Migalhas de Peso

Ufa! Vai ter Natal!

Sim, temos instabilidade política e econômica. Sim, temos insatisfação e descrença. Mas isso é suficiente para adiarmos constantemente os momentos felizes?

23/11/2015

Elas finalmente começaram a ser montadas. Modestas, menos enfeitadas, menores, mas enfim as lojas, ruas, escritórios começaram a exibir suas árvores de natal. Pleno Novembro e eu observava que nenhum sinal de decoração natalina, árvore, Papai Noel nas cidades do país.

Em outras épocas, embalados pela pujança econômica e embriagados pelos anos de crescimento, em outubro já se enchiam os shoppings de cores, luzes e sons remetendo às festas de fim de ano.

No presente, vemos uma hesitação, uma dúvida angustiante que parece assombrar as pessoas: “será que podemos celebrar algo? Será que temos o direito de pensar em presentes, comida boa, encontrar parentes e amigos, rir e dançar?”

Me assusta o hiato em que estamos. Sim, estamos em uma crise. Sim, os tempos são difíceis. Sim, temos instabilidade política e econômica. Sim, temos insatisfação e descrença. Mas isso é suficiente para adiarmos constantemente os momentos felizes? Paramos de torcer por nossos atletas, não nos alegramos mais com nada, só vamos às ruas para reclamar, já há quem fale que não precisamos mais nem do carnaval.

Sinto saudades dos exageros que marcaram nossa fama de brasileiros e que hoje parecem abafados por uma melancolia coletiva. Sinto falta de sermos o país pacífico do futebol, da irreverência, do riso solto, do bom humor, da hospitalidade, da alegria, do samba e do carnaval...

Subitamente nos tornamos uma nação amarga, ressentida, que investe seus dias olhando e lamentando o copo meio vazio. Espero que isso mude.

Que me desculpem aqueles que preferem ver o mundo adernando, os que nutrem um pessimismo com nuances de segunda geração romântica. Eu prefiro colecionar experiências luminosas. Quero o simples direito de viver um período leve, positivo, cheio de esperança. E este ano quero fazê-lo no nosso país, com este sol maravilhoso permitindo as brincadeiras na piscina, com nossos frangos caramelizados, nossos pobres “Papais-Noéis” suados, nossas casas cheias com a “grande família” e os amigos. E quero fazê-lo sem culpa. Quero fazê-lo porque vejo o copo meio cheio. Porque vejo progresso em muitas coisas, desenvolvimento e conquistas que não perderemos.

Que bom que as árvores estão surgindo...Que bom que a decoração começa a aquecer e aconchegar os sonhos...Que bom que o espírito de paz, união e amor parece romper a desesperança e lembrar a todos que ser feliz com as pequenas coisas não é só possível, mas necessário.

Que bom que não cancelaram o Natal!

_______________

*Alessandra Raffo Schneider é VP Jurídico, Regulatório e Comercial da Suzlon Energia Eólica do Brasil e membro do Jurídico de Saias.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Artigos Mais Lidos

Do “super” cônjuge ao “mini” cônjuge: A sucessão do cônjuge e do companheiro no anteprojeto do Código Civil

25/4/2024

Domicílio judicial eletrônico

25/4/2024

Pejotização: A estratégia que pode custar caro

25/4/2024

Transação tributária e o novo programa litígio zero 2024 da RFB

25/4/2024

Burnout, afastamento INSS: É possível?

26/4/2024