MIGALHAS DE PESO

  1. Home >
  2. De Peso >
  3. O "alívio" que pode enterrar sua empresa em um passivo triplicado

O "alívio" que pode enterrar sua empresa em um passivo triplicado

O que parece ser um fôlego financeiro imediato pode, na realidade, tornar-se uma armadilha silenciosa que compromete o futuro da sua empresa.

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Atualizado às 10:32

O perigo oculto da renegociação bancária

Muitos empresários, pressionados por crises de fluxo de caixa, procuram o banco em busca de "ajuda" para reorganizar suas dívidas. A lógica parece simples: refinanciar, alongar prazos e garantir mais tempo para pagar.

Porém, a experiência prática revela um cenário bem diferente: na maior parte das vezes, a renegociação é construída para ampliar os lucros da instituição financeira, e não para favorecer a empresa devedora.

Ao assinar sem análise técnica:

  • A dívida original é refinanciada com juros compostos mais altos do que os já praticados.
  • O prazo é dilatado, aumentando o custo total final.
  • São incluídas cláusulas abusivas que podem inviabilizar questionamentos futuros.

Exemplo realista:

Uma dívida de R$ 300 mil renegociada a 3,2% ao mês por 120 meses resulta em mais de R$ 900 mil pagos - sem contar encargos adicionais e multas. Ou seja, a "ajuda" transforma-se em uma bola de neve impagável.

O erro mais frequente dos empresários

A confiança cega no gerente bancário é o equívoco mais comum.

Por mais cordial que pareça, o gerente não defende os interesses da empresa, mas sim as metas do banco.

Ao assinar a proposta sem avaliação técnica:

  • O empresário pode abrir mão de contestar abusos anteriores.
  • Deixa de revisar taxas ilegais e encargos indevidos.
  • Assume obrigações que podem colocar em risco o patrimônio pessoal e empresarial.

O caminho correto: Negociação com base técnica

Renegociar não significa aceitar a primeira oferta apresentada. Empresas que contam com assessoria jurídica e financeira especializada têm chances muito maiores de:

Reduzir o valor da dívida de forma significativa - em alguns casos, até 90% de abatimento quando comprovados abusos contratuais.

Suspender judicialmente cobranças abusivas.

Exigir a revisão de cláusulas ilegais com fundamento no CDC, nas normas do Banco Central e em jurisprudência consolidada.

Esse processo exige:

  • Diagnóstico detalhado dos contratos e evolução da dívida.
  • Identificação de ilegalidades como juros sobre juros (anatocismo) e tarifas não contratadas.
  • Estratégia probatória robusta para contestar a cobrança.
  • Proteção patrimonial preventiva, evitando bloqueios e execuções.

Direitos que muitos empresários ignoram

  • Mesmo contratos já quitados ou renegociados podem ser revisados judicialmente.
  • Cobranças indevidas podem ser suspensas até a decisão final.
  • O banco é obrigado a apresentar planilha analítica do débito, sob pena de nulidade da cobrança.

Quando procurar ajuda

  • Se sua empresa já renegociou, mas a dívida continua crescendo.
  • Se está prestes a assinar um novo contrato de refinanciamento.
  • Se as parcelas renegociadas estão comprometendo o fluxo de caixa.

Conclusão

O banco sempre estará amparado por advogados, economistas e analistas preparados para proteger seus interesses. O empresário que enfrenta esse cenário sozinho está em desvantagem total.

A dívida, tratada com estratégia jurídica, pode ser o ponto de virada para reequilibrar a saúde financeira da empresa. Mas a pressa e o desespero podem transformar um problema temporário em uma sentença permanente.

Negocie com inteligência. Proteja seu patrimônio. Mantenha sua empresa no controle.

Charles Dias

VIP Charles Dias

Advogado, especialista reconhecido, com atuação em todo o Brasil. Experiência sólida na defesa de direitos, com postura técnica, estratégica e comprometida com resultados.

AUTORES MIGALHAS

Busque pelo nome ou parte do nome do autor para encontrar publicações no Portal Migalhas.

Busca