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RHC

Devido à crise, ministro permite participação de irmãos Batista em reuniões da J&F, mas sem voto

Mérito ainda será analisado pela 6ª turma.

Da Redação

sexta-feira, 27 de março de 2020

Atualizado em 28 de março de 2020 09:59

O ministro do STJ Rogerio Schietti Cruz autorizou nesta sexta-feira, 27, a participação de Joesley e Wesley Batista, sem direito a voto, em reuniões da diretoria e dos demais órgãos administrativos das empresas do grupo J&F.

O ministro manteve a proibição de ambos exercerem cargos de administração nas empresas investigadas em desdobramentos da Operação Lava Jato e de realizarem operações de câmbio e de valores mobiliários.

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No recurso em HC submetido ao STJ por Joesley Batista, a defesa pediu que fosse revogada a proibição de ocupar cargos ou funções nas empresas envolvidas nos fatos apurados em uma das ações penais - sanção imposta pela JF/SP.

A defesa alegou que os Batista fecharam acordo de leniência com o MPF, comprometendo-se a pagar R$ 10,3 bilhões à União, e que o afastamento dos irmãos, em tempos de crise provocada pelo coronavírus, pode afetar severamente o grupo J&F, sendo indispensável seu retorno para o comando das empresas.

Na petição, foi destacado que o grupo J&F é responsável pelo abastecimento de 25% do mercado de alimentos do país e emprega atualmente 260 mil pessoas.

Conciliar interesses

O ministro Rogerio Schietti Cruz frisou que o mérito do RHC será analisado pela 6ª turma, mas, diante do cancelamento das sessões presenciais do tribunal - determinado para evitar a expansão da pandemia -, é improvável que esse julgamento ocorra em prazo razoável.

Schietti ressaltou os graves impactos da atual crise sanitária mundial na economia dos países, com a perspectiva de perdas substanciais de capital e prejuízos incalculáveis para os trabalhadores.

Segundo ele, não há dúvida quanto ao fato de que o acordo de leniência com o MP vem sendo cumprido, incluindo o pagamento da quantia "astronômica" de R$ 10,3 bilhões.

"Parece-me ser possível, portanto, conciliar os interesses cautelares tutelados pelas já implementadas medidas alternativas à prisão com os interesses, igualmente legítimos, de desenvolvimento da atividade empresarial, sem os riscos que adviriam do pleno exercício de cargos e funções nas empresas envolvidas nas ilicitudes objeto da ação penal a que responde o recorrente."

Longa experiência

O ministro lembrou que a Justiça já permitiu a participação dos irmãos no conselho fiscal das empresas investigadas, vedando, porém, o exercício de cargos de administração. Para ele, a decisão de proibir o exercício de cargos de gestão foi acertada.

"Sem embargo, não identifico risco concreto em autorizar apenas a participação, sem direito a voto, do recorrente nas reuniões da diretoria e dos demais órgãos administrativos das empresas investigadas", afirmou Schietti, que estendeu a decisão em favor de Joesley ao seu irmão Wesley Batista.

Embora continue em vigor a proibição de exercer cargo ou função administrativa - concluiu o ministro -, "não há vedação a que, no propósito de oferecer subsídios, pelo conhecimento e longa experiência que possuem nas empresas, participem das reuniões dos seus órgãos colegiados, sem direito a votar eventuais deliberações".

A defesa é patrocinada por Pierpaolo Cruz Bottini, Igor Sant'Anna Tamasauskas e Tiago Sousa Rocha, de Bottini & Tamasauskas Advogados.

Leia a decisão.

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