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Cobrança de dívida já paga: Como limpar seu nome e pedir indenização

Cobranças indevidas de dívidas já quitadas geram danos sérios ao consumidor entenda os seus direitos aqui.

sábado, 27 de setembro de 2025

Atualizado em 26 de setembro de 2025 13:31

Imagine a frustração de pagar uma dívida com sacrifício e, semanas depois, descobrir que seu nome continua no SPC ou Serasa, como se você fosse inadimplente. Infelizmente, essa situação é mais comum do que deveria

Cobranças indevidas de dívidas já quitadas geram danos sérios ao consumidor, que incluem desde a negativação indevida até a constrangimentos morais, dificuldade de obter crédito e até demissão, em casos mais extremos.

O que é cobrança indevida de dívida já paga

A cobrança indevida ocorre quando uma empresa, banco ou instituição exige o pagamento de uma dívida que já foi quitada, que não existe ou que já está prescrita.

No caso de dívidas bancárias, isso acontece com frequência em situações como:

  • Pagamento realizado via boleto ou pix e não reconhecido pelo banco;
  • Erro no sistema, que não registra o pagamento;
  • Dívida negociada, paga, mas o banco não exclui o nome dos órgãos de proteção ao crédito;
  • Dívida parcelada e o banco cobra o valor total novamente;
  • Débito automático duplicado ou com erro.

O CDC é claro ao afirmar que nenhuma cobrança pode ser feita de forma abusiva, vexatória ou indevida:

Art. 42, caput, CDC: "Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto ao ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça".

Meu nome está no SPC mesmo após o pagamento: E agora?

Se você pagou a dívida e o nome continua negativado, o banco ou credor está em descumprimento da legislação e você tem direito a:

  • Exigir a imediata exclusão do nome dos cadastros de inadimplentes (SPC, Serasa, Boa Vista);
  • Ser indenizado por danos morais, caso isso tenha gerado constrangimento, recusa de crédito ou outros prejuízos.

Exemplo prático:

Imagine que você quitou um financiamento de R$ 3.000,00 com um banco no dia 10/7. Recebeu o comprovante, mas ao tentar financiar um carro em 30/7, teve o crédito recusado por estar com o nome negativado.

Esse cenário autoriza ação judicial com pedido de indenização.

Qual o prazo para o banco retirar a negativação?

A legislação não estabelece um prazo fixo em dias, mas a jurisprudência tem adotado o entendimento de que a exclusão deve ocorrer em até 5 dias úteis após o pagamento.

Se já se passaram mais de 5 dias úteis do pagamento e o seu nome ainda está nos cadastros, você está diante de uma negativação indevida.

Cobrança vexatória: O que o banco não pode fazer

Além da cobrança indevida, muitos bancos e empresas cometem outro erro grave: a cobrança vexatória, que ocorre quando a instituição:

  • Liga insistentemente para o consumidor em horários inadequados;
  • Cobra valores em público ou na frente de colegas de trabalho;
  • Envia mensagens para terceiros (familiares, vizinhos);
  • Usa ameaças veladas ("iremos protestar o seu nome", "você será processado", etc.);
  • Envia cartas com dizeres ofensivos ou humilhantes.

Essa prática é expressamente proibida pelo CDC, e configura violação da dignidade e intimidade do consumidor.

Art. 71 do CDC: "Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas, ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer".

Como exigir a retirada do seu nome do SPC

Passo 1: Guarde a comprovação do pagamento

Antes de qualquer providência, guarde os comprovantes de pagamento (boleto quitado, extrato de pix, prints do app bancário, comprovantes do acordo).

Se houver conversa com o banco sobre isso (telefone, e-mail, WhatsApp), registre tudo.

Passo 2: Notifique o banco

Você pode enviar uma notificação extrajudicial para o banco exigindo a retirada do nome do cadastro, sob pena de medidas judiciais.

Na notificação, informe:

  • Dados pessoais;
  • Número do contrato;
  • Data e forma do pagamento;
  • Protocolo de atendimento (se houver);
  • Solicitação expressa de exclusão imediata do nome do SPC/Serasa.

Dica: Essa notificação pode ser feita com ajuda de um advogado ou através dos canais oficiais do banco (ouvidoria, SAC, Procon).

Passo 3: Entre com ação judicial

Se mesmo após o pedido a empresa não excluir a negativação ou continuar com a cobrança indevida, você poderá ingressar com:

  • Ação de obrigação de fazer, para forçar a retirada do nome do SPC;
  • Pedido de danos morais, pelos constrangimentos e prejuízos;
  • Pedido de tutela de urgência, para que o nome seja retirado rapidamente enquanto o processo corre.

Quando cabe indenização por danos morais?

Não é necessário que o consumidor prove o "sofrimento emocional" a inclusão indevida no SPC/Serasa por dívida paga já é considerada suficiente para gerar danos morais presumidos.

Valores da indenização

  • Os tribunais costumam arbitrar valores entre R$ 3.000 a R$ 15.000, conforme o grau de prejuízo causado;
  • Casos com recusa de crédito para compra de imóvel, carro ou emprego negado costumam gerar indenizações maiores.

Vantagens de ter um advogado especialista em Direito Bancário

Muitas vezes, o consumidor tenta resolver sozinho, mas o banco ignora, com o apoio de um advogado, você ganha:

  • Redação adequada da notificação extrajudicial;
  • Pedido de tutela de urgência, agilizando a exclusão do nome;
  • Ação judicial com pedido de indenização bem fundamentado;
  • Acompanhamento estratégico e técnico para maximizar seu direito.

Além disso, em muitos casos, o banco é condenado a pagar os honorários do advogado, não sendo necessário que você desembolse do próprio bolso inicialmente.

Conclusão: Seu nome limpo é um direito

A cobrança de dívidas já quitadas não é apenas um erro: é uma ilegalidade grave, que afeta sua honra, dignidade e vida financeira.

Você não é obrigado a aceitar cobranças vexatórias, nem a ficar com o nome sujo por falha do banco.

Pagou e continuam cobrando?

Não aceite calado.

Procure orientação jurídica, exija a correção imediata e, se necessário, vá à Justiça exigir seus direitos e uma justa indenização.

Kelton Aguiar

VIP Kelton Aguiar

Advogado Desde 2008 Formado pela Universidade Federal de Santa Catarina Experiência em mais de 2.000 ações judiciais ESPECIALISTA EM DIREITO BANCÁRIO OAB/SC 27135 e OAB/SP 386.554 @meuadvogadobancario

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