A advocacia aumentada e o uso estratégico da inteligência artificial
O artigo examina os impactos da inteligência artificial na prática jurídica, com enfoque técnico, destacando limites, responsabilidades e o papel central do raciocínio jurídico humano.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2025
Atualizado às 14:38
A inteligência artificial deixou de ocupar o campo das projeções futuristas para se consolidar como instrumento presente na prática jurídica contemporânea. Ferramentas baseadas em IA já são utilizadas para pesquisa, organização de informações, análise documental e apoio à redação de textos jurídicos.
Superada a fase inicial de entusiasmo tecnológico, o debate atual desloca-se para a forma como essas ferramentas devem ser utilizadas de modo técnico, responsável e compatível com os deveres profissionais do advogado. O uso irrefletido da tecnologia, sem compreensão de seus limites, pode comprometer a qualidade da atuação jurídica.
Um equívoco recorrente consiste em tratar as diferentes ferramentas de inteligência artificial como equivalentes. Cada sistema possui finalidades específicas, com níveis distintos de precisão, capacidade analítica e confiabilidade. A escolha inadequada da ferramenta para determinada tarefa tende a gerar resultados superficiais ou juridicamente imprecisos.
Nesse contexto, a chamada engenharia de prompt assume relevância prática. A clareza das instruções fornecidas à inteligência artificial influencia diretamente a qualidade das respostas. A definição do contexto jurídico, da tarefa pretendida e dos limites normativos é essencial para que a tecnologia funcione como instrumento auxiliar do raciocínio humano.
A integração estratégica dessas ferramentas permite a construção de fluxos de trabalho mais eficientes, geralmente organizados em etapas de pesquisa, análise e redação. Esse modelo contribui para a racionalização do tempo, sem afastar o protagonismo do advogado na interpretação jurídica e na tomada de decisões.
Apesar das vantagens operacionais, permanece inafastável a responsabilidade profissional do advogado. Eventuais equívocos produzidos por sistemas automatizados não afastam o dever de conferência, validação normativa e adequação jurídica do conteúdo utilizado.
A inteligência artificial, portanto, não substitui o raciocínio jurídico, mas pode ampliá-lo quando utilizada com método, consciência ética e domínio técnico. Seu uso adequado contribui para uma advocacia mais eficiente, sem renunciar à centralidade do pensamento jurídico humano.


