Cobrança vexatória: Como o banco não pode te cobrar?
Você já recebeu ligações insistentes, mensagens constrangedoras ou ameaças do banco para quitar uma dívida?
domingo, 21 de setembro de 2025
Atualizado em 19 de setembro de 2025 09:54
Se isso já aconteceu, atenção: você pode estar sendo vítima de cobrança vexatória, uma prática proibida por lei e que pode gerar indenização por danos morais.
Neste artigo, vamos explicar o que é a cobrança vexatória, como a lei protege o consumidor, quais atitudes são ilegais por parte dos bancos, e o que fazer caso você seja vítima.
O que é considerado cobrança vexatória?
Cobrança vexatória é toda prática abusiva, constrangedora, humilhante ou invasiva feita por bancos ou empresas para forçar o pagamento de uma dívida.
Ela ocorre quando o banco ultrapassa os limites legais e excede o direito de cobrar violando os direitos da personalidade do devedor, como a honra, imagem, privacidade e tranquilidade.
A dívida existe? Pode ser cobrada?
Sim. Mas o meio de cobrança não pode ultrapassar os limites da legalidade, moralidade e respeito ao consumidor.
Quais são os exemplos mais comuns de cobrança vexatória?
Veja algumas situações típicas de cobranças vexatórias praticadas por bancos:
- Ligações diárias e insistentes, inclusive em horários inapropriados;
- Mensagens e áudios agressivos no WhatsApp;
- Cobranças feitas para terceiros, como parentes, amigos, vizinhos ou colegas de trabalho;
- Ameaças de prisão, penhora, perda de bens ou outras consequências ilegais;
- Exposição do consumidor ao ridículo ou envio de correspondência com palavras ofensivas;
- Ligações automáticas sem atendimento humano, que apenas repetem uma mensagem;
- Funcionários mal-educados, que gritam, xingam ou humilham o cliente;
- Cobrança em local de trabalho, escola ou igreja.
Se você se identificou com qualquer um desses cenários, é importante seguir lendo este artigo e entender seus direitos.
O que diz o CDC
O art. 42 do CDC é categórico:
"Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto ao ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça."
Além disso, o art. 71 do CDC estabelece pena de detenção de três meses a um ano e multa para quem utilizar de meios vexatórios na cobrança.
Ou seja: não importa se a dívida existe o banco deve respeitar a dignidade do consumidor ao cobrar.
Cobrança vexatória por bancos: Há limites legais?
Sim.
Os bancos têm o direito de cobrar, mas há limites claros sobre como isso deve ser feito.
Os principais limites legais:
- Horário de cobrança: Só pode ocorrer entre 8h e 20h em dias úteis;
- Contato com terceiros: Não pode ser feito sem autorização;
- Reiteração: O banco não pode insistir de forma abusiva, ligando várias vezes por dia;
- Ameaças: O banco não pode prometer prisão, penhora ou inclusão em cadastro de inadimplentes sem respaldo;
- Privacidade: Deve respeitar a intimidade do consumidor e evitar exposição em público.
Mesmo que o consumidor esteja devendo, ele ainda tem direitos que precisam ser respeitados.
O que fazer se você estiver sofrendo uma cobrança vexatória?
Veja os passos recomendados:
1. Reúna provas
- Salve prints de mensagens, ligações e áudios;
- Registre ligações recebidas com horário e frequência;
- Faça um relato detalhado com datas, nomes e contextos;
- Grave, se possível, as conversas (especialmente se forem abusivas).
2. Formalize uma reclamação
- Registre a situação no Banco Central (https://www.bcb.gov.br);
- Faça queixa no Procon da sua cidade;
- Denuncie à ouvidoria do banco.
3. Procure um advogado especialista
- Ele poderá avaliar se há direito à indenização;
- Entrar com uma ação judicial contra o banco;
- Solicitar tutela de urgência para cessar os abusos imediatamente.
Cobrança indevida também é vexatória?
Sim. Inclusive, quando você nem deve e mesmo assim é cobrado, isso configura duplo abuso:
- Cobrança de dívida inexistente;
- Uso de meios vexatórios.
Imagine receber uma ameaça de penhora por uma dívida que você nunca fez?
Ou ver seu nome no SPC/SERASA por engano? Essa situação é extremamente comum e já foi reconhecida pelo STJ como geradora de dano moral presumido.
Como provar a cobrança vexatória?
Você pode provar por meios eletrônicos, testemunhas, gravações e até prints.
Provas aceitas pela Justiça:
- Prints de WhatsApp, SMS, e-mails ou notificações;
- Gravação de chamadas (inclusive sem aviso prévio, pois há jurisprudência favorável);
- Correspondência recebida com termos ofensivos;
- Testemunhos de colegas de trabalho ou familiares;
- Protocolo de atendimento do SAC ou ouvidoria do banco.
O ideal é não apagar nada e manter todas as provas armazenadas com segurança.
Você pode ser indenizado?
Sim. O STJ já consolidou o entendimento de que a cobrança vexatória gera direito a indenização por danos morais, independentemente de ter havido prejuízo material.
Em outras palavras: você não precisa provar que sofreu um prejuízo financeiro, basta comprovar o abuso.
Valores das indenizações
As indenizações variam conforme o grau da ofensa, mas podem chegar a:
- R$ 3.000 a R$ 5.000 por ligações insistentes;
- R$ 10.000 a R$ 20.000 em casos de exposição pública;
- R$ 20.000 a R$ 50.000 ou mais em casos mais graves (como perseguição, ameaças e danos à saúde emocional).
Por que ter um advogado especialista pode mudar o seu caso
Um advogado com experiência em Direito do Consumidor e ações contra bancos pode:
- Orientar você sobre como reunir provas corretamente;
- Evitar perda de prazos ou erros no processo;
- Calcular o valor justo da indenização;
- Pedir tutela de urgência para parar a cobrança imediatamente;
- Agir com firmeza contra o banco, com base em jurisprudência atualizada e sólida.
É comum o banco tentar alegar que "não houve abuso" ou que "foi um erro do sistema". Um advogado saberá como desmontar essas alegações e proteger seus direitos.
Conclusão: Faça valer seus direitos!
Você não é obrigado a aceitar ligações ofensivas, mensagens humilhantes, ameaças, exposição pública ou qualquer outro tipo de constrangimento de um banco, mesmo que esteja devendo.
A cobrança vexatória é ilegal, imoral e indenizável.
Se você se identificou com qualquer situação deste artigo, não fique calado. Reúna provas, formalize denúncia e conte com um advogado especialista.


