A defesa do ex-juiz Sergio Moro encaminhou pedido ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, para que duas entrevistas de Bolsonaro sejam anexadas ao inquérito que apura a suposta interferência do presidente na PF.
Bolsonaro deu entrevista a dois veículos de comunicação e acusou Moro de não ter interferido no Coaf e na Receita Federal a fim impedir a investigação sobre a rachadinha de seu filho Flávio e de sua mulher Michelle.
Ao jornal Gazeta do Povo, o presidente afirmou o seguinte:
“Eu sempre dizia na reunião de ministros: ‘Eu não quero ser blindado por nenhum de vocês, entendeu, Sergio Moro? Eu não posso admitir é ser chantageado, entendeu Sergio Moro? Assim era comum acontecer. E esse cara não fez absolutamente nada para que Coaf, para que Receita, não só bisbilhotasse a minha vida, como a de milhares de brasileiros. Que isso nos atrapalha. Você pode investigar o filho do presidente? Pode. A mulher do presidente? Pode. Mas investiga legalmente, com uma acusação formal. O próprio presidente, eu posso ser investigado, sem problema nenhum, mas não dessa forma como eles fazem.”
Para o jornal O Antagonista, Bolsonaro afirmou que já pretendia demitir Moro no início de seu governo:
“Eu queria mandar ele embora lá atrás, mas como ele tinha um prestígio muito grande, ficava difícil justificar a demissão dele. Tanto é que na mídia social era comum: ‘Moro no Supremo, Dallagnol na PGR. Ou então não tem a reeleição’. Era um negócio terrível.”
Nos autos do inquérito 4.831, a defesa de Moro pede que essas reportagens sejam anexadas no processo “sobre pontos que são de relevância para as investigações levadas a efeito neste apuratório”.