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Recebeu um processo trabalhista? Saiba o que fazer

Processo trabalhista: como se defender e evitar bloqueios.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Atualizado às 09:30

Por que sua empresa não pode ignorar um processo trabalhista?

Somente em 2024, a Justiça do Trabalho recebeu 2.136.200 novas ações.

Cada uma exigiu tempo, dinheiro e atenção do empresário.

O choque inicial é comum e costuma vir acompanhado de preocupação e insegurança. Muitas vezes, o processo parte justamente de um funcionário que recebeu ajuda da própria empresa.

Empresas de todos os portes enfrentam processos que poderiam ter sido evitados ou melhor conduzidos. A diferença entre sofrer prejuízos altos e controlar o cenário está na estratégia de resposta.

Ao receber uma notificação, o impacto vai além do jurídico: afeta o tempo da gestão, o caixa e a rotina do negócio. Em casos extremos, a condenação pode comprometer a continuidade da empresa.

A boa notícia é que uma atuação estratégica reduz impactos e melhora as chances de um resultado mais justo, e é sobre isso que tratamos a seguir.

O risco de bloqueio de contas e perdas financeiras

Muitos empresários, ao receberem um processo trabalhista, pensam:

"A Justiça do Trabalho sempre favorece o empregado, então não adianta se defender." Só que, no processo, o silêncio custa caro. Ignorar o prazo ou deixar de apresentar defesa leva à revelia e, nesse cenário, tudo o que o reclamante alegou pode ser considerado verdadeiro, mesmo que não seja.

É como assistir a um julgamento onde apenas uma das partes fala.

Na prática, isso significa que:

  • Provas que poderiam reverter ou reduzir os pedidos deixam de ser analisadas;
  • Erros de cálculo que aumentam o valor da ação não podem ser corrigidos;
  • Questões que seriam responsabilidade do empregado provar acabam sendo aceitas pelo juiz.

O resultado? Uma condenação que pode ser muito maior do que a realidade.

E, quando o processo chega à fase de execução, a situação piora: valores podem ser bloqueados diretamente da conta da empresa e, em alguns casos, até do patrimônio pessoal dos sócios.

Imagine não conseguir pagar funcionários ou fornecedores por causa de um bloqueio judicial.

Cada dia que passa sem agir aumenta o risco. A defesa é a única oportunidade de equilibrar o jogo e, sem ela, a sentença já começa praticamente decidida.

Por isso, confiar que "o funcionário entrou, logo vai ganhar" é um erro.

Com a estratégia de defesa certa, é possível reduzir riscos, contestar pedidos indevidos e minimizar prejuízos financeiros, aumentando as chances de um resultado mais justo.

Quando a condenação ameaça a continuidade do negócio

Uma condenação trabalhista pode paralisar o caixa da empresa.

Bloqueios de conta dificultam o pagamento de funcionários e fornecedores, contratos precisam ser renegociados e o planejamento financeiro é comprometido.

E o risco não para no CNPJ: se o valor bloqueado não cobrir a dívida, o patrimônio pessoal dos sócios pode ser atingido, colocando em perigo investimentos, reservas, bens de família e, em alguns casos, até o futuro do negócio.

Ao mesmo tempo, a reputação da empresa sofre abalos. Parceiros podem hesitar em fechar novos contratos, clientes passam a enxergar o negócio com insegurança e a dificuldade para reter talentos prejudica diretamente a atividade.

Tudo isso pode começar por um único motivo: não agir no momento certo. E é exatamente aqui que uma atuação estratégica no processo faz diferença - e, no próximo passo, você vai entender como ter elementos para defesa estratégica.

Passo a passo para apresentar sua defesa trabalhista

Receber uma reclamação trabalhista não significa derrota certa; mas é necessário agir com estratégia. Para reduzir riscos e aumentar as chances de um desfecho mais justo, siga este passo a passo:

1) Confira prazos e audiência

Verifique imediatamente a data-limite para apresentação da defesa e se há audiência marcada. No processo trabalhista, perder prazo pode significar perder o direito de se defender.

2) Organize a documentação essencial

Separe tudo o que se relaciona ao vínculo: contrato de trabalhoregistros de ponto/escalaholerites e comprovantescomunicações internasdocumentos da rescisãoadvertências/suspensões (se houver) e qualquer outro registro que sirva como prova.

3) Consulte um advogado trabalhista empresarial

Procure o quanto antes um profissional especializado. Ele vai analisar a petição inicialidentificar inconsistênciasdefinir a melhor tese de defesa e avaliar a viabilidade de acordo, sempre com base em provas e probabilidades. A orientação técnica adequada minimiza prejuízos e otimiza decisões.

4) Reforce as provas

Considere:

  • Testemunhas (colegas/supervisores que confirmem a versão da empresa);
  • Documentos adicionais (e-mails, relatórios, fichas de EPI, laudos quando aplicável outros registros que refutem as alegações do reclamante);
  • Perícias (por exemplo, em insalubridade/periculosidade), quando fizer sentido à tese.

5) Prepare-se para a audiência

A empresa deve indicar um preposto que tenha conhecimento da relação de trabalho e testemunhas que possam confirmar, de forma fiel, a realidade dos fatos. O alinhamento entre documentos, depoimentos e estratégia jurídica é determinante, pois o que ocorre na audiência pode definir o rumo do processo.

Conclusão

Um processo trabalhista mal conduzido pode significar condenações elevadas, bloqueio de contas, risco para o patrimônio pessoal dos sócios e até mesmo o fechamento da empresa.

O que muitos empresários não percebem é que, com a estratégia certa de defesa, é possível diminuir riscos, contestar pedidos indevidos e até reduzir o impacto financeiro da ação, aumentando as chances de preservar a saúde do negócio.

Contar com um advogado trabalhista especialista não é apenas defesa: é uma forma de proteger o presente e planejar o futuro da sua empresa.

Alany Martins

VIP Alany Martins

Advogada trabalhista empresarial. Estratégia jurídica, compliance e gestão preventiva de passivos. Contatos: (15) 99722-3433; [email protected].

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