Aposentadoria por acidente de trabalho

Aposentadoria por acidente de trabalho: Quando é concedida?

A vida de um trabalhador é construída com muito esforço, dia após dia. O corpo é a principal ferramenta para garantir o sustento da família, e é natural pensar que ele sempre estará lá por nós. Mas, e quando um imprevisto acontece? Um acidente de trabalho pode virar o mundo de cabeça para baixo em um piscar de olhos. A dor, o medo e a incerteza tomam conta.

Pior ainda é o momento em que os médicos e o tempo mostram que a situação não é reversível, que a lesão não tem mais cura.

Nesse turbilhão de emoções, surge uma pergunta crucial e muitas vezes assustadora: "E agora? Como vou me sustentar?". É nesse ponto que entender os seus direitos se torna mais do que uma necessidade, é uma questão de sobrevivência.

Correr atrás da aposentadoria deixa de ser uma opção e se torna o único caminho para garantir um futuro digno.

Se você está vivendo esse drama, saiba que não está sozinho. Este conteúdo foi pensado para você, trabalhador, que enfrenta as consequências permanentes de um acidente de trabalho. Vamos conversar sobre o que é a aposentadoria por acidente de trabalho e como lutar por esse direito que é seu. Acompanhe!

Aposentadoria por acidente de trabalho: Um direito seu

Quando um acidente de trabalho resulta em sequelas permanentes que te impedem de forma total e definitiva de exercer qualquer atividade laboral, você pode ter direito à aposentadoria.

Não se trata de um favor, mas sim de um direito garantido por lei para te amparar neste momento de fragilidade.

É fundamental entender que não é qualquer acidente que leva à aposentadoria. Existe um caminho a ser percorrido e critérios a serem cumpridos junto ao INSS - Instituto Nacional do Seguro Social.

Como conseguir a aposentadoria por acidente de trabalho?

O caminho para conseguir a aposentadoria por acidente de trabalho começa logo após o ocorrido. Veja os passos mais importantes:

• CAT - Comunicação do Acidente de Trabalho: A empresa é obrigada a emitir a CAT até o primeiro dia útil após o acidente. Caso a empresa não o faça, o próprio trabalhador, seus dependentes, o sindicato da categoria ou o médico que o atendeu podem emitir o documento. A CAT é a peça-chave que oficializa o acidente perante a Previdência Social.
• Busque atendimento médico: O cuidado com a sua saúde é a prioridade. Todos os laudos, exames e relatórios médicos serão fundamentais para comprovar a sua condição.
• Recebimento do auxílio-doença acidentário (Código B91): Inicialmente, o trabalhador afastado por mais de 15 dias recebe o auxílio-doença acidentário. Este benefício é o primeiro passo e será pago enquanto você estiver incapacitado temporariamente para o trabalho.
• Perícia médica do INSS: A etapa mais temida por muitos, mas crucial. O perito do INSS irá avaliar se a sua incapacidade para o trabalho é temporária ou permanente. É aqui que será decidido se o auxílio-doença será mantido, cessado ou convertido em aposentadoria.

Qual a diferença entre aposentadoria por invalidez e aposentadoria por acidente de trabalho?

Essa é uma dúvida muito comum. Embora ambas sejam para casos de incapacidade total e permanente, a origem do problema é o que as diferencia:

Aposentadoria por invalidez previdenciária (comum): Concedida quando a incapacidade total e permanente é causada por uma doença ou acidente que não tenha relação com o trabalho.

Aposentadoria por invalidez acidentária (aposentadoria por acidente de trabalho): É o benefício concedido quando a incapacidade total e permanente é resultado direto de um acidente de trabalho ou de uma doença profissional.

Essa distinção é muito importante, pois a aposentadoria por acidente de trabalho garante direitos extras ao trabalhador, como veremos a seguir.

Como funciona a aposentadoria por acidente de trabalho?

Uma vez concedida, a aposentadoria por invalidez acidentária será o seu novo rendimento mensal.

É importante saber que, mesmo aposentado por este motivo, o INSS pode te convocar para perícias médicas periódicas para reavaliar a sua condição de incapacidade.

Caso a perícia constate que você recuperou a capacidade para o trabalho, o benefício pode ser cessado.

Quais são os direitos de um aposentado que sofre um acidente de trabalho?

