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As operadoras telefônicas e a invasão da privacidade

Antigamente, antes do advento da violência urbana, quando a maioria das pessoas ainda morava em casas, toda família costumava ter um prato e talheres para os pedintes de comida. Bastava o cheirinho do almoço para a campainha tocar e sempre havia alguém pedindo um prato, alegando que estava com fome. Perturbava, mas o espírito de solidariedade falava mais alto, mesmo incomodando a hora do almoço. Tinham até uns mendigos cativos, que alternavam de casa em casa durante um certo período.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Atualizado em 25 de março de 2008 09:39


As operadoras telefônicas e a invasão da privacidade

Sylvia Romano*

Antigamente, antes do advento da violência urbana, quando a maioria das pessoas ainda morava em casas, toda família costumava ter um prato e talheres para os pedintes de comida. Bastava o cheirinho do almoço para a campainha tocar e sempre havia alguém pedindo um prato, alegando que estava com fome. Perturbava, mas o espírito de solidariedade falava mais alto, mesmo incomodando a hora do almoço. Tinham até uns mendigos cativos, que alternavam de casa em casa durante um certo período.

Hoje, com a maioria da população das grandes cidades morando em apartamentos, este incômodo social diminuiu muito, sendo que os pedintes ocupam praticamente todas as esquinas da cidade e, de certa maneira, deixaram de perturbar os moradores. Mas infelizmente, o sossego durou pouco! Os "gênios" marqueteiros da maioria das operadoras de telefonia celular descobriram a pólvora e acabaram com a paciência de todos nós usuários de celular. Não tem horário certo, começam sempre a partir das oito e vão até as nove da noite. Alcançam nós, infelizes usuários em qualquer lugar, seja em um velório, teatro, cinema, reunião, ou no trânsito, banheiro, motel, seja onde for os malditos sempre nos alcançam. Quando falo malditos, estou pensando no idiota que contratou o "call center", na maioria das vezes terceirizado, para perturbar a existência de todos nós. Malditos também são os próprios "call centers" que contratam uma multidão de explorados pagando salários irrisórios, mas dando comida, transporte e outros "benefícios" para um bando de jovens mal treinados que, além dos desaforos e palavrões que acabam ouvindo durante todo o dia, ainda são obrigados a passar muitas horas em "baias" feito animais enjaulados ou escravos condenados às "gales perpétuas", e que tem como única obrigação e objetivo interromper e perturbar a nós, seres tão dependentes da comunicação.

Eu como advogada, e atingida diariamente pelo aborrecimento de ter de atender inúmeras ligações das operadoras de telefonia celular tentando me empurrar um monte de serviços que não me interessam e que geralmente custam dinheiro, vou começar a exigir das mesmas que parem de me incomodar, pois se isto não vier a acontecer, começarei a gravar as ligações para, em seguida, processar estas operadoras por invasão de privacidade, com grandes chances de ganhar a causa.

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*Advogada do escritório Sylvia Romano Consultores Associados










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