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CID I50 e cardiopatia grave: Quais são os tipos e direitos?

A cardiopatia grave pode gerar direito a benefícios como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, BPC e isenção de IR, desde que comprovada por perícia médica.

24/6/2025

As doenças do coração estão entre as principais causas de morte no Brasil, sendo responsáveis por cerca de 30% dos óbitos anuais. Entre elas, a insuficiência cardíaca (CID I50) é uma das mais graves, pois dificulta atividades simples do dia a dia, como caminhar ou subir escadas. A boa notícia é que quem tem problemas cardíacos graves pode ter direito a benefícios como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e até isenção de impostos.

Neste conteúdo, você vai entender o que é uma cardiopatia grave, quais são os tipos mais comuns, como o INSS avalia essas condições, quais benefícios podem ser solicitados e como funciona o processo. Continue lendo e tire suas dúvidas!

O que é cardiopatia grave?

A cardiopatia grave é um termo que abrange várias condições que afetam a função do coração, podendo ser tanto temporárias quanto permanentes. Essas doenças podem afetar outros órgãos e causar sintomas debilitantes, como:

As causas podem estar ligadas a problemas cardíacos já existentes, como infarto, angina instável e alterações nas válvulas do coração. Também pode ser consequência de condições congénitas ou infecções que inflamam o músculo cardíaco, como a miocardite.

O tratamento varia de acordo com a gravidade do caso e pode incluir medicamentos, mudanças no estilo de vida, procedimentos cirúrgicos ou, em situações mais graves, transplante cardíaco.

Qual é o CID da cardiopatia grave?

As cardiopatias graves podem ser classificadas por diferentes códigos da CID, de acordo com o tipo e a gravidade da condição. Os principais são:

Cada uma dessas doenças pode levar a complicações graves que justificam a concessão de benefícios por incapacidade do INSS.

Quais são os tipos de cardiopatia grave?

As cardiopatias graves podem ser classificadas de acordo com sua evolução e gravidade. Dependendo da progressão da doença, elas são divididas em quatro categorias principais: cardiopatias agudas, cardiopatias crônicas, cardiopatias crônicas agudizadas e cardiopatias terminais. Confira as características de cada tipo:

Cardiopatias agudas

As cardiopatias agudas surgem de maneira súbita e costumam causar sintomas intensos, exigindo atendimento médico imediato. Algumas das principais condições desse grupo incluem:

Cardiopatias crônicas

São doenças que se desenvolvem ao longo do tempo, podendo piorar gradualmente e exigir acompanhamento médico constante. Entre as mais comuns estão:

Dependendo do grau, podem levar à insuficiência cardíaca;

Cardiopatias crônicas ou agudas

Algumas cardiopatias podem se manifestar tanto de forma crônica quanto aguda. Isso significa que a doença pode estar presente há anos, mas pode piorar de repente e se tornar uma emergência. Exemplos:

Cardiopatias terminais

Ocorrem quando o coração está gravemente comprometido e os tratamentos convencionais já não surtem efeito. Nesses casos, o transplante cardíaco pode ser a única opção. Entre as principais doenças nessa fase estão:

O que é cardiopatia grave para o INSS?

Para o INSS, cardiopatia grave é qualquer problema sério no coração que dificulte ou impeça a pessoa de trabalhar. Embora não exista uma lista exata de doenças, o médico do INSS vai avaliar se o problema no coração é grave o suficiente para causar invalidez.

Essas condições podem incluir doenças como insuficiência cardíaca grave, arritmias ou problemas nas artérias do coração, por exemplo. O INSS vai analisar exames médicos e relatórios para entender o impacto da doença na vida profissional da pessoa.

Se a doença for considerada grave, a pessoa pode ser afastada do trabalho por um período determinado ou até se aposentar, caso a doença seja irreversível.

Cardiopatia grave (CID I50) dá direito a aposentadoria por invalidez?

Sim, a cardiopatia grave pode garantir o direito à aposentadoria por invalidez, mas isso depende da avaliação médica do INSS. O segurado precisa passar por uma perícia médica, onde será analisada a gravidade da doença.

Caso seja constatada invalidez permanente, o trabalhador pode receber o benefício. Para isso, é essencial ter a documentação médica detalhada, como laudos e exames que comprovem a extensão da doença e como ela afeta as atividades no trabalho da pessoa.

É importante destacar que, no caso de doenças graves como a cardiopatia, o INSS isenta a exigência de carência de 12 meses, facilitando o acesso ao benefício, mesmo que o segurado não tenha contribuído por esse período.

A cardiopatia grave dá direito a outros benefícios além da aposentadoria?

