uma diversidade de entendimentos e concepções que ajudam a fundamentar vários fatos e acontecimentos modernos, especialmente dentro do mundo jurídico. Observou-se uma aproximação entre o discurso de Platão, reproduzindo as falas dos presentes ao banquete, com efetividade de direitos e garantias fundamentais, equidade, igualdade, isonomia, legalidade, além de supremacia do interesse público (coletivo) frente ao particular, contudo sem desvalorizar este e suas particularidades envolvidas.
Os discursos sobre o amor e a amizade trouxeram uma roupagem de fundo para refletir sobre o "amor líquido" de Zygmunt Bauman e as nuances e dimensões que definem os diversos comportamentos humanos, sejam eles positivos ou negativos.
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