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Reforma tributária, Código Civil e IA: o guia essencial para empresas

O texto sintetiza que as empresas brasileiras atravessam um momento de mudanças simultâneas que exigem conformidade legal.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Atualizado às 14:37

O ambiente empresarial brasileiro ingressa em um período de transformações simultâneas e profundas. A combinação entre a reforma do Código Civil - que atualiza pilares estruturantes das relações privadas -, a implementação da reforma tributária e a aceleração do uso da inteligência artificial nos negócios projeta um cenário de complexidade inédita, no qual decisões estratégicas passam a exigir análises multidisciplinares e respostas jurídicas contínuas.

1. A reforma do Código Civil e o redesenho das relações contratuais

As mudanças propostas para o Código Civil, sobretudo no campo das obrigações, contratos e responsabilidade civil, tendem a modificar a forma como as empresas se relacionam entre si e com consumidores. Institutos como boa-fé objetiva, revisão contratual, responsabilidade por danos digitais e regimes de prescrição e decadência ganham novos contornos.

Em um mercado cada vez mais marcado por tecnologia, dados e relações fluidas, ajustes legislativos que reforcem previsibilidade e segurança jurídica são essenciais. Para o setor empresarial, isso significa a necessidade de revisão de contratos, adequação de políticas internas e análise de riscos sob perspectivas que antes não eram relevantes - especialmente quanto à circulação de informações, automação de processos decisórios e novas formas de prestação de serviços.

2. A reforma tributária e a reorganização estratégica das empresas

A reestruturação do sistema tributário, ao substituir um mosaico de tributos cumulativos por um modelo de IVA dual, impõe às empresas um desafio operacional e jurídico de grande escala. A transição normativa envolverá novas regras de créditos, regimes diferenciados, impactos no fluxo de caixa e redefinição de centros de custos.

Além disso, o período de convivência entre modelos - que se estende por vários anos - exige que a empresa tome decisões estruturais agora: reorganização societária, avaliação de cadeias produtivas, revisão de contratos de fornecimento e atenção redobrada à conformidade fiscal. Em um cenário de intenso escrutínio administrativo e jurisprudencial, falhas de adaptação podem gerar custos expressivos, autuações e litígios longos.

3. Inteligência artificial integrada aos negócios jurídicos

A adoção de inteligência artificial como ferramenta de gestão, tomada de decisão e automação contratual já deixou de ser tendência e se tornou realidade, inclusive nos escritórios e departamentos jurídicos. Contudo, o uso de IA exige cuidados específicos: responsabilidade por decisões automatizadas, proteção de dados, vieses algorítmicos, rastreabilidade das operações e conformidade com legislações setoriais.

A integração de IA ao ambiente empresarial demanda que contratos contemplem cláusulas sobre auditoria de sistemas, confidencialidade tecnológica, propriedade intelectual, limites de uso e responsabilidades em caso de falhas operacionais. No campo jurídico, a IA auxilia, mas não substitui a análise humana, reforçando a necessidade de profissionais capazes de compreender tanto o direito quanto o funcionamento dessas tecnologias.

4. A importância da assessoria jurídica integrada

Diante desse tripé de transformações - civil, tributária e tecnológica -, as empresas passam a necessitar de um modelo de assessoria que transcenda o atendimento pontual e fragmentado. O momento demanda assessoria jurídica integrada, capaz de reunir, sob uma mesma estratégia:

  • Análise contratual alinhada aos novos parâmetros do Código Civil;
  • Planejamento e conformidade tributária permanentes;
  • Integração segura de tecnologias emergentes;
  • Prevenção de litígios em múltiplas frentes;
  • Visão de negócios orientada por governança e compliance.

A integração entre áreas cível, empresarial, tributária, digital, societária e regulatória permite que as empresas atuem com antecipação, e não apenas reação. Em um ecossistema jurídico em mutação acelerada, a vantagem competitiva está justamente em prever impactos, ajustar estruturas e garantir segurança jurídica antes que os problemas se materializem.

Conclusão

A convergência entre a reforma do Código Civil, a reforma tributária e a incorporação da inteligência artificial inaugura um novo paradigma para o direito aplicado aos negócios. Para navegar com segurança nesse cenário, a assessoria jurídica deve atuar de forma coordenada, contínua e integrada, fornecendo às empresas não apenas respostas normativas, mas visão estratégica para decisões que moldarão os próximos anos do mercado brasileiro.

Giselle Farinhas

VIP Giselle Farinhas

Sócia GFAC Advogados e Consultores Pós graduada em direito público e privado pela Fundação Escola Superior do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro Comitê do Brasil na ALAM - Macau

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