Desde o dia 1º de julho de 2025, todos os tribunais brasileiros que não possuem sistema próprio passaram a ser obrigados a adotar o Sisperjud - Sistema Nacional de Perícias Judiciais, criado pelo CNJ. A medida representa um marco na modernização da prova técnica no país e altera, de forma significativa, a forma como peritos judiciais e assistentes técnicos atuam nos processos.
Muito além de uma mudança tecnológica, o Sisperjud sinaliza uma nova cultura processual. Ele centraliza informações, padroniza fluxos, acelera o cumprimento de prazos e permite o controle da atuação pericial com mais rigor e transparência. Isso afeta não apenas os profissionais do Judiciário, mas também as empresas envolvidas em litígios que dependem de laudos técnicos para o desfecho de disputas.
A perícia, até hoje, foi vista por muitos como uma etapa lenta, sujeita a interpretações subjetivas e vulnerável à falta de uniformidade entre varas e tribunais. Com a entrada em vigor do Sisperjud, ganha força um modelo mais técnico, mais rastreável e, sobretudo, mais exigente. A seleção de peritos passa a considerar critérios objetivos, os prazos ficam mais controlados e os relatórios precisam seguir padrões estruturais definidos, inclusive quanto à fundamentação e apresentação dos cálculos.
Para os assistentes técnicos, o impacto é ainda mais direto. A atuação se torna mais estratégica: é necessário compreender os parâmetros do sistema, antecipar informações técnicas, contribuir com quesitos precisos e preparar relatórios que dialoguem com o formato exigido pelos peritos cadastrados. O trabalho de perícia e contraperícia não pode mais ser improvisado, como alguns realizavam. Exige preparação metodológica, domínio das ferramentas digitais de suporte e uma equipe ainda mais especializada.
Essa transformação é especialmente relevante para as empresas envolvidas em litígios societários, disputas contratuais, arbitragens ou processos de recuperação judicial, onde a prova pericial é determinante. O novo sistema não apenas muda a forma como os laudos são elaborados, mas também impacta a estratégia processual, o timing das decisões e a própria estrutura de argumentação técnica
“A perícia é o eco técnico da justiça.”, a frase, cujo autor desconheço, mas é comumente citada, reflete com precisão o papel que os laudos assumem neste cenário: mais do que provas auxiliares, instrumentos estruturantes do processo decisório.
A perícia judicial deve ser vista como parte estratégica da empresa. Escolher o assistente técnico certo, preparar os documentos com profundidade, formular quesitos relevantes e acompanhar ativamente a produção da prova são ações que podem ser determinantes para o sucesso ou fracasso nas disputas que envolvam temática essencialmente técnica.
O Sisperjud não é apenas uma inovação, é um convite para que empresas e profissionais se adaptem, com excelência e visão estratégica, ao novo padrão de exigência.