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Silêncio seletivo

"Silêncio seletivo": TJ/DF determina novo interrogatório de acusado

Homem afirmou em audiência que ficaria em silêncio às perguntas do juízo por ter se confundido quanto às instruções do seu advogado.

Da Redação

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Atualizado às 15:50

A 2ª turma Criminal do TJ/DFT, ao julgar o recurso de HC, determinou a realização de novo interrogatório a acusado que se confundiu ao dizer que ficaria em silêncio, durante audiência. A decisão menciona ainda que o acusado poderá optar pelo "silêncio seletivo".

De acordo com o processo, o advogado do acusado instruiu seu cliente a se manter em silêncio quanto às perguntas do juiz e da acusação, limitando-se a responder apenas às perguntas do seu advogado. Contudo, no momento da audiência, ao ser perguntado pelo magistrado se iria responder às perguntas ou ficar em silêncio, o acusado respondeu que ficaria em silêncio. Em razão disso, o interrogatório foi encerrado, sem que a defesa tivesse oportunidade de fazer as perguntas.

Ao julgar o recurso, a turma explicou que as gravações e os documentos demonstram que, no momento do interrogatório, foi perguntado ao acusado se ele responderia às perguntas ou se permaneceria em silêncio, sendo informado por ele que permaneceria em silêncio. Contudo, considerou o fato de ele ter se confundido quanto às instruções do seu advogado.

TJ/DFT reconhece

TJ/DFT reconhece "silêncio seletivo" em audiência e determina novo interrogatório de acusado.(Imagem: Freepik)

Por fim, citou que o advogado se manifestou contra a falta de oportunidade de questionar o seu cliente, o que se presume que era estratégia da defesa a orientação de o réu se limitar a responder apenas às suas perguntas.

Destacou que o interrogatório é a única oportunidade que o acusado tem para dar a sua versão dos fatos e que "o direito à ampla defesa, garantia constitucional e princípio basilar do processo penal, permite ao réu o silêncio seletivo - possibilidade de escolher quais perguntas irá responder".

Assim, entendeu que houve evidente cerceamento de defesa e que "o constrangimento do réu de não poder se defender conforme instruído por seu advogado afronta garantia constitucional", concluiu o desembargador relator, Jair Soares.

A decisão do colegiado foi unânime.

Veja decisão.

Informações: TJ/DFT

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