O retumbante fracasso da COP 30
O evento encerrou-se sem resultados efetivos, com desmatamento e uso de combustíveis fósseis negligenciados e interesses financeiros dominando o evento.
terça-feira, 9 de dezembro de 2025
Atualizado às 09:16
Festejada e exaltada pelas mídias oficias do planeta, pelo governo social liberal (progressista) do presidente Lula, pelos governos dos países desenvolvidos, pelo agronegócio etc, etc, a COP 30, ao final dos dias do evento, assistiu ao seu ocaso. Não que o Brasil e o resto do mundo não desejasse o contrário, mas, como já se esperava, ela teve a mesma sorte das COPs anteriores.
Com efeito, o cerne da questão que deveria ter sido trabalhada e acordada nessa COP era a redução substancial da queima de combustíveis fósseis e o desmatamento. Esses temas, olvidados nas COPs anteriores, não fizeram parte das declarações finais da COP 30.A meta de 1,5 graus celsius fixada no acordo de Paris foi também tangenciada. O embaixador da COP 30, André Correia de Lago, disse que a redução dos combustíveis fósseis não entrou no acordo final, mas que entrará na COP 31. Para o Green Peace, esse seria um prêmio de consolação.
De outro lado, os países desenvolvidos e os países Árabes não quiseram colaborar. Ora, na condição de maiores exploradores de combustíveis fósseis do mundo, isso já era de se esperar. Eles sempre foram, ao longo da história, os maiores poluidores, mas exigem os esforços para combater o aquecimento global apenas dos países em desenvolvimento ou periféricos. OS EUA sequer participaram desse evento. Nem mesmo a criação do TFFF - Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, que financiaria as medidas de proteção ambiental, contou com a colaboração da maioria dos países ricos. Ademais, os países grandes produtores de petróleo lideraram o embargo a um plano de transição para energias renováveis.
O que se viu, com muita frequência, na COP 30 foi a massiva e solene participação de empresas que se encontram na lista negra de maiores poluidores e causadores de desastres ambientais , tais como a Vale, responsável pelos desastres de Brumadinho e Mariana , a Hydro, responsável pela venda de agrotóxicos, a Bayer, responsável por processos globais relacionados ao glisofato, produto cancerígeno que contaminou a comunidade indígena Avá - Guarani, o Itaú Unibanco, com seus propósitos rentistas, menina dos olhos da elite dominante que participava do evento, etc, etc.
Nesse diapasão, é importante assinalar que a financeirização e o rentismo marcaram os propósitos de empresários que participavam do evento. O objetivo principal da grande maioria deles não foi a proteção do meio ambiente, mas sim fazer negócios financeiros rentáveis, crédito de carbono e quejandos, com vistas a ensejarem compensações financeiras que supostamente serviriam para a para a preservação do meio ambiente, o que , em nada e por nada, tem essa finalidade. Com já assinalado, os dois pontos centrais relativos à proteção ambiental foram negligenciados: redução dos combustíveis fósseis e do desmatamento.
Por outro lado, dignos de nota e louvores foram as participações da sociedade civil organizada e das comunidades indígenas. Elas denunciaram a ausência das maduras demarcações de terras indígenas, a criação da ferrogrão, ferrovia que atenderá aos interesses do agronegócio, inobstante os prejuízos ambientais que acarretará, e a privatização de quatro rios na região amazônica. Em virtude desses protestos, o governo foi obrigado a negociar com os indígenas e os movimentos sócias.
Não é demasiado lembrar que o presidente Lula foi contraditório em uma das suas declarações relativas à COP 30, na medida em que, se de um lado, defendeu a redução dos combustíveis fósseis, de outro anuiu com relação à exploração de petróleo na margem equatorial do rio amazonas. Aliás, nesse particular, o presidente fez coro com o setor do extrativismo que estava vibrantemente presente no evento, a saber, exploradores de gás, petróleo, mineradoras, terras raras etc.
Só nos resta esperarmos alguma coisa significativa na vindoura COP 31, com o que não estou nada entusiasmado , no que que concerne à redução dos combustíveis fósseis e do desmatamento, a menos, quanto ao Brasil, se o próximo governo Lula fizer um grande giro à esquerda.


