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A imagem do advogado nas mídias sociais

A comunicação humana é essencial, e na advocacia, ela evolui com a tecnologia. Advogados devem equilibrar informalidade nas redes sociais com ética e profissionalismo.

14/3/2025

Pode-se dizer que a necessidade de comunicação para o ser humano é nata.

Os primeiros registros mostram que os homens das cavernas se comunicavam por meio de sinais, gestos e sons – e quem já teve filho, sabe bem como isso funciona. Já as pinturas rupestres em cavernas, datadas de 15.000 a.C., são os primeiros registros da escrita.

Feito esse breve registro histórico, temos duas questões. Quanto dessa comunicação pré-histórica nós praticamos atualmente e qual a relação disso com a advocacia?

Esse texto tem a pretensão de traçar um caminho para as respostas.

Arrisco a dizer que tudo o que fazemos tem o propósito de comunicar algo a alguém. Senão vejamos. O corte de cabelo, a roupa, a música, o semblante e até mesmo a cor do esmalte ou batom, são formas de comunicarmos nossos sentimentos, preferências e humor. Isso sem dizermos uma única palavra.

É difícil imaginar que um jovem com fones de ouvido, vestindo calça jeans, botas, jaqueta com alfinetes, cabelos coloridos e balançando a cabeça freneticamente – vejam aí a comunicação das cavernas – esteja “curtindo” uma música clássica, não?!

Com o desenvolvimento da comunicação e seus suportes, regras foram criadas e vêm sendo atualizadas, como por exemplo, a recente mudança sobre a publicidade e a propaganda da advocacia.

Dentre as novas permissões dadas pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, está a participação dos advogados na internet ou nas redes sociais.

A tecnologia transformou o celular num conglomerado de comunicação. Nele, é possível se fazer um jornal, uma revista, programas de rádio e TV e transmiti-los ao vivo.

Além dessas possibilidades contemporâneas, existem os aplicativos que estão “bombando”. O Instagram, com o reels, e o TikTok. Nesses ambientes em que o público predominante tem entre 18 e 24 anos, os operadores do Direito se sentem à vontade para falar de maneira descontraída, informal e sem o “juridiquês”.

É notório e louvável que esses espaços contribuem para tornar a linguagem jurídica mais acessível. Mas como disse meu colega de agência, Marcio Santos, em seu recente artigo “Você sabe com quem está falando?”

…O advogado é, por natureza, um comunicador e, constantemente, desafiado a exercitar o seu poderio argumentativo. Precisa, necessariamente, se valer desta ferramenta com maestria para atuar junto aos diversos públicos, palcos e conquistar o êxito em suas ações – de forma verbal ou não verbal.

Mas vale destacar que, segundo o Código de Ética e Disciplina da Advocacia, a participação do advogado nas redes sociais não pode comprometer a dignidade da profissão e da instituição que o congrega.

O advogado, ao se apresentar pelas redes sociais, não precisa ter a formalidade do tribunal. Mas não deve se deixar levar pela jovialidade e descontração de um aplicativo.

Roupas, acessórios, maquiagem, filtros, trejeitos e o ambiente da gravação, por exemplo, podem dizer muito mais do que se imagina.

O assessoramento de profissionais de comunicação pode auxiliar nesse equilíbrio entre o verbal e o não verbal.

Mas, independentemente, vai a dica de ouro: bom senso e coerência.

Jonas Aguilar
Jonas Aguilar é jornalista e assessor de imprensa da M2 Comunicação Jurídica.

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