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Lindemberg e os seqüestros

Dois crimes de seqüestro de grande repercussão estão ligados ao nome Lindemberg. Dois seqüestros tristemente famosos, um o ocorrido em São Paulo e o outro ocorrido nos Estados Unidos. É possível e até provável que a coincidência dos nomes não seja meramente aleatória.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Atualizado em 21 de outubro de 2008 11:21


Lindemberg e os seqüestros

Sérgio Roxo da Fonseca*

Dois crimes de seqüestro de grande repercussão estão ligados ao nome Lindemberg. Dois seqüestros tristemente famosos, um o ocorrido em São Paulo e o outro ocorrido nos Estados Unidos. É possível e até provável que a coincidência dos nomes não seja meramente aleatória.

O primeiro crime foi cometido contra o filho do piloto Charles Lindenberg, cujo nome na sua terra natal ora é assim escrito, ora sem o "n" antes do "b". Trata-se de um herói nacional, pois a ele é atribuída a façanha de ter em maio de 1927, pela primeira vez, cruzado o Atlântico de Nova York até Paris, durante mais de trinta horas.

A notícia não é bem verdadeira. Outros pilotos fizeram a travessia antes dele, correndo muito mais risco, cruzando o oceano da África para o Brasil sem ter abaixo a Inglaterra como pista alternativa. Um deles foi o brasileiro João Ribeiro de Barros que, contrariando as ordens do Presidente Washington Luís, ligou a Europa com a América Latina em 28 de abril de 1927, pilotando o Jahú.

Lindenberg teve o seu filho seqüestrado em 1934. Muito embora tenha pago o resgate, a criança foi assassinada pelo seqüestrador. O alemão Bruno Hauptman foi acusado como autor com fundamento em provas circunstancias. Foi julgado, condenado à pena de morte e executado, protestando inocência.

O nome do herói norte-americano converteu-se numa bandeira não somente por sua audácia, como também pela tragédia que abateu sobre a vida de sua família. O crime de seqüestro nos Estados Unidos é até hoje julgado segundo o modelo do caso Lindenberg.

É possível que o seqüestrador brasileiro tenha recebido o seu nome por essas razões. A verdade pode ser falsa como a falsidade poder ser verdadeira. A história está cheia de exemplos.

Não se pode descartar, todavia, que o nome atribuído ao seqüestrador brasileiro tenha servido, na sua mente, como exemplo negativo, provocando com sinais trocados a dor sofrida por Charles Lindenberg. Seria a imagem de um espelho que, sem a responsabilidade de refletir a verdade, tenha lançado a figura do seu contrário, do seu reverso.

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*Advogado, Procurador de Justiça aposentado do Ministério Público de São Paulo, professor da Faculdade de Direito COC





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