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O advogado e a inteligência artificial: Parceiros na Justiça

Da gestão de processos ao contato com o cliente: Por que a IA é ferramenta, e não substituta.

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Atualizado em 9 de outubro de 2025 09:12

A centralidade do advogado na defesa dos direitos

O advogado ocupa papel insubstituível na sociedade contemporânea. É ele quem interpreta normas jurídicas, articula argumentos, humaniza causas e dá voz a pessoas que, sozinhas, não teriam condições de enfrentar a complexidade do sistema judicial. A advocacia não é apenas técnica: exige empatia, sensibilidade, estratégia e criatividade. Esses elementos são inseparáveis da atuação profissional e não podem ser replicados por algoritmos. Mais do que aplicar a lei, o advogado identifica nuances em cada caso, compreende o contexto social, cultural e emocional das partes e formula estratégias jurídicas individualizadas. A essência da advocacia reside no raciocínio crítico e no compromisso ético, atributos que vão além da capacidade de processamento de dados.

A inteligência artificial como acessório de valor

Se, por um lado, a inteligência artificial não pode substituir o advogado, por outro, ela se mostra uma aliada poderosa. Aplicativos de IA já otimizam pesquisas jurisprudenciais, automatizam tarefas repetitivas e oferecem resumos de documentos extensos em segundos. Isso libera tempo para que o advogado se concentre no que realmente importa: a defesa qualificada de seu cliente. A inteligência artificial também auxilia na organização de provas, na busca de documentos fraudados, na simulação de cenários processuais e até na análise de grandes volumes de dados, algo que seria impraticável manualmente. Assim, a tecnologia não elimina a relevância do profissional, mas amplia sua capacidade de atuação.

A aplicação no contencioso de volume

Um dos campos em que a inteligência artificial mais demonstra utilidade prática é o contencioso de volume. Escritórios e departamentos jurídicos que lidam com milhares de processos simultâneos - como os envolvendo bancos, empresas de telefonia, de transporte aéreo e planos de saúde e seguradoras - encontram na IA uma ferramenta estratégica para lidar com a alta demanda. Softwares alimentados por inteligência artificial conseguem: Identificar padrões repetitivos em decisões judiciais; Classificar processos por grau de risco e relevância; Sugerir minutas padronizadas para casos semelhantes;  Automatizar o acompanhamento processual, reduzindo o tempo gasto em tarefas manuais. Esse suporte tecnológico permite ao advogado garantir maior qualidade na defesa e eficiência na gestão de milhares de ações. Em vez de desumanizar a advocacia, a IA contribui para que os profissionais consigam equilibrar volume e profundidade, entregando resultados mais consistentes em menor tempo. Apesar da eficiência da inteligência artificial no contencioso de volume, é imprescindível destacar que a tecnologia não substitui a relação direta entre advogado e cliente. Em litígios massificados, muitas vezes os clientes sentem-se reduzidos a números ou estatísticas. É justamente aí que o advogado reafirma sua importância: ouvir, acolher e orientar cada cliente de maneira individualizada. A confiança nasce do contato humano, da empatia e da segurança transmitida por quem compreende não apenas a lei, mas também a realidade concreta vivida pelo cliente. A inteligência artificial pode sugerir uma minuta ou classificar processos, mas não consegue transmitir a sensação de amparo, nem assumir a responsabilidade ética de orientar e defender uma empresa ou pessoa  em juízo. Portanto, no contencioso de volume, a melhor equação é clara: IA como ferramenta de gestão e advogado como agente humano de defesa. Essa integração garante eficiência sem perder de vista a essência do Direito - proteger direitos e promover justiça de forma justa e personalizada.

Convivência harmônica e complementar

A advocacia e a inteligência artificial não devem ser vistas como rivais, mas como complementares. Enquanto a IA garante agilidade, eficiência e acesso à informação, o advogado garante humanidade, ética e interpretação crítica. Juntos, formam uma combinação que eleva a qualidade do serviço jurídico prestado, tornando-o mais acessível, rápido e eficaz. O futuro não é do advogado ou da IA isoladamente, mas do advogado fortalecido pela inteligência artificial, utilizando-a como instrumento para ampliar sua performance, sem jamais abrir mão do elemento humano que dá sentido ao Direito.

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Nota final: Este artigo foi escrito em parceria entre advogado e inteligência artificial, demonstrando, na prática, a força dessa integração.

Fernando Rosenthal

Fernando Rosenthal

Sócio do Rosenthal e Guaritá Advogados, um dos escritórios pioneiros na área de Direito do Consumidor, fundado em 2002.

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