O trabalhador que se aposenta por acidente de trabalho tem direitos que vão além do benefício mensal do INSS. Veja os principais:

• Estabilidade no emprego: Após a alta do auxílio-doença acidentário (mesmo que depois venha a se aposentar), o trabalhador tem direito a uma estabilidade de, no mínimo, 12 meses no emprego.
• Recolhimento do FGTS: Durante todo o período em que esteve afastado recebendo o auxílio-doença acidentário, a empresa é obrigada a continuar depositando o seu FGTS normalmente.
• Manutenção do convênio médico: Dependendo do que está previsto no acordo ou convenção coletiva da sua categoria, você pode ter o direito de manter o plano de saúde.
• Indenizações na Justiça do Trabalho: Além dos benefícios do INSS, o trabalhador pode buscar na Justiça uma indenização contra a empresa por danos morais, estéticos (caso haja deformidades) e materiais (despesas com medicamentos e tratamentos, por exemplo).

Quanto ganha um aposentado por acidente de trabalho?

O valor da aposentadoria por invalidez acidentária é uma das grandes vantagens em relação à aposentadoria por invalidez comum. O cálculo é feito da seguinte forma:

O valor do benefício corresponderá a 100% da média de todos os seus salários de contribuição desde julho de 1994.

Diferentemente da aposentadoria por invalidez comum (onde o cálculo após a reforma da previdência é de 60% dessa média mais 2% por ano que exceder 20 anos de contribuição para homens e 15 para mulheres), a modalidade acidentária garante um valor integral, o que faz toda a diferença no final do mês.

O que o perito do INSS quer saber?

O objetivo do médico perito não é duvidar da sua dor, mas sim comprovar tecnicamente que a sua lesão ou doença, causada pelo acidente, te impede de forma total e permanente de trabalhar.

Ele não vai avaliar apenas a sua condição de saúde, mas principalmente a sua incapacidade para o trabalho.

Ele vai analisar:

Sua documentação médica: Laudos, exames de imagem (raio-x, ressonância), receitas, relatórios de fisioterapia, atestados. Tudo o que você tiver que comprove a sua condição é fundamental.

A sua história: Ele vai perguntar sobre o acidente, como era o seu trabalho, quais tratamentos você já fez e como a sua vida mudou depois do ocorrido.

Suas limitações diárias: Aqui, é muito importante que você seja sincero. Explique as dificuldades que você enfrenta no dia a dia. Por exemplo: "Doutor, eu não consigo mais ficar sentado por mais de 20 minutos por causa da dor na coluna", ou "Minha mão não tem mais a mesma força, não consigo segurar uma ferramenta". São esses detalhes práticos que mostram o impacto real do acidente.

Dicas de ouro para o dia da perícia

• Organize uma pasta: Leve todos os seus documentos médicos em uma pasta, de preferência em ordem cronológica. Isso mostra organização e facilita o trabalho do perito.
• Leve documentos originais e cópias: É sempre bom se prevenir.
• Seja objetivo e claro: Não precisa exagerar nem inventar sintomas. Apenas conte a sua verdade. Fale com calma sobre suas dores e limitações. O perito é um técnico e precisa de informações claras.
• Leve um acompanhante, se precisar: Se você se sente mais seguro com alguém de confiança ao seu lado, você tem esse direito. O acompanhante não pode responder por você, mas pode te dar apoio e ajudar caso você esqueça algum detalhe importante.

E se o benefício for negado?

Mesmo com toda a documentação, infelizmente, o INSS pode negar o seu pedido. Essa é uma notícia que desanima, mas não significa que a luta acabou.

É nesse momento que o papel do advogado se torna ainda mais crucial. Com o "não" do INSS, é possível:

• Entrar com um recurso administrativo: Tentar reverter a decisão dentro do próprio INSS.
• Ingressar com uma ação judicial: Levar o seu caso para a Justiça, onde um juiz irá analisar a situação e, geralmente, designar um novo perito, desta vez um médico de confiança do juízo, para uma avaliação imparcial.

O papel do advogado para garantir que os direitos sejam garantidos

Navegar pelas regras do INSS e entender todos os seus direitos trabalhistas pode ser uma tarefa complexa e desgastante, especialmente para quem está se recuperando de um acidente.

A burocracia, os prazos e os termos técnicos podem confundir e levar à perda de direitos.

Um advogado especialista em Direito Previdenciário e Trabalhista é o profissional que irá te guiar e lutar por você. Ele atuará para:

• Garantir a correta emissão da CAT.
• Organizar toda a documentação médica.
• Orientá-lo para a perícia médica do INSS.
• Recorrer de decisões negativas do INSS, tanto administrativamente quanto judicialmente.
• Ingressar com uma ação trabalhista para buscar as indenizações a que você tem direito.
• Assegurar que o cálculo do seu benefício seja feito da forma mais vantajosa.