Cai no golpe do Pix: Qual o dever do meu banco comigo?
Você foi vítima de um golpe envolvendo o Pix?
terça-feira, 7 de outubro de 2025
Atualizado às 11:29
Saiba que o banco pode sim ter responsabilidade sobre o prejuízo causado, e neste artigo completo vamos explicar os seus direitos e o que fazer para buscar a reparação.
O que é o golpe do Pix?
O Pix é uma ferramenta rápida, prática e amplamente usada no Brasil, contudo, sua instantaneidade tem sido alvo de golpistas, que se aproveitam de vulnerabilidades e distrações dos usuários para aplicar fraudes cada vez mais sofisticadas.
Esses golpes geralmente envolvem:
- Engenharia social (fingir ser alguém conhecido, como filho, irmão, patrão);
- Falsas centrais de atendimento bancário;
- Contas falsas em redes sociais ou marketplaces (como OLX ou Instagram);
- Sequestros-relâmpago com transferência forçada via Pix.
Muitas vítimas perdem milhares de reais em questão de minutos.
O banco tem responsabilidade?
Sim. O banco pode ter responsabilidade civil objetiva pela falha na prestação do serviço de segurança digital, conforme o art. 14 do CDC.
Segundo a jurisprudência atualizada do STJ, os bancos respondem por fraudes bancárias quando há falha na segurança da instituição, ou omissão no dever de vigilância, bloqueio ou prevenção.
Ou seja: o banco não pode simplesmente dizer que o cliente foi o único culpado, especialmente se:
- Houve movimentação atípica e o banco não bloqueou;
- A conta de destino foi aberta recentemente e serviu apenas para o golpe;
- A vítima comunicou o banco imediatamente e mesmo assim o valor foi sacado;
- A engenharia social foi facilitada por canais do próprio banco.
O que diz o CDC?
O CDC protege o consumidor em relações de consumo bancárias.
Veja os principais artigos aplicáveis:
- Art. 6º, VI: direito à efetiva reparação dos danos patrimoniais e morais;
- Art. 14: responsabilidade objetiva do fornecedor por falhas no serviço;
- Art. 20: o consumidor pode exigir a reexecução do serviço ou indenização por perdas.
Esses dispositivos permitem ação judicial por danos materiais e morais.
Golpes comuns envolvendo o Pix
Conheça os principais tipos de golpes Pix que dão origem à responsabilidade bancária:
1. Golpe do falso parente
Criminoso clona o WhatsApp da vítima e finge ser um parente pedindo transferência urgente.
2. Falsa central do banco
Golpistas ligam fingindo ser do banco, induzindo a vítima a "testar" uma operação de segurança que, na verdade, transfere dinheiro para terceiros.
3. Anúncios falsos em marketplaces
O comprador paga via Pix acreditando que está comprando algo real (carro, celular, móvel), mas o produto nunca chega.
4. Conta fraudulenta de laranja
O dinheiro vai para contas abertas com documentos falsos ou de pessoas carentes enganadas.
5. Sequestro-relâmpago Com Pix
A vítima é forçada sob ameaça a fazer diversas transferências.
Deveres do banco diante de um golpe
O banco tem sete obrigações fundamentais com o cliente diante de golpes com Pix:
1. Garantir segurança da transação
Deve haver mecanismos de detecção de fraudes, bloqueio automático e monitoramento de transações suspeitas.
2. Rastrear e bloquear o valor
Comunicada a fraude, o banco tem o dever de tentar rastrear o destino do valor e, se possível, bloqueá-lo por meio do Mecanismo Especial de Devolução (MED).
3. Prestar atendimento rápido e eficiente
O atendimento deve ser claro, registrar a reclamação e orientar sobre os procedimentos.
4. Evitar revitimização
A vítima não pode ser tratada com desdém, desconfiança ou omissão.
É dever do banco acolher e proteger.
5. Colaborar com as autoridades
O banco deve colaborar com delegacias, MP e Judiciário, fornecendo dados bancários do golpista.
6. Indenizar em caso de omissão
Se ficar demonstrada falha na prestação do serviço (como ausência de bloqueio ou falta de monitoramento), o banco deve indenizar.
7. Implementar ferramentas de prevenção
A instituição deve investir em segurança, inteligência artificial, criptografia, autenticação por biometria e outros mecanismos.
O que você deve fazer imediatamente?
Se foi vítima de golpe com Pix, tome as seguintes medidas:
1. Comunique o banco
Ligue imediatamente para o SAC ou vá até a agência, peça o registro da ocorrência com número de protocolo.
2. Peça o bloqueio do valor
Exija que o banco ative o MED - Mecanismo Especial de Devolução para bloquear os recursos por até 72 horas.
3. Registre um boletim de ocorrência
Vá até uma delegacia e relate detalhadamente o golpe.
4. Junte provas
Prints, extratos, gravações, e-mails, conversas e comprovantes.
Tudo ajuda a comprovar o golpe e responsabilizar o banco e terceiros.
5. Solicite a indenização ao banco
Você pode fazer isso pelo SAC ou judicialmente, com a ajuda de um advogado.
É possível pedir indenização na Justiça?
Sim. Se o banco se omitir ou não resolver sua situação, você pode ingressar com ação judicial por danos materiais (valor perdido) e danos morais.
Mesmo que o banco tenha responsabilidade, você também pode se proteger:
- Ative duplo fator de autenticação no aplicativo do banco;
- Nunca forneça senhas ou códigos recebidos por SMS;
- Desconfie de mensagens urgentes por WhatsApp;
- Cuidado com ligações de supostas "centrais de segurança";
- Limite diário de Pix ajustado a valores baixos;
- Registre quem são seus contatos bancários confiáveis.
Se você foi vítima de um golpe via Pix, não se conforme com o prejuízo.
O banco tem dever legal de fornecer um serviço seguro e eficaz, a simples alegação de que "o cliente foi enganado" não isenta o banco da responsabilidade em todos os casos.
Você pode e deve buscar seus direitos, seja via Procon, ou, preferencialmente, com o apoio de um advogado especialista.
Não lute sozinho.
O seu direito à segurança bancária é garantido por lei.