Sim. Além da aposentadoria, quem sofre de cardiopatia grave tem direito a outros benefícios que garantem suporte financeiro e assistência durante o tratamento. Confira os principais:

Auxílio-Doença

Quem é diagnosticado com cardiopatia grave pode solicitar o auxílio-doença se estiver incapaz para o trabalho por um tempo determinado. Para doenças graves como a cardiopatia, não é necessário ter contribuído por 12 meses, conforme a lei 8.213/1991. O valor do benefício é calculado com base na média dos salários de contribuição, garantindo que a pessoa tenha uma renda enquanto estiver afastada do trabalho.

BPC/LOAS - Benefício de Prestação Continuada

A LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social garante que pessoas que nunca contribuíram ao INSS, mas se encontram em situação de vulnerabilidade social, possam acessar esse benefício assistencial. O BPC/LOAS, oferece um salário-mínimo mensal a idosos acima de 65 anos e a pessoas com deficiência, independentemente de contribuições anteriores ao INSS.

Dessa forma, indivíduos com cardiopatia grave, que não têm condições de se sustentar, podem ser elegíveis para o BPC, desde que comprovem a incapacidade de prover o próprio sustento e atendam aos requisitos de vulnerabilidade social.

Isenção de imposto de renda

Pessoas que recebem aposentadoria ou pensão do INSS por cardiopatia grave podem ter a isenção do imposto de renda sobre esses benefícios. Isso quer dizer que o valor recebido não será reduzido pelo imposto. Para conseguir a isenção, é preciso:

  1. Comprovar a doença: apresentar laudos médicos que comprovem a limitação e gravidade da doença;
  2. Comprovar o benefício: documentos que mostrem o recebimento da aposentadoria ou pensão;
  3. Fazer o pedido: acesse o site ou app Meu INSS, entre com CPF e senha, clique em “Novo Pedido”, digite “Isenção” e siga as instruções.

Pensão por Morte

Caso o trabalhador com cardiopatia grave venha a falecer, seus dependentes podem ter direito à pensão por morte. Esse benefício assegura que a família do segurado receba um pagamento mensal após o falecimento.

Reabilitação profissional

Para aqueles que estão em recuperação ou têm a doença controlada, o INSS oferece programas de reabilitação profissional. Esses programas ajudam o trabalhador a se adaptar a novas funções ou atividades, permitindo que ele continue trabalhando, mesmo com as limitações causadas pela cardiopatia.

Quais doenças do coração dão direito à aposentadoria?

Algumas doenças cardíacas podem causar invalidez total e permanente para o trabalho e, quando são irreversíveis, podem dar direito à aposentadoria por invalidez. Entre as principais condições estão:

Essas doenças do coração podem ser elegíveis para solicitação de aposentadoria, desde que comprovada a invalidez por meio de perícia médica realizada pelo INSS.

Conclusão

A cardiopatia grave inclui várias doenças que afetam o coração, como insuficiência cardíaca (CID I50), infarto agudo do miocárdio (CID I21) e arritmias graves (CID I47 e I48). Essas condições podem prejudicar a qualidade de vida, levando ao afastamento temporário ou permanente do trabalho devido aos sintomas. Por isso, é possível obter benefícios do INSS, como o auxílio-doença, para afastamentos temporários, ou a aposentadoria por invalidez, quando a doença é irreversível. Em casos de cardiopatias graves, o INSS não exige carência de 12 meses.

Para solicitar esses benefícios, é necessário estar inscrito no INSS e apresentar documentos adequados, como exames médicos e laudos que comprovem a gravidade da doença. O laudo deve incluir o CID, que especifica o diagnóstico e a gravidade da condição. Se o CID ou a documentação estiverem incorretos ou incompletos, o benefício pode ser negado.

Se você nunca contribuiu para o INSS e está em situação de vulnerabilidade, pode solicitar o BPC/LOAS, que garante um salário-mínimo mensal. Nesse caso, será necessária uma perícia médica do INSS para avaliar a saúde e a situação financeira.

Se o benefício for negado, é possível recorrer pelo Meu INSS. Caso prefira, um advogado especializado pode te auxiliar na organização da documentação. Muitas negativas acontecem por falta de documentos ou por erros no processo. Com a ajuda desse profissional seu pedido será feito corretamente, isso evitará problemas e garantirá que seus direitos sejam respeitados.

André Beschizza
Dr. INSS. Advogado, sócio-fundador e CEO do André Beschizza Advogados (ABADV) especialista em direito previdenciário, bacharel em direito pela FIPA (2008), Catanduva-SP. Especialistas em INSS.

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