Simples Nacional e jurisprudência do STJ: O que saber
Decisões recentes do STJ, o que elas significam na prática para os empreendedores e como casos como o AFRMM - Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante x Simples Nacional.
sexta-feira, 21 de novembro de 2025
Atualizado às 14:50
Você sabia que, mesmo optando pelo Simples Nacional, sua empresa pode ser surpreendida com obrigações, tributos e interpretações judiciais que fogem da promessa de simplificação?
O STJ vem consolidando uma jurisprudência cada vez mais relevante sobre os limites e as obrigações do regime, impactando diretamente milhares de empresários brasileiros.
Neste artigo, vamos explicar de forma detalhada as principais decisões recentes do STJ, o que elas significam na prática para os empreendedores e como casos como o AFRMM - Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante x Simples Nacional se tornaram verdadeiros leading cases no cenário tributário.
O que é o Simples Nacional?
Instituído pela LC 123/06, o Simples Nacional foi pensado para reduzir a burocracia enfrentada por microempresas e empresas de pequeno porte no Brasil.
Na prática, ele unifica em uma única guia de pagamento (DAS) tributos como:
- IRPJ,
- CSLL,
- PIS/Pasep,
- Cofins,
- IPI,
- ICMS,
- ISS.
Apesar disso, nem todos os tributos estão contemplados no regime.
O FGTS, por exemplo, continua sendo devido de forma separada, e outras obrigações específicas também não estão incluídas.
A promessa de simplificação e a realidade
Embora o nome "Simples" sugira facilidade, o dia a dia dos empresários mostra que o sistema pode se tornar bastante complexo:
- O DAS não cobre todas as obrigações;
- Existem regras de exclusão automáticas em caso de débitos;
- Empresas de alguns setores não podem optar pelo regime;
- Benefícios fiscais setoriais, como o PERSE, não são compatíveis com o Simples.
Ou seja: o empresário precisa ficar atento para não cair na armadilha de acreditar que o Simples resolve todos os problemas tributários.
Jurisprudência do STJ e o Simples Nacional
O STJ, como instância responsável por uniformizar a interpretação da lei Federal, tem se debruçado sobre várias questões envolvendo o Simples.
STJ e o PERSE
O PERSE - Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos concedeu benefícios fiscais importantes, mas o STJ decidiu que empresas optantes do Simples não podem acumular esses benefícios, sob pena de dupla vantagem tributária.
Vedação à retroatividade
Outro ponto fixado é que a exclusão ou inclusão de débitos no Simples não pode retroagir. Isso significa que, se a empresa foi excluída do regime, não pode simplesmente "apagar" o passado regularizando depois.
FGTS e o Simples Nacional
Muitos acreditavam que o Simples englobava também obrigações trabalhistas.
O STJ deixou claro: o FGTS deve ser pago normalmente, fora do DAS.
O leading case do AFRMM x Simples Nacional
O AFRMM - Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante é um tributo cobrado sobre o frete marítimo em operações de importação.
Alguns empresários entendiam que, por estarem no Simples, estariam isentos.
O STJ, porém, fixou jurisprudência no sentido de que:
- O AFRMM não está incluído no Simples Nacional;
- Empresas optantes devem recolher o tributo separadamente;
- A não observância pode gerar autuações milionárias.
Esse julgamento se tornou um leading case, inclusive mencionando ações em que escritórios de advocacia especializados atuaram na defesa das empresas.
Impacto prático para o empresário
Essas decisões trazem consequências reais:
- Risco de autuações por desconhecimento de obrigações;
- Impossibilidade de acumular benefícios fiscais;
- Necessidade de pagar tributos adicionais fora do DAS;
- Exposição a multas elevadas em importações.
O empresário precisa entender que o Simples não é uma blindagem contra todas as exigências do fisco.
Como se proteger e atuar de forma preventiva
Algumas medidas podem reduzir riscos:
- Acompanhamento constante da jurisprudência do STJ e de alterações legislativas;
- Revisão tributária preventiva, garantindo que a empresa esteja em dia;
- Assessoria especializada em importação, evitando problemas como o do AFRMM;
- Planejamento tributário, avaliando se o Simples realmente é o melhor regime ou se vale migrar para o Lucro Presumido/Real.
A importância de um advogado especialista
O cenário mostra que o Simples é cheio de nuances, por isso, contar com um advogado especialista em Direito Tributário e empresarial é indispensável.
Esse profissional pode:
Elaborar estratégias de economia tributária;
- Defender a empresa em processos administrativos e judiciais;
- Prevenir autuações e multas;
- Avaliar qual regime tributário é mais vantajoso.
Conclusão
O Simples Nacional é uma ferramenta poderosa, mas a jurisprudência do STJ demonstra que ele está longe de ser simples.
O empresário que deseja evitar riscos deve:
- Entender suas limitações;
- Cumprir obrigações fora do DAS;
- Se preparar para cobranças adicionais, como o AFRMM;
- Contar sempre com apoio jurídico especializado.


