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Nova liminar

Nomeação de Moreira Franco está suspensa novamente; juíza pede perdão a Temer

Para a juíza Regina Coeli Formisano, da 6º vara Federal do Rio de Janeiro, "magistrado não pode se trancar em seu gabinete e ignorar a indignação popular".

Da Redação

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Atualizado às 13:27

A juíza Regina Coeli Formisano, da 6º vara Federal do Rio de Janeiro, concedeu liminar nesta quinta-feira, 9, que determina a suspensão da nomeação de Moreira Franco como ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Ele foi citado na Lava-Jato e, com a nomeação do presidente Michel Temer, passaria a ter foro privilegiado. Esta é a segunda decisão, em menos de 24 horas, que impede a nomeação.

Indignação popular

Na decisão, Regina Formisano apontou argumento do demandante de que Moreira Franco é investigado na Lava Jato por força de delação, homologada pela ministra do STF Cármen Lúcia, situação em que foi citado por mais de 30 vezes, o que foi amplamente divulgado na mídia gerando clamor público, e afirmou: o magistrado não pode se trancar em seu gabinete e ignorar a indignação popular.

Para a magistrada, tudo leva a crer que, de fato, a criação do cargo deu-se com intuito de proteger Moreira Franco com foro privilegiado, fato que "atenta contra o princípio da moralidade administrativa, bem configura o desvio de finalidade".

"Tudo leva a esse entendimento, especialmente pelo fato de que referida recriação de ministério já extinto, em cumprimento a promessas de redução da estrutura estatal, ter-se dado de forma açodada e através de medida provisória, que tem por pré-requisito exige providencias urgentes e inadiáveis."

Perdão

A juíza afirmou ter conhecimento da distribuição de diversas ações similares por todo o país pedindo a suspensão da nomeação, e comparou a nomeação de Moreira, feita por Temer, com a indicação de Lula para o ministério, feita pela ex-presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, a nomeação de Lula foi suspensa pela Justiça. Na liminar proferida nesta quinta-feira, a juíza pediu perdão a Temer "pela insurgência".

"Peço, humildemente perdão ao presidente Temer pela insurgência, mas por pura lealdade as suas lições de Direito Constitucional. Perdoe-me por ser fiel aos seus ensinamentos ainda gravados na minha memória, mas também nos livros que editou e nos quais estudei. Não só aprendi com elas, mas, também acreditei nelas e essa é a verdadeira forma de aprendizado."

Afirmou, no entanto, acreditar não ser coerente permitir que o presidente adote a mesma postura de Dilma ao tentar blindar Lula com indicação semelhante.

"Por outro lado, também não se afigura coerente, que suas promessas ao assumir o mais alto posto da Republica sejam traídas, exatamente por quem as lançou no rol de esperança dos brasileiros, que hoje encontram-se indignados e perplexos ao ver o seu Presidente, adotar a mesma postura da ex-Presidente impedida e que pretendia também, blindar o ex-presidente Luiz Ignácio Lula da Silva."

Decisão repetida

Na quarta-feira, um juiz de Brasília já havia tomado a mesma decisão, mas ela foi revertida no TRF da 1ª região após recurso da Advocacia-Geral da União. Como a JF/RJ está sob jurisdição do TRF da 2ª região, a decisão da juíza impede Moreira Franco de assumir o cargo.

Veja a íntegra.

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